quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Confissões de Uma Pista de Dança -- Isolando o Y da Questão:

Olá Diamantezinhos! Hoje acordei meio nostálgico. Deve ser efeito das balas e da falta de fé.
Enfim, vou resumir tudo que puder hoje.
Pronto ou não, aqui está tudo que vocês precisam entender.
Ponho fim a uma fase.
Estourem o champanhe e me dêem um banho com ele.



A primeira coisa que ele disse foi: “nossa, como somos parecidos!”. Ta bom, essa não foi a primeira coisa, mas é a primeira de que me lembro. Ao ouvir isto, pensei “mas ele nem me conhece!”. Quem diria, ele tava certo. Não sei como, e nem por que, mas desde as primeiras conversas eu também senti isso. Não, eu senti ainda mais. Me senti tão atraído que estava quase agindo como um bobo. Passei a citá-lo em minhas conversas com amigos. Dia após dia conversávamos. Ele se tornou parte da minha rotina.

Começamos a descobrir muitas coisas em comum. E nossos diálogos diários passaram a ser necessários. Quando não conseguíamos conversar, ao menos trocávamos SMS de bom dia, boa tarde, boa noite... Começamos a criar um elo, despercebidamente.

Não tocávamos num único assunto: relacionamento amoroso, afinal ele namorava, e eu respeitava isso. Por vezes senti ciúmes do seu namoro, mas nunca comentei. Não me sentia nesse direito. Mas pouco a pouco, senti que as investidas (tímidas e por vezes inconscientes) que eu sobrepunha nele, eram retribuídas.

Numa tarde, numa conversa como outra de rotina, algo saiu do controle. Declarei meu interesse, dizendo que se ele não fosse comprometido, seria o tipo ideal pra mim. Sim, eu fui muito ridículo. Após declarar, me senti o maior dos idiotas. Ele não respondeu nada. Me senti magoado e desprezado, algo como uma legítima dor de cotovelo.

Com o passar das semanas, continuamos a conversar de forma igual, como se nada houvesse acontecido. Nada mudou (aparentemente). Vez que outra discutíamos por razões bobas. Até que numa noite, ele me contou que terminara sua relação, e que estava livre (acho que foi uma indireta). Ele desabafou falando que havia mantido-a por comodismo. Que não havia amor. Eu o consolei. Futilmente, admito.

Nosso relacionamento perdurou. E as brigas também. Ele me chamava de orgulhoso, bipolar e teimoso. Eu o acusara de não ter atitude, ser dispersivo e medroso. Ora, na verdade ambos éramos inseguros. Tínhamos tudo para ficarmos juntos, mas vários conceitos e brigas começaram a ruir os alicerces que havíamos construído.

Então marcamos um encontro. Passamos a tarde juntos. Neste tempo, tudo foi perfeito. Parecíamos ter encontrado a solução pra todos os problemas. A esta altura, eu sentia mais do que carinho. Eu era feliz por gostar dele, e sentia o mesmo vindo dele.

Pena que tudo durou tão pouco. Nem que quisesse poderia detalhar os próximos acontecimentos, então vou resumi-los numa palavra: Turbulência. Uma série de desentendimentos surgiram e abalaram tudo. Senti tristeza, decepção, raiva, medo e tudo mais que pude identificar.

Apesar de todas as brigas e do óbvio afastamento, o sentimento por ele, desde a nossa primeira conversa continuava a crescer dentro de mim. Eu não sei se não lutei o suficiente pela gente. Mas isso me doía muito. Percebi que tudo tinha seu preço. E eu acho que não paguei com a moeda certa. Não sabia mais como lidar com essa situação, resolvi então afastar-me por completo dele. Buscar outros amores e fingir que ele não passara de uma decepção qualquer, e que logo seria superado.

Tive certeza de que havia conseguido matar este sentimento dentro de mim. Mas se vocês leram os posts anteriores, sabem que eu não consigo matar nada.
Quem me dera ser um bom assassino...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Confissões de uma Pista de Dança -- Engolir pra Depois Mastigar:

O jogo começa. Simultaneamente aposto tudo numa só jogada. Eu sou assim, odeio esperar horas pra ter um resultado. Já vou logo pro tudo ou nada. Nem preciso dizer que já perdi muita coisa com essa impulsividade né?! Mas comigo é assim mesmo. A primeira jogada define a última. Seja o que for só o que importa é a vitória. Eu não entro pra perder. Mas a derrota, em alguns casos, é uma conseqüência de vários erros, que por vezes, se limitam a apenas um movimento errado. Mas de repente, a aposta sabe. Tu não consegue parar. E é como uma masturbação sem fim. Mas não esqueça que quanto maior for a aposta, maior poderá ser a perda.

Ah e não pense que aquele lance de “azar no jogo, sorte no amor” é verídico. É só mais um mito que te contam pra tentar justificar toda a droga que tu vive. E isso é ser um jogador. Desafiar-se até chorar a última navalha que consiga cortar suas pálpebras.

Vocês devem estar lembrados dos meus últimos lamentos né? Eu ainda to naquela fase inconstante. Não tenho muito que dizer sobre mudanças. Ainda não achei o que procuro. Minha mente ainda dói. O coração mais ainda.

Lembram do Y1? Ele disse que sou tão bipolar que o amor que sente por mim deve se alimentar do seu ódio. Fiquei confuso de principio, mas pensei melhor e talvez ele esteja com a razão. Sou imprevisível, cabeça dura e um iceberg de olhos castanhos. Mas meus dois pólos, sejam eles quais forem, já tentaram eliminar um ao outro. Eu juro que escolheria só um se pudesse, mas não sei qual lado comprar. E eu só queria que ao menos um deles fosse bom o bastante. Bom pra alguém. Queria que todas essas atitudes errôneas servissem pra algo que não fosse destruir tudo que eu toco. E apesar de toda essa gente não valer mais do que um brinde, enquanto embriagado, de alguma forma eu me sinto bem por ser o centro das atenções pra eles. Pelo menos assim eu quase me sinto algo melhor do que um brinquedo na estante.

As pessoas têm comentado meu aparente sumiço. Não é que eu não esteja lá. Eu simplesmente não quero estar em lugar algum. Mas quando fecho os olhos, vejo todas as brigas que tive com o Y1. Cada palavra que não devia ter dito. Cada “NÃO” que afirmei futilmente enquanto meu coração se rasgava de orgulho. Cada arrependimento. Toda aquela ira que se convertia em saudade. Tudo aquilo foi um veneno que se espalhou rápido demais. Uma toxina que se impregnou de tal maneira que até hoje sinto ela percorrer minhas veias. Talvez seja por isso que eu uso tanta porcaria...

O R. me disse que pra acabar com uma dor, deve-se causar uma outra mais forte ainda. Alguém me indica algo mais forte que remorso e saudade?

É por isso que eu detesto servir de exemplo. Não sou aquele garoto bondoso que todos esperam. Nem tenho uma religião pra usar como escudo. Alguns até já me chamaram de satanista. Eu não tenho que provar nada pra ninguém. Mas se algo/alguém mais forte que um porre de uísque puder me ouvir, ficaria grato com uma noite de sono em paz.

E o J. perguntou: “Com o que você sonha?”
E eu só disse: “Eu quase chego a desejar todos aqueles momentos ruins de volta, só pra ter os bons também”.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Confissões de Uma Pista de Dança -- Fim do Sonho Adolescente:

Sabe quando alguém atinge teu ego violentamente e faz com que tu se sinta um total fracasso? Fica uma cicatriz difícil de ser curada. Só o que você passa a aceitar, é o fato de você ser feio e incapaz de conquistar alguém. Até aquela última chama que tentava ascender dentro de você, que dizia que algum dia alguém te notaria e te amaria como você sempre sonhou, parece inebriadamente extinguir-se para sempre. Eu to nessa vybe agora. Nenhuma festa consegue subtrair esse remorso vaidoso que me devora a autoestima. E eu não tenho ninguém pra compartilhar toda essa bad trip.

Eu to tentando reconstruir cada pedaço que se esfarelou com o tempo. Olho para o espelho, e é como se eu visse todos os monstros do passado retornando para uma suculenta vingança. Eu pensei que já tinha superado todo aquele ímpeto de patinho feio, mas parece que quem nasce com uma perspectiva ingênua de romper com a futilidade, está fadado ao mais cruel destino solitário. Parece que ninguém percebe que eu posso ser bom. Eu já melhorei muita coisa pras pessoas erradas. Achei que agora tava na hora de ultrapassar essas paredes que me cercam.

Mas no final das contas nada muda, e ainda que mudasse ninguém se importaria. Depois ainda vem alguém criticar meus hábitos boêmios e/ou dizer aquelas frases piegas de auto-ajuda. Danem-se! Não to precisando de piedade. Só quero respostas sinceras.

Agora até entendo o E. Quando não se tem mais pra onde correr, e as portas meio que se fecham pra você, tudo que se pode fazer é se contentar com o que tem. Mas e se eu não tiver nada? E se eu só quisesse alguém pra me ouvir? E se eu só quisesse uma prova de que o amor existe, de que isso não é apenas papo furado de poeta? Então diamantezinhos, me mostrem pra onde devo ir, porque eu to precisando de um porre agora.

Essa droga toda saiu do controle. Parece que não tem mais volta. Nem solução. Se alguém me perguntar por que estou de braços cruzados, terá a resposta: “To rezando pra que uma overdose venha do passado e acabe com isso logo!”

E olha que eu nem to sendo dramático... Eu não sei o que será de mim hoje ou amanhã, mas quando for possível, voltarei aqui pra falar do meu choque de realidade.



Mas e quando a última página do livro é lida e relida, até que se esgote a esperança, o que resta?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Confissões de Uma Pista de Dança -- Nem Todo Felino é Gato:

A vida não é uma festa, mas se fosse me ajudaria a relaxar. Ao contrário do que pensam, eu não vivo pelas festas, elas que vivem comigo. É uma atração perigosa que ainda renderá muitos contos que citarei futuramente. Por enquanto, vou me abster apenas à última noite, que citei na passagem anterior. Numa festa, ninguém julga os outros (bem, ao menos não imediatamente). Nós só queremos nos divertir. E no momento, as roupas e atitudes do pessoal são indiferentes. Essa análise fica pra quando nos curarmos da ressaca (principalmente a moral).

E podem criticar o quanto quiser, mas eu não sou o único que não quer assumir responsabilidades. Eu até poderia te fazer derreter (ou ferver), e isso só dependeria de quanto você me pagasse.

Quando eu comecei tudo isso, eu afirmava veementemente que jamais seria como eles. E hoje ainda afirmo. Mas no fundo, sei que não somos tão diferentes. Claro que cada um tem seu jeito próprio de lidar com a decepção. Bem, eu finjo que ela nunca existiu. Eu posso não ser perfeito por isso e por tantos outros motivos, mas já ouvi algumas preces que imploravam meu amor. Tadinhos... Mal sabem que meu amor é fogo que não queima! Mas guardarei este assunto pra outro momento mais apropriado.

Como prometido, iniciei uma sequência de vários planos mirabolantes pra enjaular o Y1 (assim chamarei o alvo 1). Se tu me conhece, sabe que eu penso demais. Pra mim não existe teoria da conspiração. As coisas realmente são interligadas e fazem com que tu acredite em coincidências. Não se engane! Às vezes um gatinho manhoso é um leão em festa de Halloween. Mas às vezes não.

E o Y1 certamente é um gato se afogando na própria tigela de leite que eu preparei.

Se tem algo que eu tento não ser, é hipócrita. Lógico que beleza é fundamental. Mas quem disse que há uma regra pra ser belo? Bem, eu gosto de ousadia. Personalidade. Estilo. Pra mim isso supera o belo, fisicamente falando. Mas o Y1 não tem nada disso! Eu nem sei o que gosto nele. Sabe quando você vê um brinquedo totalmente idiota, mas que te dá vontade de testá-lo mesmo assim? Eu testei... E gostei. Vá em frente, pode me chamar de idiota.

Enfim, ele me disse coisas que eu já devo ter escutado em algum seriado modista de adolescentes problemáticos, mas ainda assim, parecem poesias dignas de Carlos Drummond de Andrade. Ele me engana com sabor de ingenuidade. E eu finjo estar na dele. Gosto de ver até onde as coisas podem ir. O F me disse pra tomar cuidado, mas ele não é muito bom com assuntos amorosos. Muito menos é um exemplo casto.

Passaram-se alguns dias desde aquela festa. Uma noite regada com aroma de vingança e alívio. Afinal, quem se vinga com culpa? Certamente um fraco. Um despreparado. Eu não sei, mas na certa quem se diz estar numa boa vybe não adere uma conduta tão fulgaz, né?!

Deixei um recado no bolso do Y1 naquela noite. Queria estar lá pra vê-lo pondo as garrinhas de fora e se flagelando todinho. Mas acho que me perdi numa outra tigela de leite noite a fora.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Confissões de uma Pista de Dança -- Vômito pela Realidade:

Hoje quando eu acordei, eu só tinha uma certeza: eu meio que o amava. Ta bom, isso não é nenhuma certeza. Mas minha vida sempre foi de falsas expectativas. E só o que importa pra essas pessoas, é quem eu finjo ser.

Vamos lá, eu tinha prometido ser um garoto de ouro, mas assim como no natal, o álcool me deixa melancólico. Só o que lembro da última noite é a seguinte frase: “ele ta de volta!”.

Sabe, nesse mundo, beleza e estilo ditam todas as regras. Nem aquele garoto que tinha tinta escorrendo pelo rosto sentado numa banheira é mais o mesmo. Hoje talvez ele esteja todo vomitado num corredor confuso. Eu aprendi muito com essa sujeira toda. Pra lidar com ela, não basta jogá-la pra debaixo do tapete. Acredite, sempre haverá uma ‘brisa’ que arrastará ela de volta pros seus pés. Mas as coisas não são tão radicais quanto dizem. O passado pode sim ser esquecido. E ninguém é tão superficial quanto aparenta. Ta legal, exceto aquela guria de vestido roxo de ontem. Aquela sim é só uma vadia descontrolada. E pra quem ta chegando agora nisso tudo, pode até se assustar com algumas luzes e uns refrões desafinados, mas com o tempo você perde o senso crítico. Acredite, qualquer ovelha será colorida e saltitante o suficiente...

Dias atrás eu prometi pra minha mãe que pararia com isso tudo. Mas todos sabem que eu não faço promessas. Tampouco as cumpro. Sei que ela desconfia disso.

Desde a última vez que lambi aquele crucifixo e rasguei os pulsos numa tentativa frustrada de parar com aquele formigamento que me corroia, ela ficou mais atenta (apesar de fingir que fora acidental). É mais fácil acreditar nisso do que achar que eu faria propositalmente. Eu tenho minhas dúvidas... Mas falando daquela sensação estranha, ela retorna constantemente. É meio que uma obsessão.

Sabe, quando tu tenta atravessar a rua mas os carros não param, dá vontade de arriscar tudo pra ser mais rápido. Afinal, neste mundo, tempo é tudo, e hora ou outra tu tem que se debater com fantasmas que já deviam estar mortos – mas tu não consegue ignorá-los.

Quando parei pra analisar toda aquela gente, pude observar fatos inoxidáveis: sempre haverá um metido a sabichão, um novato tentando bancar o descolado (mas no fundo só quer correr pro seu ursinho amarelo com estampa de arco-íris no peito), pessoas que acham que tem o mundo para si porque são lindas, e um viciado mais perdido que andrógena em igreja católica. O lado bom? As coisas começaram a mudar. Alguns já perceberam que eu não sou mais aquele garotinho perdido. Até tentam reatar uma intimidade que nunca tivemos. Mas também não vou bancar o maduro e responsável. Eu devia ter dado um fora mais convicto naquele ruivo ontem. Ou era loiro? Sei lá. Às vezes não consigo dizer não. Foi assim que eu parei num ménage à trois, disse a T. talvez ela esteja certa, eu me torno vulnerável á noite.

Nossa, se ao menos minha cabeça não doesse tanto... Bem, tenho que ver as repercussões de ontem e partir pra cima do alvo n°1. Ta bom desculpa, meu instinto manipulador ta gritando. Mas aonde estamos, dizem que quem corre primeiro é o único que se salva. Enfim, amanhã conto mais detalhes. Só o que posso adiantar, é que eu meio que o amava mesmo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Arrasador de Corações -- Arrasador de Castelos:

“Achei ter fechado todas as portas. Pensei ter selado a fortaleza e assim aprisionado tudo isso no esquecimento. Mas ele consegue me ver. Ele vê através da máscara e ainda assim não vai embora. Isso seria encantador... se não fosse tão assustador!”


Quando corri em direção ao sol, aquela imensurável mancha escura engoliu meu coração. Em princípio, vi-me em completo desalento. Num rápido piscar de olhos, vi o mundo ao meu redor se desfigurar. Ele ficou mais ou menos assim: o chão era feito de pedaços de sonhos não concretizados. Eles ressoavam uma canção fúnebre, e quem nele pisava, extraía uma porção de visões. Visões que com o tempo tornavam-se tão reais que te carregavam pro fundo de um cemitério. Sonhos inacabados e espremidos viraram folhas rasgadas e soltas na tempestade.

Havia um imenso castelo. Nele, uma biblioteca infindável. Os livros perderam as letras, e as páginas foram manchadas de tinta anil. Corredores intercalavam os tempos e um banquete farto de lembranças mortas era servido pontualmente às 19h00min horas de todas as quintas-feiras.

Soldados carregando espinhos pela face e amarguras púrpuras na alma, marchavam infinitamente sob a terra. A vegetação era cristalina e os rios borbulhavam rubros corpos que não aguentaram a falta de justiça.

Eu era um rei confuso e ganancioso. Mas tudo saiu do controle quando tive o sol em minhas mãos. Aquele pequeno momento foi o suficiente pra desnortear todas as coisas que batiam dentro de mim. O reinado se desmanchava em pilares de areia e eu gritava como uma criança assustada. Ninguém ouvia.

Nos calabouços, uma rebelião aclamava o fim de um império falho. Durante à noite, enquanto as torres adormeciam, e a marcha de ferro dos soldados estremeciam os diamantes, corri. Abandonei tudo e livrei a todos.

Quando corri em direção ao sol novamente, pedia com todas as forças que alguém me parasse. Acordei em meio a uma tempestade que pôs fim a tudo.

Ao longe, pude seguramente avistar tudo desmoronar. Menos ele. Em meio a toda aquela destruição ele pegou minha mão e soprou meus cabelos. Meu coração de fato fora consumido. Ele retirou do bolso uma carta, amassada como meu juízo, e entregou-me em mãos.

Ao longe, o vi desaparecer.

Às vezes quando o passado retorna com tal força, põe em dúvida toda uma vida. Em questão de segundos eu desejei arrancar aquela máscara dezenas de vezes.
Mas às vezes o amor dura, e noutras ele se transforma em lembrança e te tortura eternamente, até não restar um tijolo sequer do teu castelo. E só o que você pode desejar, é não resistir.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Arrasador de Corações -- Suicídio em Diamante:

Juro que tentei, mas essa história de amar é uma tendência autodestrutiva. Um diamante delineado pela dor. E eu sempre fui uma criança fraca bancando o super-herói. Mas certa hora, que não mais recordo, perdi o controle. Quando o medo alia-se à melancolia, correr para o canto do quarto e encolher-se até a dor sumir parece uma saída reconfortante e ideal. O problema é que a dor não parou e quando percebi, os espinhos estavam enterrados na minha pele. Aquela sombra longínqua como uma estrela abrasiva me consumiu e a solidão ajudou a me destruir. Eu juro que tentei, mas os diamantes são irresistíveis...

Eu não faço promessas. Tampouco as cumpro. Meus dias passaram, e com eles se fora minha vida. Eu poderia contar dezenas (talvez centenas) de vezes que quis chorar abafado em meus lençóis, mas meu inabalável orgulho me impediria. Eu queria mutilar cada parte que me afugentava e me separava de ser feliz. Eu até cuspiria no que restasse. Mas eu nunca consegui. Minha insistente defesa (e moral) tornou-me um objeto distante. Eu não tinha mais a quem pedir socorro... Nem perdão. Foi aí que resolvi escrever esta carta. Ela me incomoda tanto quanto escrever nas últimas linhas da folha. Sei que é uma atitude clichê, mas há algo mais piegas que amar?

Beleza sempre será a resposta pra tudo. Não adianta fingir. Eu não era suficientemente belo. Apesar disso, sempre tentei acreditar que ter bom caráter e personalidade instigante seria o bastante. Ora, dane-se! A quem eu tentei enganar? Nem um Best seller me tornaria atraente. Eu só queria ser lapidado, mas me disseram que diamantes também são falhos.

Então apelei para overdoses que desse um fim rápido. Até tentei uma embriaguês em blasfêmia. Tanto faz, eles nunca me entenderiam mesmo! Todo esse ódio só vai ter fim quando os reis forem enforcados com as tripas dos sacerdotes. A verdade é que não havia outra saída. De que adianta fugir do inevitável? Eu era só um guri metido à besta que se achava auto-suficiente. Eu não quero o perdão de ninguém. Muito menos piedade. Só queria sentir cada pedaço do meu corpo incendiar. De alguma forma, sei que isso serviria pra alguma coisa.

Vou mostrar pra todo mundo que eu merecia ser amado. Merecia um aconchego terno e palavras verdadeiras de afeto. Eles deveriam gostar de mim. Eu juro que deveriam. Tem vezes que penso que nada mudaria os fatos. E que ainda assim todas as rosas que bebi e amarguras que devorei dariam uma bela ceia servida em bandeja de prata.

Eu tentei acorrentar esses pensamentos num crucifixo qualquer. Mas me disseram que Ele não me aceitaria. Algo como “você é a maçã podre dentre belos frutos”. Eu poderia responder que eu não tava nem aí pra essas frutas, mas talvez isso fosse mentira. Talvez eu realmente quisesse ser um bom exemplo... Bem, mas talvez não.

Enfim meu corpo foi perfurado e dilacerado. Senti meus membros se desconectarem e uma vertigem turvando minha visão. Não, eu não tava no barato, nem bêbado. Só tava lembrando dele. Daquele idiota que eu disse amar. Eu juro que pensei que fosse amor. Só descobri que não era quando acordei um dia sozinho e uma carta rabiscada e mal escrita estava na cabeceira da cama. Acho que foi um adeus, mas como acho despedidas patéticas, eu nem li. Amassei e joguei pela janela. Se algum dia você achar, faça bom proveito. Eu até murmurei palavras dóceis ao pé do ouvido dele. E o que mais me irrita é que eu fui o frágil da história.

Tá bom, talvez eu seja um mentiroso compulsivo e bipolar. Mas já que tu nunca vai saber a verdade, contente-se com a minha versão.


... Naquele dia então, enquanto as flores murchavam e meu sangue escorria pelo ralo, pensei em ter escutado algo como “você sempre será meu diamantezinho”.
Isso quase foi o suficiente, mas já era tarde demais.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Arrasador de Corações -- Se Alguém Pudesse me Amar... :

Se o amor fosse uma história, eu seria o narrador. Apesar de apreciar dramas, prefiro observá-los e analisá-los despreocupadamente. As pessoas não são verdadeiras e tudo parte deste ponto. Escondemos a verdade de nós mesmo, para assim enganar os outros. Se eles soubessem o que é o amor, eles me aceitariam. Eles te entenderiam. Não nos julgariam. Se o amor fosse beleza, eu seria um espelho fosco ou uma miragem em sépia.


Se alguém aqui desejasse amar, as cicatrizes expandiriam e os egos se romperiam. "Roubem tudo. Peguem meu dinheiro e meu poder, mas deixe-me com este falso amor!" -- disse ele. Ora, sem demagogias né?! Se alguém aqui soubesse onde amar, venderiam o mapa por dinheiro qualquer.


Se o amor fosse justo, lágrimas seriam de açúcar (com perdão dos diabéticos). Por favor, meus ouvidos doem com tanto cinismo! Sei que beleza reconforta, mas olhem pra mim! Eu ainda estou aqui. Estão todos doentes, loucos. Estão agonizando, mas não se entregam. Se o amor fosse um antídoto, eu seria o veneno.


Se amar fosse um show, eu seria uma apresentação burlesca. Minha ingenuidade foi consumida por tanta desilusão e decepção. Tudo agora é gelo num vulcão. Eles não sabem o que é ser a caça. Minhas samambaias sangrentas ardem em meus pulsos, e minha teimosia parece um grande erro. Se o amor fosse uma vertigem, minha alma já teria sido vomitada pelos olhos.


Essas ambições me fazem chorar. Eu só queria alguém que me provasse que o amor pode ser real. Não quero conselhos piegas. Se amar fosse uma adaga, meus pulsos seriam poupados, e a overdose se multiplicaria.


Eu escondo meu amor numa caixa de areia. Meus medos estão mais visíveis do que nunca. Mas se o amor fosse real, ninguém me julgaria pelo meu cabelo ou meu modo de vestir.


Minhas tatuagens não me deixam esquecer por onde passei. Se meus amores me amassem, e mil amantes me odiassem, eu poderia ser quem eu quisesse, mas se meu coração parasse e minha alma morresse, ainda assim sem amor em plena guerra eu estaria.


Eu pediria perdão com o passar do tempo, e nadaria nas estrelas se pudesse. Mas se amar fosse possível, sonhar seria um balde de tintas incandescentes.

E se ainda assim, bem no fundo, o ódio não cessar e a arrogância te entristecer, eu poderia te convidar a procurar o amor num outro local sem esperanças.

Mas se amar fossem palavras confusas e o sol não me abandonasse, um escritor eu poderia ser, e romances de verdade enfim nasceriam.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Arrasador de Corações -- O Inferno de Cada Um:

Pensar em amar alguém é uma ousadia descabida. Quando pouco se entende que amar o próprio ego pode transmutar-se ferozmente numa talvez progressiva e irreversível doença autodestrutiva de megalomania, carregar os desamores e futuras alianças rompidas pelo remorso pode facilmente redefinir o inferno pessoal de cada um. Logo, pender ao amor é acorrentar-se ao finito perjúrio de eternas torturas.

Estamos constantemente à beira de um precipício, um redemoinho racional e inescrupuloso. Guiamos nosso alado destino de acordo com nossos gostos e estilos. Morrer jovem seria a perfeita saída para a beleza perpétua – não fosse a coligação entre tempo e estampa.

Eu por exemplo gosto de clássicos (porque recriações me desconfortam). Gosto do colorido do céu e das poesias que nunca rimam. Não sou um colecionador convencional, mas carrego comigo reflexos de faces despedaçadas pela insolência.

Não é fácil diagnosticar uma mente brilhante dentre uma sequência trepida de insanidades e inconsequências. Claro que amar não passa de outra loucura, mas atar-se numa benevolente trajetória rumo ao infindável jogo altruísta de razões imortais, define exatamente que tipo de pessoa você é. E tudo, no final das contas, volta ao mesmo ponto: Relacionar os estereótipos e etiquetas impostas por nossas ações como resultado de todos os efeitos que poderão nos destruir pouco a pouco. E amar, como num jogo, trata-se de desejar devassamente a vitória e a conquista, assim remontando nossos sonhos em uma história irreal de ambições e obsessões; Morder a cruz e extrair dela o pior veneno possível, e morrer embriagado pela blasfêmia e desalento. E só no fim, quando seus limites forem transpassados e suas alusivas inseguranças agredidas, verás o quão relevante pode se tornar o amor, por mais que improvável.



Quando se elimina o impossível e toma-se para si que o provável é tão longínquo quanto uma utopia, o que sobra é a certeza da eterna dúvida.

sábado, 12 de novembro de 2011

Arrasador de Corações -- Pague-me com sua Vingança:

-- Você sabe que eu só vou te magoar, né? -- Disse ele.
-- Você sabe que eu vou quebrar o seu coração, não é? -- Respondi.


-- Que vença o Melhor!!!



"No jogo, só o que importa é vencer. Ninguém quer amargurar o ego com o gosto do fracasso. A vida não passa de uma roleta-russa diária. Sem regras. Sem remorsos. Viver depende de um aglomerado de partidas, sem volta. Lance seus dados. Blefe com as cartas. Aposte nas roletas. Jogar com a sorte é uma questão de valor. Quanto você está disposto a perder? Um reinado não se sustenta de derrotas (nem de mentiras).
Na vida, vencer significa não ganhar todas. No amor, fracassar é uma questão de tempo. Mas no jogo, só vencem os melhores.
Vamos jogar! "



O tempo todo, tudo foi um jogo. Esquecemos de viver tudo aquilo que dizíamos sentir e mergulhamos num infindável jogo. Tudo, sempre o tempo todo, era um jogo. Brigamos muito pra ver quem estava certo. Se eu pudesse apostar agora, não colocaria minhas fichas em você.
Eu não queria apenas ter asas, eu queria voar. Queria ser melhor do que sou. Queria o amor só pra mim.
Mas agora vejo o quão egoísta fui. Não posso tê-lo incondicionalmente. Então jogo minhas armas ao chão e admito que você estava certo. Ponho um fim na briga pela verdade.
Eu não quero mais ter razão, eu quero ser feliz!



Então vá em frente, abra meu corpo e faça uma cirurgia! Eu não quero mais resistir. Pague-me com sua vingança e sirva meu sangue num cálice de consagração vitoriosa.
Tudo o tempo todo foi uma disputa, um duelo direto de egos. Olhe de novo, e você encontrará meu castelo de cartas no chão.

Acho que agora finalmente poderei devorar tua insensatez e saciar-me com sua malícia (que me enche de tesão), enfim.
O tempo todo, o jogo foi falho. Nossos corpos não mentiam e nossos olhos calavam um ao outro. Eu até poderia fingir que não pensei dezenas de vezes em consumar nossos desejos numa cama qualquer, mas prometi não mais me defender.


No final das contas, acho que só tua alma petrificada pelo abandono pode fervilhar minhas veias e tomar posse da minha mente, deveras racional.
Ponho fim na minha rodada. Como quer jogar?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Minh'Arte:

Eu sou um artista. Pressuposto de arrogância e uma pompa imperial, desferindo indiferença a comentários em vão periodicidade. Escrevo (e assim descrevo) inertes paixões não-românticas alusivas ao ódio e subterfúgio que todos levam consigo. Meus lábios possuem um veneno hipnótico e radiante, tal qual uma fonte eterna de pecados. Minhas verdades são sedutoras, mas minhas mentiras são irresistíveis.


Eu sou filho da vingança e do amor em brasa incandescente. Um incesto cósmico de irmãos barulhentos e hostis. Meu sorriso é capaz de parar uma guerra, mas o sangue sendo derramado me excita.


Tenho uma alma bom-vivant que confronta meus idealismos e surrealismos postos à uma moldura infalível de orgulho e veracidade. Sou um manipulador cruel que usa das palavras para guiar-lhe ao meu covil -- mesmo que por vontade própria -- e minhas presas são navalhas banhadas em medo e fragilidade.


Eu sou um artista, devorador de corações. Gosto das primeiras horas quando não se sabe ao certo se já é dia ou noite ainda. Saboreio cada primavera de traição como que um avassalador estelar.


Meu charme está em tudo que você não pode compreender, e isso te incendeia. Então para de bancar o sentimental abusivo e acorrente-se na minha cama (eu prometo fingir que me importo).


Meu talento é aplaudir cada passo errado que você dá, e singelamente instigar-te a continuar. Minha persuasão ainda destruirá esta nação, talvez...


Eu quero pintar a sua voz retratada em verde-malte e deliciar-me com seu silêncio apaixonado, infinitamente.

sábado, 29 de outubro de 2011

Overdose:

Eu sei que eu tô sozinho, mas não sou só eu. Todos estão sozinhos, cada um no seu canto, e é assim que deve ser. Mesmo aqueles que partilharam da adrenalina comigo. Aquele pessoal do pacto de sangue... Um bando de alienados entregues à sorte. Eu escreveria uma carta a cada um que vi crescendo e perdendo a razão, mas a essa altura minha ausência será um presente mais válido.



Chega uma hora que a realidade vem à tona, eu sei, mas vou prolongar isso ao máximo. Só assim conseguirei encarar este perdedor no espelho. Não tô falando de fugir do inevitável. Mas é melhor aproveitar enquanto todo esse barato tem efeito...



Eu só fico pensando se alguém me espera no fim deste túnel, quando esta dor acabar -- se acabar. Quando se entra nesse mundo viciante e alucinógeno, tudo te leva aos extremos: Numa hora tu tá encarando Deus de frente, noutra tu tá abraçando o Diabo...



Chorei demais, sorri demais, fingi demais, briguei demais, amei demais... Acho que fui um exagerado! Fui fraco, e no final das contas afundei nesse subsídio de exageros.


Não carrego a culpa completa! Se não fosse a maldita monotonia... Talvez eu fosse menos imbecil e tivesse parado no primeiro teto preto que bati.



...Já entorpecido num dia verde, ouvi vozes que calaram no escuro, e vi duendes me arrastando pra uma sinfonia que perturbava meus ouvidos.
Malditos sinos! Eles ecoavam em cada dose de tequila que queimava meu exôfago.


Do último vértigo que tive, pouco lembro. Achei que minhas veias brilhavam, como que incendiando, mas as marcas ainda eram as mesmas de meses atrás. Só o que mudara, era uma ou duas tentativas a mais de arrancar o mal pelos pulsos.


Eu sei que eu tô sozinho, e que nunca vou me sentir à vontade num lar.



Quando tudo que tu sempre desejou torna-se real, o irreal parece mais possível de tocar do que nunca.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sob o Último Amanhecer:

Há uma chama ascendendo dentro do meu coração, e cada escolha sufocada pelo seu egoísmo, agora pulsa em minhas veias.
Todos os sonhos que você implantou na minha mente, e todas as mentiras que eu suportei não sustentam mais meus desejos. Pare e veja o que eu faço com cada pedaço seu! Eles desmoronaram como areia, igual aos pilares da Igreja.

Você nunca foi nada mais que um brinquedo confuso. Eu esperei o tempo todo para que você energizasse minha alma com seus suspiros egocêntricos e seu sexo forjado de sombras.


Se o meu corpo estivesse incendiando, você ficaria me vendo queimar? Você me salvaria deste pesadelo?


Mas agora não há nada que controle essa tempestade. Toda noite meu corpo é entregue às pragas do seu passado inóspito... A sombra do fundo do necrotério. Por favor, pare esta dor que vem rastejando e me devorando por dentro!

Guardarei suas cartas com pedidos fúlgidos de desculpa, para que acalentem minha esperança de aventureiro. Quem sabe um dia, relâmpagos rasguem os céus no entristecer do crepúsculo.

Nosso amor alado foi concebido do ódio e da vingança (em cristal de saudade), fincado ás ondas que sepultam na areia todo o tempo de nossas vidas como brisa de abandono.


Apenas deixe-me te abraçar pela última vez, a última chance de sentir de novo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Perdão (Um brinde a isso!)

Por todas as lágrimas que partiram nossas almas e tiraram nosso sossego. Por cada momento que nos sentimos destruídos e vazios. Cada angústia consumida e afagada num copo de uísque vagabundo. Por cada pulso mutilado e fraqueza abnegada. Um brinde a isso!

Em todas as vezes que me apaixonei por você, e em cada dia que você me ignorou. Sempre relutei, e tentei uma vez mais. Cada grito de socorro que fui obrigado a engolir toda vez que queria chorar nos teus braços. Um brinde a isso!

Por cada momento de ingratidão. Cada sorriso ainda assim parecia valer à pena, porque sempre que você me olhava eu tinha um pedaço do céu. Eu te amei do jeito que você é. Achava-te incrível! Por cada momento de mágoa que eu suportei, cada dia dedicado a essa ironia. Um brinde a isso!

Agora brindemos pela morte, e pelo que ela nos ensinou: que podemos ser felizes do nosso jeito. A vida te engana, nem tudo são espinhos (e se forem, aperte-os até não sentir mais os dedos... até não sentir mais nada). O reinício pode ser tardio, mas os fogos ainda não explodiram nas estrelas, então acho que posso brindar a isso também.

Um brinde a todos que vivem do medo, da surpresa, da insegurança. Um brinde a todos que já sofreram, e a todos que amaram. Ergam seus copos e brindem!

Um brinde às estrelas flamejantes, à harpa em ressonância, à escuridão do fundo da mente. Que em cada arranha-céu, cada borboleta traga consigo um pedaço de fé.

Que meu ego (e “alter-egos”) imortalizado em palavras, possa ser a salvação de um novo Coração de Leão. Que cada Conto de um novo ser viva. Viva para que um dia possa morrer. Um brinde a isso!




Malucos, racionais, perturbados, medrosos, falsos, bizarros, estranhos, fúteis, hipócritas, insanos, descrentes, idealistas, revolucionários, rebeldes, acomodados, inseguros, desconfiados, astutos, críticos, inovadores, intensos, levianos, impacientes, honestos, egoístas, autoritário, sonhadores, escritores, leitores...


A todos capazes de amar, desarmar e perdoar.
Um brinde!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tributo Cármico:

Despeje sobre mim esse louco amor obsessivo. Eu preciso dessa fúria descabida de um furacão impiedoso. Atinja-me com toda sua paixão, enraizando meu espírito como um cristal translúcido de fino prisma. Estou falando de um sonho aterrador em cemitério de desejos. Cerque-me com seu aroma de bem querer. Eu quero ser posse dessa paixão inflexível. Sou vítima desse estigma do tempo, essa força autodestrutiva que me mantém submisso desse amor.

Algeme-me como refém de uma ira titânica sobre punição de amor perpétuo e infinito. Ate-me na sua malícia imprudente e absorva meus medos com seus lábios doces de pecado.

Eu serei seu anjo de trajes cerimoniais e te levarei sob o abrigo cósmico (posto às asas da eternidade) para as fantasias de perjúrio imperial.

Lance sobre mim os raios que bloqueiam a luz destas flechas derradeiras em abrasão, nesta rouquidão do silêncio atemporal.

Faça de mim seu garoto dos bastidores—seu garoto dourado --. Eu quero seu beijo sujo do couro na areia.

Quero morrer sobre teu amor com sabor de vingança e embriagar-me com sua insensatez de amante suicida.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sob à Auréola:

No escuro é onde escondo meus medos, respondi a ele. Quando as luzes se apagam e as cortinas abaixam, a dramaturgia continua em cicatrizes, lágrimas, sorrisos...
No escuro, quando a mentira te consome e a verdade parece congelar a razão, minha criatividade exarceba.
Eu sou um teatro, não pense que sou real. Todas estas respostas foram planejadas. No escuro é quando sentimentos perdem a significância, e o sexo parece mais convidativo.


Uma criança será sempre uma criança, e não há nada que possa mudar isso. Nem o tempo, nem ninguém. No final, tudo não passará de uma mancha tangível na luz.


No escuro é onde as sombras te perseguem, onde nada pode te fazer mais mal do que você mesmo. O suicídio cada vez mais, parece a única solução. Eis o refúgio do poeta solitário, onde as respostas se deseiam por si próprias e flutuam como prismas intercalando-se pelo ar. No escuro é onde o movimento torna-se real e fica fácil acreditar em compaixão.

Meu mundo é um lençol cheio de espinhos. Uma dose de veneno diário, embriagado de luxúria. Meu mundo é coberto por um manto escuro de aflições. Nele não existem espelhos. Apenas um brilho fosco de ingratidão e orgulho.


Acho que o escuro é o meu novo melhor amigo. Diferente do que pensam, não há monstros por aqui. Eu sequer acredito em bruxas (apesar de saber que elas existem). Sob à proteção da luz, fica até fácil arrumar uma boa desculpa pra ser uma má influência. Afinal, todos sabem que não se pode confiar no escuro. Lá é onde os segredos perpetuam e os mistérios renascem. Somente em derradeira escuridão meu mundo será completo e as luzes por fim se extinguirão.


Neste dia, todos serão recompensados por seus pecados inertes e suas almas em rendição. Bendito seja a redenção da santidade!



Enfim meu mundo será verdadeiro e as mentiras reconhecidas.
Eu sou apenas um santo tolo, cúmplice de uma vaidade descabida, mas sei que Você me crucificaria por menos...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Enfim, Adeus:

"Não há nada mais sincero do que viver. Olhar o passado com 'esnobismo', mas acima de tudo com nostalgia. Dentre túmulos agonizantes e um arvorecer de ingratidão, chorar por boas lembranças. Afinal, lembranças sempre serão boas (nada é tão ruim que queiramos selar no tempo).
Afogar as mentiras e afagar as verdades. O que fomos e o que seremos. Fantoches de visual cafona, certezas impregnadas de novos questionamentos, realidades baseadas em utopias.
Tudo, o tempo todo está em mutação, mas hora ou outra cairão naquele velho sono de abandono chamado morte.
E no final, não há nada mais falso do que viver".




Hoje numa rua vista em sonho, despertei de uma lembrança há muito tempo maquilada. Versos e poemas que descreviam nossa adoração expectante. E só agora vejo como sinto falta daquela velha bagunça quente, que debaixo dos lençóis me desconcertava. Perdi aquela tal paixão estagnada e vesti-me de um olhar desnudo. Ah, lindos dias foram aqueles... Ora, que estou falando? Ingratos e repudiosos dias foram! Me enganaram. Eu realmente pensei que seria pra sempre. Tá bom, eu não tava pronto, mas ter um pedaço do paraíso por pouco tempo dói mais do que viver no inferno pra sempre.



Você foi meu melhor outono.


Só agora percebo que cada gole daquele uísque que anestesiava meus lábios valeu realmente a pena. Até seus beijos cheios de cinismo e terceiras intenções me tornaram cúmplice desse amor de meia estação.



Eu não sou bom com as palavras, e sei que tudo não passa de um sonho, ou mais um estado de embriaguês, mas ainda assim, largaria esta rua abandonada, beberia aquele uísque vagabundo e faria as pazes com esse passado ingrato. Quem sabe assim ele me enviaria uma overdose ou me condenaria enfim à solidão. Sei que tudo valeria a pena pra ter seu beijo tácito e seus fingimentos de volta na minha vida.



Mas quem sabe um dia, na imperdoável e sarcástica mão do passado, eu possa lembrar de ti com mais exatidão e menos euforia.


Prometo que nesse dia quebrarei minhas promessas e te enviarei uma carta -- mesmo sendo péssimo com as palavras -- e quem sabe você me retorna com um pouco de santidade e um punhal de lágrimas.




PS * Nunca esquecerei das suas mentiras (que eu ainda sustento) e da sua voz (que ainda me perturba).
Em cada momento, por mais que irreal, eu te amei.

sábado, 10 de setembro de 2011

Meu Mundo Celeste:

Atou-se num só suspiro, com a alma em chamas. pôs-se a chorar aliviado, com uma satisfação que incendiara sua face. Agora o desespero fora extasiado por um âmago de amante sem culpa. Dançava ao redor das rosas, anestesiado pelos espinhos. Viu a lua tornar-se sol. Centena de vezes sem êxito. Ainda assim, todas aquelas noites pareciam valer a pena.


Agora com a vaidade em punho e as dúvidas obliteradas, enfim entregou-se por completo. Roleta-russa desregrada.


Agora seus pecados me pertenciam e não havia do que se arrepender. Eu era o destino alado que sombreava sua compaixão.


Meu frágil cupido! Ele jamais saberia a verdade, mas viver aquela utopia o deixara excitado. Maquinou planos e escrevera um futuro para nosso amor em caos selado.


Roubei dos seus lábios a ternura de mil querubins e acendera em seu espírito o prazer pecaminoso da dor e submissão.


Espelhos infalíveis! Arma mortífera da verdade condenatória.


Enfim ele julgara-se vitorioso. Quem sou eu para desiludí-lo? Bastou morder o lábio com sede infinita e perjúrio celeste para que eu lhe desse meu mundo.



Quis viver mais... E viveu!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pecado Rubro:

Faça de mim um pedaço de pecado. Um sonho em consumismo transversal. Como numa orgia à santidade em degradação.

Faça de mim a dor, a mágoa, a raiva e a inveja. Mergulhe na solidão em sombra de julgamento. As luzes lá fora te abandonaram. Amar-me é imperdoável!

Faça de mim o sopro que te espanta, o grito no silêncio e o medo do arrependimento. Serei seu guerreiro, sua espada e escudo. Seu mensageiro em campo inimigo.

Faça de mim o despertar da madrugada e a insônia do sol.

Eu sou teu refúgio. Serei a droga que sustenta teu ego e o hálito que congela teus lábios.

Faça de mim o orgasmo da tua alma, a dose diária de tristeza embriagada.

Faça de mim o sexo descompromissado, a promessa de amor eterno (E eu nem preciso acreditar).

Apenas faça de mim parte da sua vida. Seu objeto de prazer sem regras e sem remorsos. Dançaremos esta noite como se fosse a primeira.

Faça de mim a parte que corrompe teu espírito e eu serei sua noite e seu dia até que o amor acabe.

Eu prometo ser a poesia fora da linha, as estrelas nos teus olhos...


Você pode fazer de mim o seu teatro particular, embora eu seja apenas um ensaio.

domingo, 21 de agosto de 2011

Prazer Rubro:

Eu gosto mesmo é da sensação de ver as cores entrelaçadas. De quando elas se misturam e me hipnotizam. Gosto do prisma entre tesão e medo, assim como o vermelho com azul.

Gosto de pintar o céu de chocolate e lambuzar as folhas de anil. Imagine a areia com cor de violeta!

Eu gosto mesmo é do preto no branco. Da sua língua na minha boca, e das minhas mãos contornando seu corpo, como que esculpindo numa aquarela.

Gosto desse prazer culposo.

Eu gosto mesmo é da tinta que pinga do pincel, das gaivotas que colorem os ventos e do mar que beija meus pés.

Gosto do terror consumindo os fortes, e os fracos dominados pela ira. Os fracos são meu aperitivo preferido! Gosto de devorar a esperança de olhos brilhantes e de abarcar novos pesadelos.

Eu gosto mesmo é dos sinos desafinados, do Coral da Igreja pedindo perdão, e do sangue sendo derramado.

A dor é o meu maior prazer!

Eu gosto da bala que derrete na boca, com sabor de açucena, de uma tarde quente refrescada com seu aconchego.

Gosto da culpa em seu prazer rubro, e de quando nossos corpos estão em sintonia, como uma simbiose de excitações.

Eu gosto mesmo é dos olhos nos olhos, da aliança incendiando minha alma, do branco no preto e do céu em cor de chocolate meio amargo.

Gosto de devorar as nuvens pela manhã, e o seu coração pela noite.

Você desperta um prazer inexplicável em mim!


...Eu gosto mesmo é dos seus lábios com sabor de estrelas, e da sua alma com gosto de pecado...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Paraíso Rubro:

Vida fácil. É o que todos desejam. Riqueza e vaidades.
Vida fácil. Eu era apenas um jovem fascinado.


Eu estava procurando, como numa missão, me desfazer de purezas e votos castos. Foi quando nossos corações combinaram e assim criamos um bálsamo para todas as falsas santidades, e milagres escorados em mentiras. Formamos uma aliança forjada da brasa. Como um pacto.
Vida fácil era tudo o que eu queria.

Fascínio. Eu vi os pilares da Igreja desmoronar como areia. Simultaneamente preguei-os à cruz com um beijo no pescoço.
Nunca pensei que pudesse ser tão fácil. Rios de neve em fogo convertido. Uma floresta de ouro por uma aliança de prata.
Não há valor que pague. Meu paraíso em céu rubro.

Vida fácil. Eu estive tão alucinado que abri mão de todos com facilidade. Ele era como uma correnteza que me arrastara para uma terra de pecados. Vendi meu caráter por uma overdose psicodélica. E já nem sinto culpa.
Estive na estrada do Unicórnio. Sopro de rumores.

Eu vi todas as vaidades se consumindo, e assim corroendo minha alma. Não faz nada. Admito que até gostei. Logo, paredes se ergueram ao meu redor, e assim expulsei a todos para saborear a solidão.
Não, eu não sou bom. Não fiz nada disso por eles. Eu queria o mundo todo só pra mim. Estou falando de orquestrar todas as vontades deles, para que dancem pra mim.

Agora estou rodeado de muros abrasivos e um ‘Eu’ que até então desconhecia. Ele sabe o que deve ser feito. Deixarei que ele manipule-os.

Vida fácil, coberta de fascínios, era tudo o que eu queria.

Agora, só vejo uma poça de sangue que não para de crescer.
Vomite suas blasfêmias!

Meu mundo é destrutivo, mas minha aliança de caos apenas começou...

sábado, 6 de agosto de 2011

Declínio do Império: Ascensão à Beira do Ódio:

Estou no limite. Onde a dezenas de lembranças atrás minha razão foi enterrada em fúnebre desonra.

Estou à beira de um precipício. Sei que Ele aguarda por mim. Nele encontrarei a libertação de tudo que me acorrenta a este teatro de gangrenas.

Estou bem no limite. Fora de controle. Sou espada e escudo em eterno duelo. A hipocrisia só terá fim no dia em que todos reis forem enforcados com as tripas dos sacerdotes.

Estou em frenético delírio de um êxtase obscuro. Estou petrificado, gritando por ajuda... mas a sete palmos parece impossível que alguém me escute.

Estou fora de mim, mas acho que nunca estive tão seguro.

Estou sozinho. Abandonado pelo meu Anjo de asas negras. Nosso pacto foi rompido e agora estou preso em irrealidades destrutivas. Estou amarrado e sendo covardemente apedrejado por mão que outrora prometeram me amar.

Mas eu devia saber que não estavam falando de amor. Só o que importa é a destruição. Ódio em brasa e um golpe final.

Estou no apogeu do meu ego, agonizando por uma ferida nele feita. Não há remédio nem cura. Estamos falando de vingança sem remorso.

Estou no ápice da fúria abrasiva. Não há amor por aqui.

Estou farto dessa indigestão. Engula suas palavras uma a uma e prove do seu próprio soro. Meu limite foi ultrapassado. Estou falando de quem fica do lado da corda que arrebentou.

Estou prestes a provar a todos que nada é o suficiente para agradar um Império – falsa promessa tatuada à desilusões.

Estou no limite, numa viagem sem volta. Estou falando de danças nas chamas.

Agora o jardim está morto e o espelho com lágrimas de sangue.

Hoje à noite farei com que todos vejam que não me amaram como deveriam.
Mas será tarde...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eu Te Disse Que Não Sou Bom:

Sou egoísta, insensível e superficial.
Sou um devorador de corações.
Acredite, eu não ligo a mínima pra você.
Você não me conhece. Jamais conhecerá.
Eu sou uma encrenca.
Não ligo pro seu sorriso repleto de malícia ou para suas inverdades.
Não me importo com suas falsas promessas,
Nem com a sua paixão imperdoável,
Eu só quero o seu coração. Firme na minha mão.
Sou um manipulador nato. Persuasivo e sarcástico.
Não dou a mínima para sua compaixão,
Nem para o que esconde na lâmina dos olhos.
Não se engane com os meus defeitos,
Deixe que nossos corpos se entendam.
Eu só quero o seu coração. Pulsando em ritma.
Não há nada que me satisfaça.
Estou sedento pela sua dor.
Já nem ligo para as suas promiscuidades.
Sei que elas já se esvaíram junto com a sua dignidade.
Sei que você não passa de um medroso enjaulado
E que suas vaidades já se consumiram.
Eu sequer cobiço a sua alma.
Sei que ela não vale mais do que um copo de whisky.
Só quero o seu coração, para com ele me embriagar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Volta ao Luto:

O mundo do fingimento é uma gaiola, e não um casulo. Não estamos sozinhos nele. Batas olhar ao redor. Todos estão fingindo. Com um lápis e uma folha em mãos, posso escrever um mundo novo (um mundo ideal), transferir-me para ele e acreditar.

Todos fingem o tempo todo, e não há como negar. É mais fácil assim. Talvez isto não seja tão ruim. A negação une as pessoas. E no final das contas, tudo o que desejamos é não estarmos sozinhos.

A solidão não é uma poça d’água, e sim um imenso oceano. E certas vezes, não há como não se afogar nele.

Às vezes nem toda a negação é o suficiente. Às vezes caímos na real e quando percebemos, estamos realmente sozinhos.

O tempo nos ensina muita coisa apesar de não curar todas as cicatrizes. Porém às vezes simplesmente apegar-se a algo consolida uma fé. E não estou me referindo á fé religiosa, às crenças em um Deus, e sim a uma nova e reconfortante esperança.

A fé como um chacal se alimenta entre os túmulos, e mesmo dessas dúvidas mortas ela reúne sua mais vital esperança.

E como num livro, escrito por um autor megalomaníaco, vou escrevendo (e assim descrevendo) minha própria vida. Tantas feridas e lágrimas... Elas me fazem lembrar tudo que já passei. Perdi tantas pessoas. Vivi tantos desamores. Um emaranhado de desilusões que faz parecer que tudo até agora foi á toa. Agora só o que restou foi uma alma vazia e solitária, e um livro de bolso chegando às últimas páginas.

Os finais são sempre difíceis. Por mais que demos destino às personagens coadjuvantes, sem esquecê-los, sempre ficarão linhas perdidas e histórias mal acabadas. Nunca é possível agradar a todos num final, portanto escrevê-lo é muito complicado.

Talvez pelo fato de não ser planejado, o fim sempre deixa uma sensação de que não foi dito tudo. E por mais que saibamos o final antes mesmo de começar a escrevê-lo, ele estará sempre incompleto.

Eu não vejo todo minha vida passar perante meus olhos. Só o que vejo é um final se aproximando. Toda história chega ao fim. Mesmo que com um fim incerto. Todos querem uma última nova notícia, um novo sentimento, uma reviravolta, uma surpresa. Todos querem uma nova esperança. Mas cedo ou tarde, a solidão te consome e a gaiola se fecha pra sempre. Não espere por uma última frase impactante ou um grande acontecimento.

Se você realmente deseja algo, você irá descobrir como torná-lo realidade.


Eu enterrei meu próprio coração, bebi do meu próprio sangue, chorei quando não tive mais forças, selei minha música num último gole de fé e uni-me à sombra do abandono.

Sei que Eles estão à minha espera, mas agora eu estou de volta ao Luto.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Minha Última Manhã de Natal:

Eu sei que eu prometi não tocar mais neste assunto, e que tu pretende me excluir de vez da tua vida, mas eu não posso deixar isso passar perante meus olhos e ficar parado.

Eu não sei como parar de te amar.

Desculpa, mas tu me prometeu que sempre estaria comigo quando eu precisasse e que me acolheria como sempre fez.

Eu sempre fui do tipo orgulhoso, mas hoje quando acordei me senti um nada. Tu havia me abandonado.

Eu sei que errei muito contigo, mas tu é tudo que eu sempre sonhei pra mim.

Talvez tenhamos feito as coisas do jeito errado. Me desculpa pelas brigas e discussões, mas hoje quando acordei até elas fizeram falta.

Eu discordo de ti. Tudo o que passamos não foi um erro. Foi o melhor tempo da minha vida. Mas agora estou aqui, escrevendo estar carta de adeus que jamais será lida. Que jamais será entregue. E agora nada que eu diga será o suficiente.

Então apenas direi do meu jeito: Eu te amei desde o primeiro momento e em todos os que o sucederam. Amei todas as vezes que me fez sorrir, e até quando me fez chorar. Tu sempre será a melhor parte de mim. Eu te amo exatamente do jeito que tu é.


E como eu sempre te disse, te amar será sempre como acordar numa Manhã de Natal.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Minh'Alma por um Coração de Sangue:

Eu estava sozinho, sem esperança. Então quando eu adormeci, pude encontrar você. Espelhos eu quebrei, e assim consegui te libertar. Eles não entendem meus motivos, mas você é o meu doce pesadelo.

Beleza do infinito em cálice de sangue. Meu Anjo aterrador estou para sempre no seu abraço de asas negras. Lágrimas de cristal e dois triângulos entrelaçados são tudo que importa agora.

Não interessa o preço nem as condições. Quero selar este pacto num beijo de Judas. À meia-noite, meia-luz e meia-vida. Olho de Ísis e a história de um romance ruim.

Eles me julgam e me chamam de anti-Cristo. Mas agora estou embriagado pela eternidade. Venha, sente-se comigo para bebermos whisky em duas doses.

Eu tenho meu Anjo agora, e podemos passear no vale das sombras. Não há o que temer. Estamos num ritual, abra seu coração e deixe-o entrar. Tudo será mais fácil quando as vaidades se consumirem.

Pague-o com o que você tem de pior.

Explosão de pecados num encontro alado. Eles não entendem meus motivos, mas você é meu belo sonho. Um pilar de luz banido por seu orgulho. Juntos, teremos um bálsamo para toda essa falsa santidade.

Eu serei seu garoto de diamante, arraste-me com você. A sombra está queimada e os sorrisos em violeta de sangue.

Darei seis rosas negras para cada seis estrelas que conspiram para os seis amantes do Heavy Metal.

Agora ele está sentado em seu trono. Um temível cão de três cabeças protege o portão do seu palácio. E à direita do trono estou eu, num transe psicodélico de sexo e masoquismo.

Não importa o preço. Eles jamais entenderiam os meus motivos. Ceifador de prazeres, meu Anjo em rubro sopro de caos.

Minha alma agora é sua. Foi o preço que tive que pagar. Meu coração está vazio, mas meu Rock n’ Roll viverá para sempre.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Canção de Ninar - Parte 8 ( Final do Capítulo I : A Fantasia Final )

Ora minha cara Flor de Lótus, tu acreditas em destino? Pois deverias...

Como já havia citado a garota das Meias Sete Oitavos, após uma terrível desilusão, prometeu jamais amar novamente. Mas pactos serão sempre terrestres, prontos para serem subornados.

Talvez um novo amor fosse o remédio capaz de reviver os sentimentos da promíscua Lótus. Mas talvez seja perda de tempo dedicar-se a uma falsa flor da noite. Enfim, para o garoto Peter Pan, amar nunca é perda de tempo. Afinal, depois de perder a esperança nos seus sonhos, restou-lhe o florescer de uma paixão.

O garoto dos Sapatos Vermelhos foi ao encontro da garota das Meias Sete Oitavos. Ela cuidava do jardim diariamente. E ele a observava com olhos de insana paixão. Trocaram olhares cúmplices e conversas de entrega. Com o passar do tempo, Lótus e Peter Pan traçaram uma estrada no jardim que terminava na Grande Cerejeira.

Coincidência (ou o implacável destino) plantou-lhes a mesma semente que semeara entre o jovem Coração de Leão e a menina da Íris Cor-de-Rosa.

Eles estavam dispostos a tudo. O garoto dos Sapatos Vermelhos conseguiu enxarcar a alma da menina das Meias Sete Oitavos de novas esperanças. Esta por sua vez, era uma eterna inspiração para ele.

Acreditas em destino, minha doce e desamparada Lótus?

Numa tarde, após um dia chuvoso, a adocicada Lótus resolveu surpreender o amado. Foi até a Cerejeira e pegou as duas cartas que haviam sido lidas. Estas cartas eram pura representação de uma história de amor. Então, após pegá-las, ela voltou ao entro de seu amante, desta vez indo pela estrada.

Em contrapartida, o gentil Peter Pan acorda bruscamente de um pesadelo. Era uma tragédia! – gritou ele. Para muitos apenas um sonho, mas para ele, um aviso, um chamado cósmico. O garoto correu ao encontro da amada.

Num olhar distante ao horizonte, os dois viram-se como num lampejo. E correram ao encontro um do outro. Era um encontro cármico.

Neste momento, a menina da Íris Cor-de-Rosa dirigia o carro que fora de seu pai. Enebriada pelo êxtase de estar junto ao seu amor. Tal êxtase tirou-lhe os sentidos. Uma tragédia!

Num repentino segundo, um clarão. Aos céus, rasgando o Arco-Íris, voavam duas cartas, uma rosa de bolso que o garoto dos Sapatos Vermelhos sempre levara consigo, e à terra capotava o veículo de tal Íris que perdia a Cor-de-Rosa.

Acreditas em Destino?

Quatro almas viajantes. Perdidas mas achadas. Quis o destino (ou talvez algo ainda maior) que se desencontrassem.

Nos últimos raios solares, vi ao longe uma Flor de Lótus perdendo as pétalas da última esperança, uma alma de Peter Pan aprisionando-se na maturidade e perdendo a infância, e tal Íris perdendo todas as rosas...

A morte não é o Fim. A morte aconteceu?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Canção de Ninar - Parte 7:

Sonho. Combustível infinito dos poetas. Eterna fonte de inspiração e refúgio. Talvez seja só uma alucinação. Ou quem sabe desejos reprimidos. Ou ainda meras utopias para aqueles que não conseguem diferenciar o real da fantasia.

O jovem com Sapatos Vermelhos tinha o dom de sonhar (além da pintura já citada). Era um incrível sonhador nato. Ele tinha alma de Peter Pan. O garoto não queria ser adulto porque não queria assumir responsabilidades. Para ele, o mundo de gente grande era falso e perigoso.

O garoto dos Sapatos Vermelhos sonhava tanto que às vezes não sabia quando era realidade. O fato é que para ele os sonhos eram uma extensão da sua própria vida.

Sonhos. Reflexos da nossa alma. Camuflagem. Atitude (ou talvez consequência) escapista. Quando o mundo te dá as costas e mãos amigas te apedrejam, é um subterfúgio da cólera e soberba. O molde exato das nossas vontades reprimidas.

Um sonho. Um desejo. Uma realização. Uma inventividade. Um sopro de vida. Onde se pode ser o que quiser e como quiser.

Para o garoto dos Sapatos Vermelhos, no sonho ninguém o julgaria por sua condição sexual, raça, religião, postura política, idade ou aparência. No seu sonho, os vagalumes dançavam como um círculo de fogo e uma tal Flor de Lótus brotava no seu coração.

É uma pena que todo sonho dure tampouco. Apenas o tempo suficiente para ser inesquecível.

Ele não estava à procura da Estrada de Tijolos Amarelos, afinal ele não tinha um lar. Em seus sonhos, tudo era colorido, e as árvores eram de algodão doce. As borboletas tinham asas brilhantes, o sol intensificava a maresia da sua alma e ele já havia superado o medo do monstro do armário (ou pelo menos quase). Ele não acreditava em Bruxas, mas sabia que elas existiam.

Só o que o garoto com Sapatos Vermelhos não gostava, era de despertar. Afinal, ao acordar a esperança murchava, os tijolos perdiam as cores, as borboletas ficavam acizentadas, as árvores perdiam as folhas, o sol tinha o brilho ofuscado e tudo tornava-se preto e branco. Nem os monstros o assustavam mais.

Faltava-lhe inspiração para pintar, mas nunca para sonhar.
Nada era real, era tudo programado. E agora, nesta desconhecida realidade, o garoto com Sapatos Vermelhos estava desamparado...




...Só o que lhe restara, fora o amanhecer da Lótus, que guiou-lhe a um novo sonho...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Canção de Ninar - Parte 6:

Medo. Quando o subconsciente trava uma batalha indolor com nossas expectativas. Uma defesa natural que surge em contrapartida à confiança.

Medo. Quando todos os fantasmas e monstros do passado resolvem mostrar que não te esqueceram. É o que está no escuro da nossa alma. É um frio que como uma navalha, te dilacera facilmente e te desarma.

Medo. Um transe psicodélico em preto e branco. Um redemoinho de dúvidas avassalador. O tique-taque do relógio, que não para. Medo é insípido, incolor, inerte, insólito... Mas existente.

É mais do que uma força, é uma fraqueza. Uma fraqueza fincada à nossa coragem e selada aos nossos atos.

A Menina da Íris Cor-de-Rosa tinha medo do escuro. Quando as luzes apagavam, as incertezas se acendiam. Ela tinha medo de perder-se no nada, e nunca mais se encontrar. Por isso, quando as luzes apagavam, ela buscava conforto nas estrelas (estas que nunca perdiam o brilho).

Bastava-se uma dose e meia de medo para o gélido terror chegar à beira da Glória. O vento que balançava os galhos da Cerejeira era o mesmo que trazia consigo todas as palavras arrastadas do cemitério. Vozes veladas que vulcanizavam as ruas.

A garota tinha o brilho de suas Íris Cor-de-Rosa ofuscado pelo medo. Um medo viajante, inescrupuloso e vil. Ela tinha os lábios em tom nude e a voz em rouquidão. Ela tinha medo da solidão. Medo do esquecimento eterno, da tosse embriagada de anseios, de suspiros longilíneos e abandonados.

A Menina tinha medo, e isso bastara. Perdia o movimento e movimentava todas as perdas, como um alimento insaciável da angústia. Ela tinha medo de não ser reconfortada pelo Garoto Coração de Leão. Estava anestesiada pelo medo. Sentia-se culpada. A culpa também move o medo, e ela estava fixada a idéia de juntar-se ao amado, custasse o que for.

Para a Menina da Íris Cor-de-Rosa, a morte não era o fim, e sim um caminho inóspito até o Coração de Leão.

Céu, Nirvana ou Paraíso. Culpa, Amor ou Medo.
Ela escolheu suas cartas e apostou no caminho do Arco-Íris.

O Medo é ilusório. Um oásis em deserto de desespero.

A Menina da Íris Cor-de-Rosa foi em busca do seu sonho.
Numa mão tinha um punhal (já citado ao decorrer da história), e noutra o diário há muito tempo seu único refúgio, e em sua mente, agora livre do Medo, um único objetivo:

Estar junto ao Menino com Coração de Leão.

sábado, 25 de junho de 2011

Canção de Ninar - Parte 5:

Saudade. Foi só o que restara. O único sentimento capaz de afagar e ferir, ser desejado e desejar. Uma dose de esperança embebida em meras lembranças.

Saudade. Um suspiro em nome dos bons momentos. A recordação em forma de vontade. Vontade de ter novamente o que não se teve um dia.

Saudade. O que as ondas sepultam na areia, e o que as borboletas carregam no bater de suas asas. Fora qualquer sentimento, fiquemos com a saudade! Esta que não pode ser maquiada ou inventada. Esta que é arrastada pelo tempo como os ventos ao pôr-do-sol.

Saudade que se vive, saudade que mata.

O jovem Coração de Leão tinha saudade da mãe. De dormir despreocupadamente no seu colo. Tinha saudade da infância, quando beleza não era fundamental, e qualquer pequeno ato era sinal de inteligência. O garoto Coração de Leão tinha saudade de desbravar mundos no horizonte do seu quarto, e de dominar o medo, agarrado ao seu travesseiro. O menino teve sua saudade servida em bandeja de prata.

O jovem tinha saudade de encontrar uma terrível selva em meio a um jardim que ele plantara, colher sorrisos em lábios de açucena e de ver brilhar tais olhos com Íris Cor-de-Rosa.

O garoto com Coração de Leão teve a saudade arrancada do próprio peito. Amor, desamor e dissabor. A saudade se foi, a ferida ficou.

A morte jamais representará seu fim. Será sempre um reinício. Tudo morre para outrora renascer e se renovar. Trata-se de um grande ciclo de “reexistência”. Não morreria ele, ao perder a vida. Morreria somente ao perder a saudade e a esperança.

E a vocês, posso afirmar: Não diria que o Astro com Coração de Leão morrera definitivamente naquela noite, mas posso dar-lhes certeza de que naquela manhã até a noite que sucedera, ele havia morrido uma porção de vezes...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Canção de Ninar - Parte 4:

Desiludida. É assim que se sentia a garota que usava a Meia Sete Oitavos. A garota sempre fora ingênua e sonhadora. Acreditava no verdadeiro amor e na total entrega. Porém, uma decepção mudou o caminho de seus pensamentos. Após perceber o quão ruim a índole de alguém pode ser, a menina perdeu a vontade de sonhar. Sentia-se a única pessoa decente que acreditava na pureza. A garota é a prova viva de que o meio onde se vive pode transformar a mais bucólica moçoila na mais fugaz das borboletas.

Decepcionada. Ela apagara de sua mente o tempo de sua vida em que era uma bobinha (assim a considerava, a partir de agora). Ao contrário do que possam pensar, a garota da Meia Sete Oitavos, não chorou. Passou a cuidar do jardim, como se esperasse brotar algo além de flores. E brotou. Sonhos em lápide de cristal eram tudo de que se lembrava. Era agora, uma Flor de Lótus ferida pela desonra da paixão leviana.

A jovem, que se espinhara numa rosa de dor, prometeu nunca amar, e assim não sofrer novamente. A menina que tinha os cabelos ondulados em sincronia com o vôo das borboletas e lábios de pura traição rubra apegou-se à solidão. Caçadora de corações, a menina da Meia Sete Oitavos possuía toque de Midas e beijo de Judas.

Logo, o jardim florescera como um rio d’ouro que serpenteava o planalto, e desabrochava ao pé da já conhecida Cerejeira.

Certo dia, hipnotizada com a aurora dos vagalumes e embriagada com o pólen das margaridas, a garota viu-se em frente à Grande Árvore. Então se deitando na grama e apanhando um envelope púrpura entreaberto, desdobrou uma carta que passou a ler. Nela dizia:

“Querido Coração de Leão, jamais aceitarei o fato de abandonar-me, todavia perdoarei. Lamento todos os dias, não ter estado contigo, mas saiba que seu doce amor selou minh’alma. Apesar de desacreditado, você pôde amar. Não fugi, estarei sempre a escrever-te, e através de confusas, porém magníficas almas, sei que as mensagens chegarão a você. Espero que cada consolo sirva também a vocês, que se vêem sozinhos. O amor é como um tijolo: Você pode construir uma casa ou afundar um defunto. Sei o quanto o homem é terrível, mas por mais que sintam-se fracos, apeguem-se às obras da Mãe Natureza. Afinal as estrelas sempre brilharão, as flores sempre encantarão e a brisa sempre os acolherá. E a você, meu querido Coração de Leão, desejo que leve consigo sempre e para sempre a esperança de amar...”

Menina da Íris Cor-de-Rosa

Quanto à Garota da Meia Sete Oitavos?

Bem, o que posso dizer é que daquele dia em diante, a Lótus passou a germinar ao lado da Cerejeira, amparada pelas Estrelas e acompanhada dos Vagalumes... para sempre.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Canção de Ninar - Parte 3:

Passando pelo parque, no meio da tarde, o garoto com Sapatos Vermelhos pôde avistar de longe, sob o tronco de uma imensa cerejeira, uma espécie de carta, que chamou-lhe a atenção na mesma hora.

O jovem estava a caminhar, sem rumo certo, apenas em um transe profundo como de costume, quando buscava algum tipo de resposta para uma pergunta ainda não feita.
Nesse momento ele podia concentrar-se e assim desvirtuar-se de falsos apegos (sejam eles materiais ou melódicos).

Ele estava num labirinto. A saída que ele procurava simbolizaria a resposta obtida. Mas ele estava muito longe de adquirí-la. Na verdade, quanto mais caminhava, mais o menino afundava-se no seu subconsciente.

Não prenderei-lhes em demasiados detalhes sobre a vida do garoto com Sapatos Vermelhos, mas o que posso resumir, é que o garoto vivia numa vida que não era a dele. Ele estava a escrever uma história na qual não sabia mais quem era o protagonista. Ele escrevia, apesar de prerferir pintar.

Em busca da sua própria identidade, o garoto assumiu diversas falhas, que carregava consigo até hoje. Cada personagem e cada erro acumulado, o distanciava cada vez mais de quem ele realmente era. Estava ele submerso num riacho de hipocrisia e moralismo.

O jovem tinha sorriso vazio, olhar curioso e cabelos bem penteados que imitavam um sábado de luar. Tinha fala ligeira e inóspita de alguém que tem muito a dizer, mas que faltava coragem de encontrar sua própria alma.

A esta altura, ele não sabia se o que o tinha tornado fulgaz era a pressão do meio que o influenciava, ou sua própria incapacidade de reação. O menino de gestos fáceis e trejeitos misteriosos, tinha alma de Peter Pan.

Mas enfim, sentando-se à sombra da cerejeira, e com uma enorme nuvem cobrindo os raios solares, o garoto tendo a carta escrita pelo menino Coração de Leão em mãos, sentiu-se acolhido. As folhas que caíam da árvore eram como vagalumes que dançavam a seu redor.

Tomado por um espírito zombeteiro, o garoto desdobrou rapidamente o papel, e assim fitou-lhe os olhos, e passou a ler:



"Eu lamento não ter sido forte o suficiente, mas ao olhar pela janela, percebi que a neve havia cessado. O sol estava tímido e soprava um gélido vento, que me hipnotizava. Eu olhei para os lados e não a vi. Eu sei que você estava sozinha, mas eu também estava. Eu nunca pude ser quem realmente sou. Mas você... oohhh minha querida, você será sempre um sonho tatuado na minha alma. És corajosa e sempre será livre. Liberte seus demônios culposos. Mergulhe, corra e grite. Faça tudo que não tive coragem de fazer. Não serei um peso para você como fui para minha mãe. Nunca pude ser feliz, mas agora que arrancarei o mal que tanto arrebata as pessoas, do meu próprio peito, serei livre como você. Espero um dia poder ver seus olhos Cor-de-Rosa novamente, pois o brilho que me foi prometido, não passou de uma utopia.
Agora encerrarei esta história, não mais nos veremos, mas quero que saiba, que eu tive o melhor momento da minha vida, e devo tudo isso a você.
Minha linda, este coração que bateu somente por você, agora não baterá mais..."




Ao terminar a leitura, os vagalumes que ali estavam, rodeavam o garoto com Sapatos Vermelhos, que agora tinha em seu rosto uma lágrima e nada mais.

O jovem levantou-se, e mesmo sabendo que havia outra folha no envelope, dobro-a como antes estava, e deixou a carta onde a encontrou.

Ao afastar-se do local, o garoto sorriu. Ele ainda não sabia ao certo quem ele era, mas havia achado a saída do labirinto, e agora era muito claro pra ele, que essas eram duas coisas absolutamente diferentes.


O garoto encheu-se de coragem, e decidiu ser o que o fazia feliz.

E ao pintar seu primeiro quadro, não pôde jamais esquecer dos vagalumes que dançavam, quando ele foi feliz pela primeira vez.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Canção de Ninar - Parte 2:

A menina da Íris Cor-deRosa, sempre sentiu-se incompleta. De uma maneira que nem ela mesma conseguia explicar, ela sentia-se sozinha e deslocada. Aos poucos, foi percebendo que todas as pessoas tinham seu preço. Mas ela resolveu que as pagaria com amor.

A jovem, questionadora por natureza, era uma artista. Insipirava-se nas mais longelíneas sensações, e assim escrevia. Seu amor pelas palavras era o único a qual ela considerava verdadeiro.

Quieta, de longe observava tudo, e assim tornou-se uma coadjuante na sua própria história de vida. Mal lembravam de seu nome, mas ela não se importava, afinal ela também não o conhecia. A menina que tinha a Íris Cor-de-Rosa como uma violeta selvagem, acolheu-se na luz das estrelas. Vez que outra, era possível pegá-la deitada, observando os céus. Por diversas vezes, viu o sol transformar-se em lua.

Era uma garota de sorriso brando e pela macia e aconchegante. Sua mãe dizia que ela sempre teria seu colo, para afagar-se.

Numa tarde de outono, a jovem recebeu a notícia que mudaria sua vida: Sua família havia morrido num trágico acidente, na qual ela jamais saberia detalhes, afinal após ouvir as palavras "eu lamento", ela correu. A menina correu para nunca mais voltar.

Após sepultar seu último sorriso arrastado por um mar de lágrimas, a menina pode ver no horizonte, um lindo unicórnio branco. Ela sorriu pela última vez.

Sentada na grama de lugar nenhum, onde as brisas pairavam sobre as folhas de cerejeiras que ali perpetuavam há décadas, a garota ficou. Tentava resgatar na memória algum bom momento, para alegrar-se. Não lembrou de nada. Só no que pensava, era que sua mãe havia lhe prometido companhia para sempre. Mas o para sempre foi um para sempre pela metade.

A menina da Íris Cor-deRosa levantou e correu. Correu como se soubesse onde deveria ir. Correu tanto que perdeu o rumo ( ou talvez o encontrou)...

Ao abrir a porta, viu o menino Coração de Leão com os pulsos mutilados e alma vazia. Os pulsos ela pôde curar, mas a alma dele estava longe demais a esta altura...

Passado o episódio, a menina sentia imenso orgulho do jovem Coração de Leão, e toda noite contemplava as estrelas e pescava novas esperanças.

Embreagada no êxtase das palavras, a menina não parou de escrever. Viu nas folhas que virava, um eterno refúgio, e assim mergulhou com todas suas forças. Foi o preço que ela tinha que pagar.

No dia seguinte, a menina havia desaparecido. À noite, duas estrelas brilhavam em seu apogeu, e um livro estava sob o tronco das Cerejeiras. Nele estava gravado o seguinte Epílogo:

" O Menino Coração de Leão e a Menina da Íris Cor-de-Rosa, uma Canção de Ninar".






Os Astros, brilhariam, enfim, juntos para sempre.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Canção de Ninar:

Desolado. Decepcionado com a insensibilidade e fugacidade humana, o jovem Coração de Leão planejou pôr fim à sua existência. Preferia a morte à uma vida sem amor.

Quando criança, sua mãe lhe disse que ele nasceu para ser um astro. Ela não se referia à fama, e isso ele logo percebeu.

Durante sua vida, ele foi discriminado e agredido. Não o aceitavam do jeito que ele era. Coitado, ele não compreendia tanta raiva. Era tão ingênuo, que soava como fraco.

O menino Coração de Leão estava sozinho. Chegou a pensar em mudar e fingir ser outro. Mas não conseguiu. Ele tinha coração. O doce menino aterrado em seu maior pesadelo. As pessoas o acusavam, xingavam e até o excluíam. Ele passou a se sentir estranho. Um monstro! Olhava-se no espelho durante horas e chorava, sem entender o que havia de errado consigo.

Certo dia, resolveu arrancar da sua alma o que todos diziam ser tão ruim. O jovem Coração de Leão com um punhal em mãos e o pulso mutilado, viu as luzes virarem sombras. Por sorte (ou talvez destino), foi salvo rapidamente pela menina da Íris Cor-de-Rosa.

Passado este episódio, o garoto juntou forças e resolveu seguir em frente, após muito esbravejar culpando sua mãe de tê-lo iludido com falsas esperanças.

Ele estava decidido a rebelar-se contra todos. Não aguentava mais ser discriminado. Porém numa noite, acordou de repente de um sonho com sua mãe, e ao aproximar-se da jenela, viu uma estrela brilhar em destaque. Era como se estivesse lendo uma mensagem cósmica.

Passou-se o tempo, e o jovem que teve seu coração congelado pela perversidade mundana agora agia como o inocente menino que sempre foi.

Não se acostumara jamais com tanto perjúrio e ofensa. Ele fugia de tudo e todos. Nunca aprendeu a lidar com as hostilidades. No fundo de sua alma, ele só queria amar. Amar e ser amado. Para ele, este é o único refúgio a qual podemos recorrer. Sem amor, sentiu-se fadado à solidão. Ele sabia que todos são únicos em suas essências, e desejava com todas suas forças, que todos percebessem isso.

Mas o jovem Coração de Leão sentia-se preso a um eterno sonho, que nunca se realizaria. Numa noite, em seu quarto, sendo afagado pela silenciosa brisa de despedida, o menino contemplava as estrelas. Então enxendo seus olhos de coragem (pois as lágrimas haviam secado), empunhou uma adaga na mão esquerda, e num só movimento atingiu o próprio peito. Os olhos fechavam e tudo era tomado pela escuridão, exceto as estrelas que continuavam a brilhar. Ajoelhado e com o Coração de Leão agora perdendo as últimas batidas, põde sorrir aliviado e feliz, pois agora ele teria um Lar.





O menino realmente era um Astro.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Amante em Ascensão:

Embreagado. Depois de embebido a última gora de perversidade e voluptuosidade. Embreagado. Depois de abarcá-lo ternamente. Abalroado. Confuso e trépido. Beijado por lábios de açucenaa com hálito singular.
Meu amante (no sentido romancista da palavra), sequer entende de um ábaco ou coisa parecida. Mas é dono de uma abstança cultural incrível. Ele é do tipo calmo como um sereno e límpido céu, que por vezes abespinha-se como uma ressaca marítima.
Minha amante fulgura e encanta num bailéu sentimental de maneira prudente. Fulgaz e ponderada, guia-me como num cabriolé puxado por um unicórnio.
Dantes perigoso, agora imprescindível. Ele é chuva de prata guardada num frasco de veneno. Recita-me éclogas que soam de forma ingênua.
Minha amante facínora, vil e veloz, leva em seu pescoço, um pendante cor-de-rosa. Veste-se com gabarito e elegância. Isto me atrai. Seu andar é fulgaz e impiedoso.
De maneira lacônica, meu amante conquista-me. Não consigo resistir aos seus olhos de ressaca e à sua voz arrastada. Um beijo de nécar e um sussurr bandido.
Ele/Ela é o meu vício. Meu lábaro ostentado em montanha d'ouro.
Embreagado. Embebido da última gota do seu amor selvagem e ilusório. Satisfeito.
Morte em tráfico de amor.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lágrimas de Peter Pan:

Vítima do complexo de Peter Pan, que não quer crescer porque não quer assumir responsabilidades. O mundo dos adultos é falso e perigoso. Prefiro ficar com meu espelho quebrado de bolso, e enfrentar seu reflexo fadado às injustiças sem pensar nelas agora. Deixa eu voltar a sonhar, e só me acorde quando os doces não fizerem mal à saúde e todos possuírem coração. Quem sabe neste dia, a neve voltará a encantar e eu serei livre para voar. Não estou à procura da estrada de tijolos amarelos, pois não possuo um lar. Eu me escondo embaixo da cama, quando o monstro do armário resolve aparecer, e finjo resolver problemas de gente grande. Não acredito em bruxas, mas sei que elas existem. Tentei arrancar o que de pior havia em mim através dos meus pulsos. Resultado? Matei algo em mim. Lágrimas roxas já derramei e por vezes, fugi de medo. Preso à uma madrugada infinita, sinto falta de amores que nunca tive, e de poesias ainda não lidas. Embreagado de ilusões, fui até onde pude. Agora viro mais esta página. O sonho acabou. O voo acabou. Os tijolos perderam as cores e as lágrimas secaram. Nem mesmo os monstros me assustam mais.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Às vaidades que se Consomem:

Estive resgatando lembranças num transe do passado.
Afogando sonhos e pescando esperanças
Num mar de estrelas que percorre meu corpo.

Fulguras de um horizonte tão mágico.
Estive preso a contos e fábulas, de um tempo inexistente
Resgatando corações em campos de batalha,
E soldados no abismo de suas almas.

Resolvi então, vestir-me com todas minhas cicatrizes,
Para que todos pudessem ver o que deságua do meu ser.

Estive numa fuga alucinógena,
Contrabandeando emoções num tráfico inóspito.
Correndo na pista das mentiras,
E saltando em indignos obstáculos.

Ao longe, serpenteando o córrego da minha mente,
Surgiu a neblina da inveja.
O que poderia fazer?? Apenas cantar.
Cantar para o mundo, sonetos de pura entrega,
Implorando que me deixem ser quem eu realmente sou.

Estive driblando os contratempos, e com eles
Afastando as sombras brancas do voo das borboletas.

Estive a cantar para o mundo, sobretudo,
Pela esperança.


Peguei então em minhas mãos, o fogo das vaidades,
E como que num piscar de olhos,
Ele se consumiu,
E assim extinguiu-se.

sábado, 7 de maio de 2011

Quais suas Experiências?

Já me joguei numa piscina, desejando não voltar.
Já deitei na grama e assisti a lua virar sol.
Já observei a cidade de cima, e não achei o meu lugar nela.
Já me apaixonei e pensei que seria para sempre, mas o para sempre foi um para sempre pela metade.
Já fiquei olhando as estrelas e pescando sonhos.
Já bebi whisky até não sentir mais meus lábios.
Já apostei corrida, descalço no asfalto.
Já entreguei flores, e com elas, a esperança de um desamor.
Já me senti sozinho, rodeado de milhares de pessoas.
Já acordei durante a noite, e tive medo.
Já gritei de felicidade.
Já chorei perdas imensuráveis.
Já lamentei a falta de amigos que se foram.
Já me questionei motivos para ainda sorrir.
Já tive o coração partido, e parti tantas outros.
Já durmi ao volante, com a intenção de não mais acordar.
Já desejei seguir diversas profissões, e hoje entendi que por traz delas diversos sonhos se afogam.
Já roubei uma flor, num imenso jardim.
Já mutilei meus pulsos, tentando arrancar deles marcas que selam minha alma.
Já me senti o garoto mais feio do mundo, e nunca superei o complexo de patinho feio.
Já me senti um covarde, ao gaguejar na frente do espelho em treinos de conversas que nunca existiram.
Já fugi, briguei, insisti e enfureci.
Já esnobei, com um complexo de Napoleão.
Já me arrependi e era tarde pra me desculpar.
Já recusei desculpas porque era tarde pra se arrepender.
Já experimentei todas as drogas, e a que mais gostei foi a música.
Já dormi ao som de uma trilha sonora triste.
Já fui a um funeral, e não senti nada.
Já fui beijado, e não senti nada.
Já sucumbi aos meus sentimentos, e me arrependi.
Já fiz sexo sem compromisso e não me arrependi.
Já tive vontade de matar!
Já me senti morto.
Já quis viver para sempre, para entender a humanidade.
Já condenei a todos por minhas infelicidades.
Já julguei precipitadamente e já fui julgado tarde demais.
Já estive no meio do deserto, sozinho, e senti teu perfume.
Já quis morrer, e assim matei parte de mim.
Já quis viver mais...e vivi!






E hoje, preso a essa madrugada, escrevo, sozinho, como sempre estive. Explicando de forma subjetiva tudo que já senti e tudo que denovo sentirei.

E ao ler e reler, indignado, à pergunta sobre quais minhas experiências de vida, deixo a seguinte indagação:

--Como posso ter experiência alguma, se tudo o tempo todo está em transformação e nada volta a ser como era?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Finita Certeza:

Você eu não sei, mas eu pretendo é viver para sempre. Reconheço que o sucesso do plano não depende só de mim, mas tento fazer minha parte. Evito as brigas e discussões desvairadas (exceto quando estas ferem meu orgulho), realizo exercícios diários, cuido da alimentação e higiene... mas também, quem dera a eternidade dependesse apenas de esforços vaidosos.

Mas pensando bem, a vida eterna nos trará problemas. A finitude sempre foi uma angústia humana, mas também um consolo, pois nos desobriga de entender a razão da existência. A ideia religiosa da vida após a morte é duplamente atraente, afinal nos dá a eternidade sem a perplexidade de entendermos tudo agora.

E quem sabe, num prolongamento da minha vida, teria mais tempo para amuderecer conceitos e sensações. Talvez até passe a compreender as razões que me levam a amar. Tudo bem, admito que não tenho todo esse otimismo. Mas pelo menos não teria que especular sobre como tudo vai acabar porque nunca vai acabar.

Ah se bastasse tempo para saber do Amor! Aposto que em milhares de anos, continuaria sendo um tolo... um tolo amante. E mesmo com esta vida, que tem seus dias contados, sei que o amor que por vezes renego, é o único remédio infinito da minha dor.

Já na eternidade, sem precisar morrer, a angústia da finitude é substituída pela angústia da incompreensão infinita.

Estaremos ridiculamente fadados a estar nesta bola magnética, olhando para as estrelas e perguntando como e por que -- para sempre.

E viver neste mundo de preocupações, desolado do amor, é como não ter um Lar. E como não tenho um Lar, estou por toda parte. Espalhado, em busca de pedaços que me faltam.



Um inverno de renascimento traz adiante uma primavera... de desolação?



Mesmo dentre fracassadas tentativas de extrair do mundo, o segredo para a longevidade, no fundo, sei que basta embeber do teu amor nesta frágil taça que é a vida, para que nossas almas vivam juntas para sempre.






Inspirado na obra Viver Para Sempre! de Luiz Fernando Veríssimo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Meu Diamante Púrpura:

E mesmo com este silencioso grito desesperado, poderia jurar que era um pedido de socorro. Irrelutante, e talvez irreversível grito. Um chamado cósmico, vindo de longe. Parecia um idioma inflexível e desnorteado, que inebriava pairando ao meu redor. Minha mente estava tão confusa que só pude sentir um arrepio que atravessou minha alma e a partiu em dois lados desiguais.

Talvez não fosse um pedido de socorro, e sim um chamado. Duvidava dessa capacidade, até então. Mas há certas coisas, que são irremediáveis e inimagináveis. Aos poucos, era como se uma sensação longíqua de frustração tomasse conta do meu corpo e mente. Me sentir acuado e desprotegido. Mesmo assim, preferia sentir aquela dor do que não sentir nada.

Assim como a fé, que resgata a vitalidade se alimentando de lembranças enterradas em túmulos rasos, a esperança parecia renascer. Por mais que eu não entendesse sequer uma palavra deste viajante intergaláctico, me sentia compreendido e afagado.

Velocidade supersônica e poderes sobrenaturais. Não, eles não me surpreenderam. De alguma maneira, eu passava a entender sua linguagem. Podia ler seu coração, e ele estava tão assustado quanto o meu.

Este amor me deixou fora de órbita, inerte. Aos poucos eu percebi o quão vazio eu era, e quão feliz estava agora. Eu fui abduzido pelo seu espírito. Era como se minha alma fosse libertada pelo viajante das estrelas, e agora ela voava junto a ele.

E tudo que eu idolatrava como forma de comunicação, perdia seu valor. Agora nos entendíamos de um jeito totalmente transcendental. Raios púrpuras e toques de diamante: Era tudo que eu podia ver e sentir, e isso me completava.

Nosso amor seria eterno, como uma explosão de estrelas de nêutrons. Este foi o meu segredo durante anos. Refúgio inóspito da covardia mundana.

Minh'alma em cristais de libélula o entreguei, e em troca perguntei o nome do meu Viajante amado.
Ele apenas respondeu:

"Não julgue-me por pseudônimos ou codinomes. Chame-me como quiser, afinal serei eternamente Teu Viajante. Você ouviu meu pedido de socorro. Eu estava confuso e inseguro, mesmo assim você abriu sua alma para me acolher. Achei o que procurava. Tu és meu maiorastro, minha insígnia da maior das vitórias. Tu és meu, bem como sou teu."



Deste dia em diante, tive a certeza que mesmo que eu falasse a Língua dos Anjos, ou a Língua dos Homens, sem o seu amor, nada seria...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Falar-te de Mim

Bastaria para eu me perder em meus sonhos, que ele não dissesse nada. Sua falta de argumentos, me desnorteava. Quem sabe porque ele não tinha o que dizer. Ou talvez porque nada o que dissesse mudaria minha opinião agora. O fato é que ele ainda me fazia perder a fala, mesmo em silêncio.

Bastaria então, eu viver essa tal de abstinência poética, para que ele tivesse muito o que contar. E esse excesso de informações, que outrora era inexistente, agora me avassalava como uma avalanche. Perdia então, a fala novamente.

Bastaria ainda, que dissesse que me ama, para que todas minhas certezas almejadas se rompessem e esfarelassem em novas incertezas. E tudo que havia planejado, teria que ser repensado. O que posso dizer?

Bastou ele dizer-me que me ama, e eu tolamente acreditei com todas as forças, e assim creditei nele toda uma confiança renovada pela dor. Bastou-me ouvir juras (que por vezes soaram como injúrias) para empunhar-me de esperanças e afagos. Mas tinha muito a ser dito.

Não bastasse desarmar-me de todas as malícias e propecções, ainda atirou-me num inebriante mar de culpa. Ora, cala-te. Eu sabia o que tinha de ser dito.

Bastaria-me sussurrar palavras ao vento, e ao deleite de ouví-las, poderia descansar em paz. Mas parecia que ele havia as catado (e assim acatado), e com um único e certeiro golpe, fez-me acreditar nele. Basta! Não posso pestanejar. Tenho que lhe dizer...

Erguendo-se tiranamente perante meus encabulados olhos, fixou-me um também tirano olhar, à espera de minhas condolências. E assim bastou-se, para que eu lhe dissesse, num só tempo:


"Não sei de que lado estou, nem para qual lado correr, ou ainda qual lado comprar, mas sempre que disseres que me ama, eu hei de acreditar".


Fitou-me então, perversamente e sorriu.

Quando dei por mim, o via cada vez mais longe, mais distante, sombreando o horizonte. E ao acordar, lá estava ele, devorando-me com um malicioso (mas terno) olhar. E bastou-me então que ele dissesse "Eu te Amo", para que eu o amasse novamente.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Excentricidades à Parte...

Então talvez eu não passe de um carente declarado. Ou quem sabe seja um egocêntrico frustrado. Por que é tão difícil aceitar os fatos? Será que isso é teimosia ou uma ânsia incontida em lutar pelo que queremos?

Não há caminhos fáceis, e nem escolhas certas, afinal sempre parecerá que escolhemos as erradas.

Vejo dezenas de pessoas perambulando por aí, como se não estivessem à procura de nada. Será que elas já encontraram o que queria ou desistirar de procurar? Ouvi dizer que quem se define se limita, mas quem consegue se definir? Eu nem sei do que gosto '-' Por que então, mesmo sem sabermos quem somos, passamos a vida toda procurando o Amor? Amar para ser amado. Ou quem sabe ser amado para fingir amar? Ora, sejamos sinceros: Também não sabemos ao certo o que é amor. Apenas temos a ciência de que é uma sensação de felicidade e plenitude, que a qualquer momento pode nos arrebatar. Ah sim, sabemos também que este tal de amor faz as pessoas chorarem, perder o sono, serem infantis, birrentas, tristes, melancólicas... Afinal, amar é viver então!

De fato, é preciso ter amor para sorrir e chorar. Ninguém vivi por nada. Cada um busca, no final das contas o alimento de suas almas (e ao mesmo tempo, um refúgio). Buscam motivos para viver. E dentre tantos motivos, às vezes escolhemos os errados. Ou ainda, diria que gostaríamos de escolher apenas uma vez. Triste comodismo que almejamos! Sim, porque bem lá no fundo, naquele pensamento que não contamos nem para nós mesmo, podemos admitir que não queremos tantos desafios assim.

Por que então citar o amor em qualquer situação torna o momento mais sério ou importante? Dizer "Eu te Amo" vale mais do que a convivência diária e os desafios temperamentais?

Difícil acreditar nisso, depois de ver tantas relações visivelmente fracassadas. Será que o errado sou eu, de não arriscar?

Bem, sinceramente eu gostaria de facilitar tudo. Por um momento, me jogar sem pensar. Mas eu sei que quando abrir os olhos, continuarei acorrentado na insegurança (e talvez até no arrependimento). E também, pudera. O amor não é um mar de rosas, apesar de ter diversos espinhos.

Mas talvez, se jogar numa relação não seja sinal de coragem, e sim de fugacidade. Vai entender né?!



Acho que no final das contas, saberemos o momento certo de agir. E se não soubermos...











... Ora, então que sejamos fugazes...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

À Procura da Felicidade:

Ora, quem nunca desejou ser você mesmo, por um dia ao menos? Esse lance de ser exatamente quem somos, ainda nos levará muito longe. Mentir, omitir, interpretar... Somos todos atores, encenando nossas próprias vidas, sem tempo para ensaiar. Tudo na base do improviso mesmo. E além de tudo, ainda temos que amar, ser amados, trabalhar, estudar... E lidar com tantas outras angústias e desejos. Buscar respeito e respeitar, temos que ter vocações e também inspirar dúvidas.

Dentre tantas relações (e interrelações), temos que lidar com todas nossas orientações (e desorientações) sexuais. Ainda dançamos e cantamos, construindo nossa própria trilha sonora. Buscamos entendimento, e fazer-se entender.

Precisamos ter amigos, para todos os momentos, e de ex-namorados (para os momentos de raiva). Vez que outra, temos que surtar, perder o controle e brigar com todo mundo. Só assim, exerceremos o arrependimento.

Temos que aceitar os erros, e aprender com eles. Fazer algumas promessas e quebrar tantas outras. Nos apaixonamos por quem não devemos, e ferimos alguns corações apaixonados. Mantemos as aparências, e mudamos a nossa diversas vezes.

Saímos de casa sonhadores, e voltamos sonhando mais ainda. Vivemos de refúgios e de certas decepções, e assim escrevemos nossa trajetória, de acordo com nossas escolhas.

E apesar de tudo, às vezes, o mais difícil é ser Quem Somos.



Afinal, não há nada mais subjetivo do que a Busca pela Felicidade.







"Pudera uma vez sequer, jogar tudo pro alto e se desarmar de tantos pudores e defesas. Ouvir as críticas e simplesmente fingir que não é comigo. Aceitar um pedido de namoro e não ter que abdicar da liberdade. Terminar um romance, sem mágoas. Acordar e perceber que o que um dia me feriu, hoje não tem efeito. E ter certeza de que ainda tenho bons motivos para sorrir. Quem dera mentir em busca da verdade, ou quem sabe esquecer as preocupações e deveres, e deliciar-me num utópico desvaneio juvenil...







...Quem me dera, ser Feliz."

quinta-feira, 31 de março de 2011

Amor das Minhas Vidas:

Você se lembra daquele tempo? Quando nossas mãos se tocaram pela primeira vez e nossos olhos se encontraram, pude sentir nossas almas unidas.


Lembra-se daquele outono cinzento?, Tudo parecia tão complicado a ponto de acharmos impossível ficarmos juntos. Algo aconteceu naquele gélido outono. Minha memória parecia fraca, e as minhas pernas tremiam muito, só de te olhar. Éramos tão jovens e inocentes. Perdi muitas noites de sono, pensando em você. Mal te conhecia, mas desde o princípio me senti fortemente conectado a você. Todos duvidaram que um dia seríamos felizes. Tantos imprevistos... Eles tentaram impedir nossa aproximação. Mas vou te confessar uma coisa: Minhas pernas ainda tremem quando te vejo.


E do inverno, lembra-se? Lembro como se fosse ontem da sua pele aveludada, dos seus olhos brilhantes, Nunca vou esquecer do nosso primeiro beijo. Foi tão impulsivo que até pareceu natural. Quando os seus lábios tocaram os meus, foi como um despertar. Mais do que nunca tive certeza dos meus sentimentos. Meu coração pulsava rapidamente e minhas mãos gelaram como nunca. Seu abraço sempre me aqueceu ternamente. Afinal, era realmente inverno? Admito, ainda fecho os olhos e sinto meu coração desparar ao lembrar do teu beijo.


Em seguida, chegou a primavera. Ora, como esquecer da primavera? Meu amor por ti, enfim desabrochou. Não, ele já existia, vivo dentro de mim. Mas com as flores perpetuando e o sol que emanava um radiante suspiro, não pude evitar, e declarei-me. Desde então você passou a fazer parte da minha história de vida. Não poderia mais citar-me como um frágil garoto sozinho no mundo. Senti teu coração batendo e nossas almas conversando.


Chegado o verão, aproveitamos os dias infindáveis e infinitos paa brilharmos com o astro-rei. Saímos, passeamos, cantarolamos e nossas almas estavam a dançar. É, eu nunca me esquecerei daquela noite. Sozinhos e enebriados com o perfume dos céus. Estávamos a contar estrelas. Num lampejo, tudo aconteceu. Deitados, pescando sonhos, e cruzando os dedos veementemente ao ver passar uma estrela cadente. Meu desejo foi óbvio: Que nosso amor perpetuasse pela eternidade. Ao abrir os olhos, não ouvia mais seu coração bater. Minha alma estava desolada, aflita. Meus olhos encharcaram e minha voz emudeceu. Você estava gélido, e eu estático. Acabara de perder meu amor. Meu coração transbordou em lágrimas e pensei rapidamente em unir-me a ti. Foi então que senti o teu calor tentando consolar-me. Nada poderia nos separar... Poetas morrem, mas suas poesias vivem para sempre.






Lembro como se fosse hoje, o dia em que nossas almas se tocaram pela primeira vez...