quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sob à Auréola:

No escuro é onde escondo meus medos, respondi a ele. Quando as luzes se apagam e as cortinas abaixam, a dramaturgia continua em cicatrizes, lágrimas, sorrisos...
No escuro, quando a mentira te consome e a verdade parece congelar a razão, minha criatividade exarceba.
Eu sou um teatro, não pense que sou real. Todas estas respostas foram planejadas. No escuro é quando sentimentos perdem a significância, e o sexo parece mais convidativo.


Uma criança será sempre uma criança, e não há nada que possa mudar isso. Nem o tempo, nem ninguém. No final, tudo não passará de uma mancha tangível na luz.


No escuro é onde as sombras te perseguem, onde nada pode te fazer mais mal do que você mesmo. O suicídio cada vez mais, parece a única solução. Eis o refúgio do poeta solitário, onde as respostas se deseiam por si próprias e flutuam como prismas intercalando-se pelo ar. No escuro é onde o movimento torna-se real e fica fácil acreditar em compaixão.

Meu mundo é um lençol cheio de espinhos. Uma dose de veneno diário, embriagado de luxúria. Meu mundo é coberto por um manto escuro de aflições. Nele não existem espelhos. Apenas um brilho fosco de ingratidão e orgulho.


Acho que o escuro é o meu novo melhor amigo. Diferente do que pensam, não há monstros por aqui. Eu sequer acredito em bruxas (apesar de saber que elas existem). Sob à proteção da luz, fica até fácil arrumar uma boa desculpa pra ser uma má influência. Afinal, todos sabem que não se pode confiar no escuro. Lá é onde os segredos perpetuam e os mistérios renascem. Somente em derradeira escuridão meu mundo será completo e as luzes por fim se extinguirão.


Neste dia, todos serão recompensados por seus pecados inertes e suas almas em rendição. Bendito seja a redenção da santidade!



Enfim meu mundo será verdadeiro e as mentiras reconhecidas.
Eu sou apenas um santo tolo, cúmplice de uma vaidade descabida, mas sei que Você me crucificaria por menos...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Enfim, Adeus:

"Não há nada mais sincero do que viver. Olhar o passado com 'esnobismo', mas acima de tudo com nostalgia. Dentre túmulos agonizantes e um arvorecer de ingratidão, chorar por boas lembranças. Afinal, lembranças sempre serão boas (nada é tão ruim que queiramos selar no tempo).
Afogar as mentiras e afagar as verdades. O que fomos e o que seremos. Fantoches de visual cafona, certezas impregnadas de novos questionamentos, realidades baseadas em utopias.
Tudo, o tempo todo está em mutação, mas hora ou outra cairão naquele velho sono de abandono chamado morte.
E no final, não há nada mais falso do que viver".




Hoje numa rua vista em sonho, despertei de uma lembrança há muito tempo maquilada. Versos e poemas que descreviam nossa adoração expectante. E só agora vejo como sinto falta daquela velha bagunça quente, que debaixo dos lençóis me desconcertava. Perdi aquela tal paixão estagnada e vesti-me de um olhar desnudo. Ah, lindos dias foram aqueles... Ora, que estou falando? Ingratos e repudiosos dias foram! Me enganaram. Eu realmente pensei que seria pra sempre. Tá bom, eu não tava pronto, mas ter um pedaço do paraíso por pouco tempo dói mais do que viver no inferno pra sempre.



Você foi meu melhor outono.


Só agora percebo que cada gole daquele uísque que anestesiava meus lábios valeu realmente a pena. Até seus beijos cheios de cinismo e terceiras intenções me tornaram cúmplice desse amor de meia estação.



Eu não sou bom com as palavras, e sei que tudo não passa de um sonho, ou mais um estado de embriaguês, mas ainda assim, largaria esta rua abandonada, beberia aquele uísque vagabundo e faria as pazes com esse passado ingrato. Quem sabe assim ele me enviaria uma overdose ou me condenaria enfim à solidão. Sei que tudo valeria a pena pra ter seu beijo tácito e seus fingimentos de volta na minha vida.



Mas quem sabe um dia, na imperdoável e sarcástica mão do passado, eu possa lembrar de ti com mais exatidão e menos euforia.


Prometo que nesse dia quebrarei minhas promessas e te enviarei uma carta -- mesmo sendo péssimo com as palavras -- e quem sabe você me retorna com um pouco de santidade e um punhal de lágrimas.




PS * Nunca esquecerei das suas mentiras (que eu ainda sustento) e da sua voz (que ainda me perturba).
Em cada momento, por mais que irreal, eu te amei.

sábado, 10 de setembro de 2011

Meu Mundo Celeste:

Atou-se num só suspiro, com a alma em chamas. pôs-se a chorar aliviado, com uma satisfação que incendiara sua face. Agora o desespero fora extasiado por um âmago de amante sem culpa. Dançava ao redor das rosas, anestesiado pelos espinhos. Viu a lua tornar-se sol. Centena de vezes sem êxito. Ainda assim, todas aquelas noites pareciam valer a pena.


Agora com a vaidade em punho e as dúvidas obliteradas, enfim entregou-se por completo. Roleta-russa desregrada.


Agora seus pecados me pertenciam e não havia do que se arrepender. Eu era o destino alado que sombreava sua compaixão.


Meu frágil cupido! Ele jamais saberia a verdade, mas viver aquela utopia o deixara excitado. Maquinou planos e escrevera um futuro para nosso amor em caos selado.


Roubei dos seus lábios a ternura de mil querubins e acendera em seu espírito o prazer pecaminoso da dor e submissão.


Espelhos infalíveis! Arma mortífera da verdade condenatória.


Enfim ele julgara-se vitorioso. Quem sou eu para desiludí-lo? Bastou morder o lábio com sede infinita e perjúrio celeste para que eu lhe desse meu mundo.



Quis viver mais... E viveu!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pecado Rubro:

Faça de mim um pedaço de pecado. Um sonho em consumismo transversal. Como numa orgia à santidade em degradação.

Faça de mim a dor, a mágoa, a raiva e a inveja. Mergulhe na solidão em sombra de julgamento. As luzes lá fora te abandonaram. Amar-me é imperdoável!

Faça de mim o sopro que te espanta, o grito no silêncio e o medo do arrependimento. Serei seu guerreiro, sua espada e escudo. Seu mensageiro em campo inimigo.

Faça de mim o despertar da madrugada e a insônia do sol.

Eu sou teu refúgio. Serei a droga que sustenta teu ego e o hálito que congela teus lábios.

Faça de mim o orgasmo da tua alma, a dose diária de tristeza embriagada.

Faça de mim o sexo descompromissado, a promessa de amor eterno (E eu nem preciso acreditar).

Apenas faça de mim parte da sua vida. Seu objeto de prazer sem regras e sem remorsos. Dançaremos esta noite como se fosse a primeira.

Faça de mim a parte que corrompe teu espírito e eu serei sua noite e seu dia até que o amor acabe.

Eu prometo ser a poesia fora da linha, as estrelas nos teus olhos...


Você pode fazer de mim o seu teatro particular, embora eu seja apenas um ensaio.