sábado, 29 de outubro de 2011

Overdose:

Eu sei que eu tô sozinho, mas não sou só eu. Todos estão sozinhos, cada um no seu canto, e é assim que deve ser. Mesmo aqueles que partilharam da adrenalina comigo. Aquele pessoal do pacto de sangue... Um bando de alienados entregues à sorte. Eu escreveria uma carta a cada um que vi crescendo e perdendo a razão, mas a essa altura minha ausência será um presente mais válido.



Chega uma hora que a realidade vem à tona, eu sei, mas vou prolongar isso ao máximo. Só assim conseguirei encarar este perdedor no espelho. Não tô falando de fugir do inevitável. Mas é melhor aproveitar enquanto todo esse barato tem efeito...



Eu só fico pensando se alguém me espera no fim deste túnel, quando esta dor acabar -- se acabar. Quando se entra nesse mundo viciante e alucinógeno, tudo te leva aos extremos: Numa hora tu tá encarando Deus de frente, noutra tu tá abraçando o Diabo...



Chorei demais, sorri demais, fingi demais, briguei demais, amei demais... Acho que fui um exagerado! Fui fraco, e no final das contas afundei nesse subsídio de exageros.


Não carrego a culpa completa! Se não fosse a maldita monotonia... Talvez eu fosse menos imbecil e tivesse parado no primeiro teto preto que bati.



...Já entorpecido num dia verde, ouvi vozes que calaram no escuro, e vi duendes me arrastando pra uma sinfonia que perturbava meus ouvidos.
Malditos sinos! Eles ecoavam em cada dose de tequila que queimava meu exôfago.


Do último vértigo que tive, pouco lembro. Achei que minhas veias brilhavam, como que incendiando, mas as marcas ainda eram as mesmas de meses atrás. Só o que mudara, era uma ou duas tentativas a mais de arrancar o mal pelos pulsos.


Eu sei que eu tô sozinho, e que nunca vou me sentir à vontade num lar.



Quando tudo que tu sempre desejou torna-se real, o irreal parece mais possível de tocar do que nunca.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sob o Último Amanhecer:

Há uma chama ascendendo dentro do meu coração, e cada escolha sufocada pelo seu egoísmo, agora pulsa em minhas veias.
Todos os sonhos que você implantou na minha mente, e todas as mentiras que eu suportei não sustentam mais meus desejos. Pare e veja o que eu faço com cada pedaço seu! Eles desmoronaram como areia, igual aos pilares da Igreja.

Você nunca foi nada mais que um brinquedo confuso. Eu esperei o tempo todo para que você energizasse minha alma com seus suspiros egocêntricos e seu sexo forjado de sombras.


Se o meu corpo estivesse incendiando, você ficaria me vendo queimar? Você me salvaria deste pesadelo?


Mas agora não há nada que controle essa tempestade. Toda noite meu corpo é entregue às pragas do seu passado inóspito... A sombra do fundo do necrotério. Por favor, pare esta dor que vem rastejando e me devorando por dentro!

Guardarei suas cartas com pedidos fúlgidos de desculpa, para que acalentem minha esperança de aventureiro. Quem sabe um dia, relâmpagos rasguem os céus no entristecer do crepúsculo.

Nosso amor alado foi concebido do ódio e da vingança (em cristal de saudade), fincado ás ondas que sepultam na areia todo o tempo de nossas vidas como brisa de abandono.


Apenas deixe-me te abraçar pela última vez, a última chance de sentir de novo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Perdão (Um brinde a isso!)

Por todas as lágrimas que partiram nossas almas e tiraram nosso sossego. Por cada momento que nos sentimos destruídos e vazios. Cada angústia consumida e afagada num copo de uísque vagabundo. Por cada pulso mutilado e fraqueza abnegada. Um brinde a isso!

Em todas as vezes que me apaixonei por você, e em cada dia que você me ignorou. Sempre relutei, e tentei uma vez mais. Cada grito de socorro que fui obrigado a engolir toda vez que queria chorar nos teus braços. Um brinde a isso!

Por cada momento de ingratidão. Cada sorriso ainda assim parecia valer à pena, porque sempre que você me olhava eu tinha um pedaço do céu. Eu te amei do jeito que você é. Achava-te incrível! Por cada momento de mágoa que eu suportei, cada dia dedicado a essa ironia. Um brinde a isso!

Agora brindemos pela morte, e pelo que ela nos ensinou: que podemos ser felizes do nosso jeito. A vida te engana, nem tudo são espinhos (e se forem, aperte-os até não sentir mais os dedos... até não sentir mais nada). O reinício pode ser tardio, mas os fogos ainda não explodiram nas estrelas, então acho que posso brindar a isso também.

Um brinde a todos que vivem do medo, da surpresa, da insegurança. Um brinde a todos que já sofreram, e a todos que amaram. Ergam seus copos e brindem!

Um brinde às estrelas flamejantes, à harpa em ressonância, à escuridão do fundo da mente. Que em cada arranha-céu, cada borboleta traga consigo um pedaço de fé.

Que meu ego (e “alter-egos”) imortalizado em palavras, possa ser a salvação de um novo Coração de Leão. Que cada Conto de um novo ser viva. Viva para que um dia possa morrer. Um brinde a isso!




Malucos, racionais, perturbados, medrosos, falsos, bizarros, estranhos, fúteis, hipócritas, insanos, descrentes, idealistas, revolucionários, rebeldes, acomodados, inseguros, desconfiados, astutos, críticos, inovadores, intensos, levianos, impacientes, honestos, egoístas, autoritário, sonhadores, escritores, leitores...


A todos capazes de amar, desarmar e perdoar.
Um brinde!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tributo Cármico:

Despeje sobre mim esse louco amor obsessivo. Eu preciso dessa fúria descabida de um furacão impiedoso. Atinja-me com toda sua paixão, enraizando meu espírito como um cristal translúcido de fino prisma. Estou falando de um sonho aterrador em cemitério de desejos. Cerque-me com seu aroma de bem querer. Eu quero ser posse dessa paixão inflexível. Sou vítima desse estigma do tempo, essa força autodestrutiva que me mantém submisso desse amor.

Algeme-me como refém de uma ira titânica sobre punição de amor perpétuo e infinito. Ate-me na sua malícia imprudente e absorva meus medos com seus lábios doces de pecado.

Eu serei seu anjo de trajes cerimoniais e te levarei sob o abrigo cósmico (posto às asas da eternidade) para as fantasias de perjúrio imperial.

Lance sobre mim os raios que bloqueiam a luz destas flechas derradeiras em abrasão, nesta rouquidão do silêncio atemporal.

Faça de mim seu garoto dos bastidores—seu garoto dourado --. Eu quero seu beijo sujo do couro na areia.

Quero morrer sobre teu amor com sabor de vingança e embriagar-me com sua insensatez de amante suicida.