quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Décimo: Uma Pessoa a Qual eu Amaria, Se Acreditasse Nessas Coisas...

"Talvez você tenha chegado num ponto muito alto. Onde sua casa queimou sem que você percebesse e as multidões deram vez ao vácuo montanhesco da solidão. Mas as perguntas continuam. Aaahh não, elas nunca param! E mesmo com estas ruínas e pedaços pendurados, você ainda se pergunta se esta é a hora de insistir ou deixar morrer. "


Ele queria uma fórmula, um conceito. Eu inovei todos os ares e respirei por ele, quando mal conseguia por mim mesmo. Agora eu não posso dar dicas, mostrar flechas, entregar-lhe um mapa. Eu já dei mais de mim do que daria pra qualquer um, normalmente. Mas nesse tempo, meu eixo entre a normalidade e o paradigma se confundiu bastante. Eu já nem sei mais o que eu queria. E claro, o porquê. As perguntas, sempre elas. Me paralisam. Me consomem. E no silêncio da ausência de resposta, nossas mãos se desprenderam, e seus olhos perderam o sentido pra mim. Eu o atropelei, antes que me ferisse. Eu não tinha uma segunda chance, não podia errar de novo. Então, ataquei.


Algumas dúvidas do passado devem ser enforcadas, antes que elas retornem. Em alguns momentos até nos iludimos com a possibilidade de reatar e consertar gestos e ações que não foram bem sucedidas. Mas as coisas não têm que dar sempre certo. Não precisam estar corretas. Nem sentido elas precisam ter. E persistir numa má escolha, te leva pra um caminho irremediável. Seja forte! Seja aquilo que você sempre sonhou. Só dessa vez, não dê as costas. Não ignore. Encare. Pela última vez. Dê a pá de areia que esta vida necessita. Afogue esta ansiedade. Beba. Consuma-a. Entre no próximo bar e dê um jeito.
Todas essas palavras que eu gritava, emudeceram enquanto os olhos reabriram pra mim, e as mãos tocaram as minhas, de novo.



Eu comi as rosas mesmo não saboreando-as, me embriaguei de esperanças como nunca tivera feito, e fiz desejos lançados a algo maior, soberano, transcendental. Queria uma voz que me ouvisse. Naturalmente isso me incomodaria. Mas eu quis experimentar a sorte infantil, o contragosto desse duelo com a verdade.



Mas quer saber? Eu sou Clive. Não preciso de jogos, nem de duelos. Não tenho que provar nada, nem a mim mesmo. Deixo que meus medos falem alto, grito, corro, bato, xingo. Sou quente como as lâminas de uma espada que ringem no chão, em plena guerra. Sou aço e rocha. Eu bebo os problemas e os amores. E se duvidar, ainda brindo com um desconhecido antes de devorá-lo. Eu mostro a face da sedução, do convite imprudente, sacana. Eu mordo lábios, e deles nunca mais saio. E se quiseres amor, ache um motivo para gostar de si mesmo, porque eu transbordei minhas fichas na última máquina, peguei um táxi sem dinheiro pra pagar, e ainda consegui uma noitada com o motorista. Porque eu abuso das possibilidades e vejo sexo em quase tudo. Então se você quiser alguém de fato, venha mais perto e lamba meu pescoço, porque hoje eu serei o seu amor e o seu benzinho. Só não espere considerações e um anel de compromisso.


Porque minhas noites são cheias, mas pela manhã minhas palavras são vazias.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Nono - Em Cada Pedra Dessa Rua, Há Um Pouco de Mim


"E naquele momento, quando decidi que não queria mais voltar para casa, percebi que pela primeira vez não tinha tomado essa decisão por ser mimada ou fugir dos relacionamentos que eram importantes. Naquele momento percebi que o objetivo não era "concertar" todos relacionamentos conturbados que eu tinha, e sim apenas seguir em frente. Não ficar remoendo ou tentando remendar as coisas, porque na verdade tudo nessa vida tem a oportunidade certa, e não adianta insistir, pelo contrário, insitir no que não foi é ser masoquista.
Aquilo era sobre eu percebendo que abrir mão de um relacionamento que me fez mal era a prova de que pela primeira vez estava sendo a menina corajosa que sempre quis ser."

Pandora, Desejo.



Gosto deste trecho acima. É de um livro. Muito bom por sinal. Às vezes acho que sou mais um personagem nesta história. Porque o retrato da vida tem vários ângulos, e o livro 'Desejo' dá uma porção deles. Onde eu deveria estar?


Triste melodia carregavam aquelas árvores. Adentrei numa rua coberta por elas. Folhas grandes e vistosas. Abandonadas no silêncio das suas cores. Banhadas pelo sol e a lua, respectivamente. Uniformes. Formavam uma corrente pela qual eu queria ser embebido. Meus passos quase ecoavam por lá. A rua tinha pedras avermelhadas e deformadas. As calçadas tinham bancos acinzentados que na certa assistiram diversas lágrimas e beijos. Telespectadores das vidas que por aqui desfilaram. Eu era o novato. Mãos vazias. Bolsos vazios. Histórias a escrever.


Sentei na beira da calçada. Tinham algumas formigas por perto que marchavam categoricamente em fila. Demorou pouco para que o sol adormecesse. Os últimos raios alaranjados foram uma pintura incomum. Passei a mão pelo cabelo e deitei no banco. A nostalgia me atingiu como um cão que corre para pegar o osso que o dono lançou. Brincadeira boba que os caninos agradecem com um balançar de rabo. Deve ser sarcasmo deles.

Eu me alimento de dor. Mais do que simples quebras de contrato, eu me deleito com o sofrimento. Eu entro nas vidas e as manipulo. Com facilidade. Logo todos jogam o meu jogo. Psicopatia é meu café da manhã favorito. Talvez seja uma dose egocêntrica que eu engulo tão rápido. Só quando protagonizo (ou antagonizo) vidas e histórias, minha alma sossega com paz. Uma paz fajuta, comprada. Mas de que importa? Tenho alma teatral. Construo personagens e facetas, e logo faço uma festa e celebro todos estes temperamentos. É enlouquecedor... Mas foi cada fraqueza que roubei dos labios beijados pelo meu cinismo que foi usada para a construção deste baile de máscaras.


Agora eu seria Clive. A faceta ideal pra lidar com as desilusões e ilusões de desamor. Sou vítima da minha própria distimia. Auto-medico cada batida desse coração obscuro com goles de tequila. Porque a noite é o meu quadro em branco, e cada dia é uma nova inspiração para pintá-lo. Minha aquarela de mentiras é um arsenal infindável. E o último gole vocês assistiram. Vocês jamais saberão a verdade absoluta (se esta existir). Porque só mostro os lados mais rasos do meu mundo. E até onde estariam dispostos a adentrar?



Mas caótico ou supérfluo, o personagem é sempre uma busca por auto-identidade. Ou simplesmente uma atitude desvirtualizada da cena principal. Eu não tenho limites. Atuarei até onde os aplausos me seguirem. Mas para isso, preciso arrancar as partes que ainda me acorrentam ao amadorismo. Porque laços são perdas de tempo artística. Só quando libertar-me do passado poderei nadar pelas correntezas do meu corpo.


O escuro é mais aconchegante. Quando o peso, o tipo de cabelo e as mentiras provavelmente pouco importam. Se não pode ver, não há. Então beberei estas farsas e estes 'amores' quebrados, antes que eles pensem que eu os quero. Porque facilmente eles confundiriam meu sorriso com alegria, bem como um olhar com desejo. Mas não há nada que eles possam me oferecer que eu não consiga arrancar de uma maneira mais brusca. Não quero estes sentimentos pacificados e ofertados. Quero puxar, brigar, pegar à força. Porque será nesse momento hostil que eles me entregarão a verdade. Sangrenta, cruel, como deve ser. Porque no momento eu to preferindo dores e uma garrafa de whisky do meu lado do que esses 'amores eternos' que terminam pela manhã.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Oitavo: Se fosse Apenas uma Carta, Talvez as Lágrimas Calassem

Eis a carta que deixara antes de sair:

"
Perante todos os acontecimentos, eu ainda não me encontro em lugar algum. A vida vai passando, os fatos se repetem. Outros pioram. E raramente algo muda positivamente. Mas talvez altere sim. E mesmo que seja muito mais fácil erguer paredes e muralhas ao redor, isolando-se dos problemas, logo elas sufocam, e tudo o que resta é um novo mundo isolado. Ilhado. E talvez tarde ou não, percebe-se que tu se tornou espectador na sua própria vida. É possível aplaudir pessoas, e baixar a cabeça. As decepções se acumulam. Os problemas crescem. As ilusões te inundam, te inflam. E logo, sem saber nadar nas mentiras criadas por si próprio, te afogam. Sem resgate à vista, tenta-se atitudes questionáveis. Atentados. Uma dose a mais de culpa e medo. Solidão em drink duplo. E por mais que tu queiras companhia, não consegue. Tu és agora um repelente natural às pessoas e à vida. E tua mente tornou-se tão inconstante e inóspita, que o mundo todo perde o sentido. A beleza torna-se algo abstrato (mais do que antes) e os antigos métodos escapistas falham. Tu só queres uma companhia. Alguém pra reclamar da vida, pra cantarolar, mesmo que desafinando, pra abraçar e sentir o aroma das batalhas, os cabelos que tocam teus olhos e as mãos, que carregam a história dos confrontos, dos duelos e das páginas amareladas dos livros. O aroma de baunilha do passado te beija, numa despedida. E mesmo sabendo das dores (que virão), tu ainda desejas ter um laço imaterial e inexplicável com alguém (ou alguéns). Uma parceria confiável, para juntos visitar mundos inabitados e nadar pelas estradas montanhosas da noite. Bastaria um pouco menos de solidão, e talvez a vida se colorisse com sabores e aromas mais amenos. Nem precisaria ser tão real. A fantasia já seria excitante o bastante. Mas agora o pesar no meu peito palpita. As lágrimas emudeceram perante o eco que antes eclodia no meu peito. E todas as piadas perderam a graça. Porque por mais que eu quisesse, implorasse, despisse de véus e armaduras, chorasse, lutasse... Seria tarde. Agora a solidão eterna encontra-se ao meu lado. E nestes olhos velados pelo silêncio adormecerão os contos que jamais foram narrados e as poesias jamais declamadas. É o fim da canção do aprochego. Da esperança.
Os dias findaram. E os sonhos também.



Ps* Perdoe-me pelos possíveis erros ortográficos, e a falta de jeito. Isso tudo deveria ser mais natural e mais fácil, mas agora eu percebo que sou mais do que nunca o Clive. E eu só vejo as coisas ruins."

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Sétimo: Solidão é Minha Amiga, Álcool é Minha Vitamina

Como diria Franz Ferdinand "Este fogo está fora de controle", foi o que pensei. Nem nos meus piores pesadelos me permitiria sentir tal apego. Mas como negar? Ela havia me dado um lar, uma nova chance, coisa que pessoa alguma que me conhecia faria. Só mesmo um abraço estranho não parece culpado e cheio de ganância. Pelo menos nos seus primeiros encontros. Quando as almas colidem, e se estranham e entranham, toda a gama de feromôneos que nós, animais selvagens, carregamos, explodem e implodem numa velocidade e voracidade grotesca. Logo uma análise é feita, como prevenção. Um raio X. Mas mais do que isso, repelimos as frutas podres pra manter o jardim a salvo. E dessa vez, como nas outras, eu me senti a pior das espécies.



Eu não consigo diferenciar coisas boas e ruins. Acho que sou inocente demais pra perceber as ofensas. Ou cruel demais, porque desfiro golpes impiedosos. Sou hostil de natureza, um sobrevivente, como já disse. Mas algo latejou no meu peito, quando abraçado em mim, ele disse que não me abandonaria (mesmo após os acontecidos). Eu gelei. Congelei. E até degelaria se fosse um iceberg fraco. Como pode? Por que ele ainda me abraçaria? O jogo não tava certo. Nessa rodada ele devia surtar, chorar, gritar. Perder as estribeiras e me expulsar. Ou simplesmente abrir a porta. Conheço o caminho da sarjeta. Mas eu fechava os olhos, e as luzes e as músicas explodiam uma sinfonia prateada que parecia formar uma estrada. Eu a renego - pensei.



Fiquei por horas sentado na rua. Na praça. Vendo as pessoas com suas vidas planejadas e estabelecidas sobre planos religiosos, políticos e morais. Cada um do seu jeito, achando que tão fazendo a coisa certa. Mas no final, perdem seus valores mais básicos. Atirando-se à fome superficial do ócio e da futilidade ( Por que todos cheiram a sem-vergonhice ). E não há alma neste mundo que me surpreenda. Mas gosto de entrar nos seus jogos mais íntimos e fingir que estou perdendo. É durante a vitória que as pessoas mostram suas caras. Dê poder a um pobre coitado, e ele ordenará que Deus deve lavar suas botas.



Mas ela havia me resgatado, viu-me no meu instinto mais subhumano. Uma raiva descomunal me dominava. Engoli lágrimas e sequei o suor gelado da testa. Pensava em quantos gritos havia bradado naquele silêncio todo.
Será que isso significa algo? - Pensava. Cada sorriso dela me fazia mais crédulo, e eu perdia as forças. Queria morrer naqueles lábios. E como desejo tal morte...
Ele dizia que sou poeta. Andarilho incorrigível, pois estagnar em lugar , seja uma ponte límpida, ou nos braços de amante qualquer tiraria minha excência. Minha inspiração seria a dor e o abandono. Porque da alegria se tira o óbvio, a mentira. Só mesmo da sofreguidão e do fundo da mágoa e abandono é que se extrai a verdade. A fúria. A vingança.



Doía. É o que minha memória guardou. Um momento em que desejei arrancar parte por parte daquela angústia. Acho que ela sabe demais - conclui.
Mas dor maior é o que desconhecia. O desapego. A libertação. Mas sou interrogado pela vida há anos, hei de suportar nova tarefa. E se não vivo, não sinto.



Na manhã seguinte, ela abraçou o travesseiro, resgatando meu aroma de álcool e juventude. Enquanto lia o bilhete que lhe escrevera. E com essa despedida, teve de sentir-se beijada. Meus lábios, para ela, haviam morrido.

Agora estava longe. Longe dela. Longe dele. E mais próximo de mim.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Sexto: Eu Encanto, Seduzo e Estrago Tudo

Sentia-me agora como um rato que passara sua vida entre os esgotos, achando que fazia grande coisa, e de repente encontra uma casa aconchegante e sutilmente se convida pra entrar e ficar. Ainda que camuflado, agindo sob as penumbras. Mas um novo lar é um novo mundo a ser descoberto. Mesmo que sob circunstâncias questionáveis, agora eu era o rato, que não queria mansões ou palcos com holofotes. Tava em busca de uma cabana bem vagabunda. Um quiosque. Um sobrado. Queria só ir entrando, me avizinhando, sem ser notado. Queria ser o rato durante o dia, e à noite o artista.



Foi nessa andança então que a conheci. O vento fazia meu cabelo cobrir os olhos (engraçado como sempre venta pro lado oposto ao do meu cabelo). Eu mal tinha engolido toda aquela fase que se sucedera (acho que nunca engolirei), e já tinha parado num boteco pra ver se a tequila me ajudava a degustá-la. Em vão.


Escorei-me na fronte de uma ponte, não das mais novas ou das mais belas. Não era como um outono de filme hollywoodiano. Mas pontes servem para interligar dois lados de quaisquer coisas. E eu me encontrava bem no meio.Tinha um lago escuro que parecia morto. Estacionado abaixo dela. Eu tentava me reconhecer pelo reflexo.



E lá estava ela. Parecia entender meu olhar, quando os dois colidiram, e quando me abraçava, tocava-me de verdade, como nunca antes sentira. Não tinha dó. Era a bonança que eu precisava pra iluminar toda essa tempestade que eu sou.

Ele deu-me um novo lar e mostrou-me cores e sabores inéditos. Acrescentou aromas únicos aos próximos dias. Algo nas minhas palavras tortas o surpreendia. E quando ele sorria algo em mim doía. Deus, como eu queria aquela dor sempre...



Era a oportunidade que eu precisava (embora não merecesse). Diferente das outras vezes, não queria estragar tudo. Às vezes até sentia algo real. Algo vivo. Mesmo sóbrio, distinto, limpo. Ela me fazia dormir, e acordar com vontade de vê-la. Se eu fosse um dançarino, sapatearia por ela, e ressoaria canções para aquecê-la. Agora, quando fechava os olhos, aquele turbilhão de vozes que me recepcionara na cama, após os acontecidos, havia adormecido.


Mas naquele dia, eu havia reencontrado as armas do passado. E ao chegar em casa e ver-me encolhido ao lado da cama, como ladrão que tenta esconder o furto, ele perdeu o eixo. Achou absurdo, incompreensível. Diferente do que vocês julgarão, eu não atento contra a vida. Acho que eu desafio algo maior. Algo que ainda busco. Algo além desses dias programados. Mas eu era barco sem rota mesmo. Toda a embarcação de raiva, frustração, indiferença e medo que eu carregava era como um trem desgovernado. Cada batida era um novo teste. "Sadomasoquista?", questionaram certa vez. Mas sexo e dor são só um vestígio da vida (ou do fim de semana).


Ao vê-lo entrar no quarto, a lâmina escorreu entre os meus dedos e caiu, ecoando uma catedral de culpa por todo lado. Desviei o olhar. Ele ajoelhou-se e tentou extrair dos meus olhos bronzeados alguma resposta. Acho que o seu castelo desmoronou neste momento. Beijou-me. Tentou abraçar, como um baú que guarda todo o passado numa ilha. Algumas lágrimas petrificaram, mas outras deixei brotar. Não queria ser tão cruel. Tão mal agradecido. Mas um rato é só um rato. Espreitando. Noite e dia. Em mansões e em bueiros. E eu... Vocês sabem, sou só o que o medo impede que sejamos. Sou Clive B.


Ela sussurrou "Eu te amo".
Eu disse "Obrigado".
Ele disse "Por que você faz isso?"
E eu disse "Talvez porque eu seja um suicida bem educado".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Quinto: Sou Meu Próprio Anti-Herói

Agora, mais do que das outras vezes eu só tinha meu ego trincado e minhas expectativas banhadas com meu orgulho (mesmo ele sendo socado e atingido por uma porção de facadas). E não seria mais uma limitação física que me impediria. Engraçado como eu sou mesmo uma contradição. Nunca gosto de músicas na primeira vez que as escuto, mas depois que torno-me dependente, o mundo todo parece vazio antes dela. E vazio sou.


Às vezes se convencer de mentiras é o suficiente. Porque é preciso convencer-se de ser bonito, ou inteligente para sair na rua sem medo de ser ridicularizado ou visto como um burro qualquer. E até mesmo poetas são alienados, porque a atmosfera deles é alta demais pra que um viciado como eu a alcance. E toda vez que abro os olhos, as nuvens cobrem meu céu, e as estrelas tiram folga.

O fato é: Estava acordado, naquela cama, dados devidos acontecimentos, e nada passava na minha mente. Não me achava estúpido nem arrependido. Detesto mensagens motivacionais. Cada um deve lidar com seus próprios problemas. E eu tava acuado demais pra me mostrar indefeso. Ergui-me então.


Rastejei, sussurrei. Eis minha especialidade. Escorar paredes, observar levantes. Apenas um parasita em si mesmo. Uma imagem meramente ilustrativa do que é a desordem. Do que é a vida, sem palco e sem maquiagem. Tão banal que pedia pra que alguém me esmagasse naquele momento. Mas piedade é uma adaga duplamente feroz. Ela te corta por sua carência mas te corta mais ainda pela sua abundância.


De alguma maneira fui embora. Enquanto todos discutiam porquês e hipóteses parti sem minha mala de mão. Como bagagem apenas um extravio de ideias. Sou digno de pena? Sou louco? Sou cheio de codinomes, sou cheio de setas luminosas. Sou cheio de mim mesmo.


São esses lances da vida que eu questiono. Ambiguidades tão insanas que me excitam. Como uma dor que me faz sorrir, ou uma sede devastadora de culpa. Auto-piedade. Dó que eu renego das pessoas. Mas que aceito de bom grato da minha consciência.

Eu sou desgraçado de humor. Não faço piadas, tampouco construo edifícios. Me contento em ficar no meu quarto, consertando coisas, ou simplesmente ajudando a destruí-las.
Não sou protagonista na minha história. O mundo que é. E basta observar (além de só olhar).


Mas agora eu tava livre desse mundo de mansões e arranha-céus. Eu podia ser um monge se raspasse o cabelo, um punk se aderisse ao anarquismo, um homossexual se beijasse-me mais no espelho, um ladrão se roubasse algo além de tempo, um heterossexual se fechasse as portas pro mundo não me alcançar, ou simplesmente um cachorro, e continuar latindo, e continuar coçando.

Eu precisava de um lar. Eu precisava de um subúrbio.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Quarto: Embriagado Para o Início

Se eu fosse um cronista talvez confundisse as pessoas com mais facilidade. É que as ações e futuras reações que são como pedras jogadas numa lagoa, não tem data marcada. Não são previsíveis. Então na véspera do dia 12, lá estava prestes a desenhar uma nova faixa atemporal.


Eu corri. Escondi-me. Pensei ter fugido. Na verdade quando a adrenalina borbulhou até o meu córtex cerebral eu já tinha tomado todas ... As atitudes precipitadas e descabidas que eu poderia imaginar. Foi um estardalhaço. Uma zona de guerra.
Eu disse, no início, que era um soldado refugiado de uma guerra. Mentira. Nunca travei batalha alguma. Sou um desordeiro quase apaziguador. É tão deprimente ser um trovão guardado no bolso, que eu preferia explodir agora. E talvez tudo fizesse algum novo sentido.


Eu queria ter crescido construindo sonhos e cultivando novas imagens inesperadas -- Bem, talvez criando essa mentira um dia talvez eu me convença.


Eu havia perdido. Fui derrotado pela falta de força. Fraqueza é pouco! Sou tão incerto quanto um vagalume bêbado e sem luz. Meus prismas sempre foram invertidos, e quando dei conta, subi os 12 andares tão rápido, que cheguei ao topo caçando oxigênio nas luzes de lá de cima. Joguei-me ao chão e engatinhei, até o parapeito. Eis a ponte dourada que eu sonharia. Traguei mais oxigênio e raiva. Era como um combustível. De olhos fechados as lembranças eclodiam. De olhos abertos, as luzes me hipnotizavam e convidavam para uma dança aromática. Lá de cima me sentia forte, seguro. Mas logo o líquido vermelho que nos une por laços humanos escorria através do meu pulso direito. Banhei-me de glórias, enfim.


Eu disse "eu perdi tudo". Mas que tudo? Jamais havia tido metade de qualquer coisa. Não cultivei uma porção de coisa alguma. Não chorei por dores, não sorri por amores. Era um cão que apenas ladrava, correndo atrás dos carros. Mas se um carro, um dia parasse, eu não saberia o que fazer.
Agora já com o tal fluido rubro banhando e tingindo minha coerência, arriscaria pensar em arrependimento. Mas arrepender de que? Eu pedi para que ele agarrasse-me e não soltasse. E se por ventura soltasse, que levasse embora junto meu ar. E assim o fez.


Tonteei. Sentei. Cabeça baixa, vendo pingar gotas do tempo que minha testa carregavam. Olhei ao redor como uma criança que procura ter certeza de que está sozinha para aprontar alguma. E sozinho estava. Como de costume. Como reconforto. Véspera e dia formaram uma simbiose assintomática na minha consciência, e tudo passou-se depressa. Tão logo.


Recordações, como fotografias me estamparam. De um ontem ilimitado. Garrafas que bebi, desamores que bebi, laços e entrelaços rompidos, inexistentes. O cão se achava bom porque tinha a melhor rua. Mas o cão era apenas um qualquer, que corria como vira-lata, e cheirava como vira-lata. Vítima de si mesmo.


Foi então que após flertar com todos esses espectros (nisso eu era bom), aceitei o pedido, e saltei para a pista de dança, onde o sangue agora parecia mais real, e anestesiava antebraço, ombro e visão. Eu era um cão vagabundo, um dançarino poligâmico, um soldado no exílio e um órfão da vida. Era, agora, Clive B.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Eu sou... Clive B: Capítulo Terceiro: Voar e Caminhar, Me Diga, Qual a Diferença?

O gosto pelos meus lábios ainda era áspero, como de quando eu comia merengue do bolo e bebia algo gaseificado. Minha língua parecia dormente. Formigava. E meus olhos castanhos só ardiam. Me espichei um pouco pra tentar ligar o abajur. Em vão. A sombra tomou várias formas, e como numa viagem psicodélica no tempo, revi fantasmas de gente ainda viva e senti toda a vitalidade de almas que perambularam pelas avenidas da minha história.


Desespero é uma sensação engraçada. Às vezes tem gente frustrada porque não tomou a superdose correta de remédios a ponto de se matar. E em outros casos já vi gente agoniada com a saudade, chegando a agir por seus impulsos mais animalescos como carnívoros malditos de dieta há semanas, que veem um pedaço de carne pingando sangue no seu focinho.


Tentei sorrir. Meus lábios congelaram num raio que percorreu toda minha pele. Não sentia minhas pernas. Eu só voava. E tudo ao redor perdia a órbita pra se chocar 'vulcanicamente' nos meus olhos. Senti uma angústia forte que acelerou o som do desenho da caixa instalada ao lado da minha cama, que agora pareciam montanhas russas enfurecidas. O raiozinho verde do aparelho subiu e desceu em pontos que eu não sabia que eram possíveis, até que enfiou-se numa reta...


Neste momento engoli o vômito que logo vinha, e tudo escureceu. Logo após esverdear. A sombra se extinguiu. O lado bom? Senti meu lábio mordendo o outro, e isso me animou.

Aquela era mais que uma sombra! Era uma companhia. Tinha aparência disforme. Mas estranhamente me excitava. Acho que depois de plantar tanta ideia enfim colhi todas juntas. Logo pude abrir um livro e nele ver vidas recortadas e coladas como um álbum de família. Irônico, me senti abraçado.

Acordei de novo. Havia muito murmúrio. Luzes brancas e um falatório uníssono tomavam conta do local. Lambi os lábios como uma criança que aprende um novo gesto. (Parecia um tamanduá procurando formigas). A sombra desaparecera - Mas não da minha vida, pois ela preenchia minha metade - Apenas do quarto.


Ergui o tronco pra sair da cama. Uma nova onda me abateu. Flutuei pra longe de tudo. Perdi meu epicentro, minha referência... E lacrimejei como uma criança que pede doce (sempre infantilizo referências).

"Justo agora que me sentia metade bem" Pensei.
"Não sinto minhas pernas..." Dessa vez pensei tão alto que acho que gritei junto das lágrimas que me atravessavam, instintivamente.

Espero que adultos também voem...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Segundo: Até Minha Poesia É Às Avessas


Eu deveria ir direto ao assunto (como de costume), mas acho que antes de contar qualquer coisa (por mais que seja uma mentira), é preciso apresentar fatos relevantes.
Eu não sou bom com apresentações (puderam notar no último post), então começarei como conseguir.


Sinto frio nos pés. Sempre que durmo, por mais quente que esteja, preciso cobrí-los, bem como as costas. A propósito, eu meio que me sinto indefeso com portas abertas e corredores. Não sou louco. Sou um soldado precavido, neurótico, que jamais voltou da guerra que comecei a travar comigo mesmo, ao nascer.

Manias são manias. Indiscutíveis. Não vejo o porquê de tentar curá-las. É como procurar um remédio pra quem não está enfermo. E por mais que doenças possam ser reflexos de manias num nível abusivo, eu sou doente desde que passei a escrever (ou então escrevo desde descobri as doenças).
E os meus vícios são apenas um apêndice disso tudo. Não to buscando redenção, nem ajuda. Quero enfrentar meus problemas sozinho. Sendo assim, guarde sua compaixão e sua dó no seu bolso.


A história começa mais ou menos baseado em fatos simples, relatados anteriormente, como beleza, poder e manipulação.
O fato é que eu era inocente! Mesmo que assumir culpa não seja meu forte, e essa frase soe piegas pros culpados. Mas aqueles olhos queimavam num caminho através de mim. Era esmagador, destruidor até docemente. Há um fogo dentro de mim , que queimou todas as minhas lembranças e as minhas culpas. Agora eu vou pra cidade, queimar também!


Eu não gosto de andar acompanhado. Não sou cão-guia. Acho que assim posso desenvolver minha calopsia sem julgamento.

Mas aquele olhar... Era algo indiscutível. Naquele tempo eu ainda rezava antes de dormir, e sonhava como uma pessoa qualquer. Eu queria lhe escrever um poema, uma canção de amor. Mas só o que eu pensava era nos nossos corpos destruindo a atmosfera e incendiando os ares com beijos vorazes e mal intencionados. Eu me despiria de todas as defesas e armaduras. Nadaria desnudo pelas correntezas daquele corpo, sem temer. Sem hesitar. Eu era um tolo. Um louco. Paixão enlouquecida. Droga, falei essa palavra. Aproveitem pra relê-la bastante. Não a usarei mais!

Eu era metade bonito. Metade desconsertado. Mas eu tinha conserto! Tinha beleza! Eu só não tinha vida.

Até que o dia 12 chegou. O mundo virou, revirou, me socou. Eu juro que senti minhas tripas saindo e sendo colocadas de volta com uma espátula de macarrão. Meu cérebro adormeceu. Lá estava. Deitado. Sem dormir. Sem Sonhar. Apenas deitado. E lá fiquei. Até despertar. Não sei quanto tempo se passou. Nem sei se passou algum tempo, ou se ele estacionou ao meu lado também.
Não lembrava de nada. Uma sensação me despertava. Não era fome. Não era sede. Estava com tudo no lugar. Mas qual lugar?


Abri os olhos. Uma silhueta parecia me observar. É, eu não tava dormindo.
Como queria fechar os olhos de novo e fingir que não acordei.
Tarde demais.
A sombra se aproximou, minha visão foi ficando menos embaçada. Arregalei os olhos pra tentar enxergar melhor.
É sério, não misturem desespero e ânsia de vômito. Elas combinam demais.
Será que eu tava bêbado? Porque só o que eu sentia, era frio nos pés.

sábado, 20 de outubro de 2012

Eu sou... Clive B. Capítulo Primeiro: Prazer, Eu Só Vejo Coisas Ruins:


Quer saber? A vida que bagunça a gente, e não o contrário. É verdade que tenho um vício em más escolhas, mas elas geralmente flutuam até mim. Eu sou como um ímã de negatividade e encrencas. Vou me debatendo com todas essas pessoas asquerosas e intediantes, como um coelho cego que vai trombando nos arvoredos até ser abocanhado por uma serpente.


Mas ok, eu admito que a culpa é um pouco minha. Maus pensamentos devem atrais más consequências. Filosofia budista me atrai. E como eu to sempre com a mente ocupada de raiva e desgosto, a roleta de prêmios se afasta mais e mais. A única que eu tenho ganhado ultimamente é a Russa (menos mal, melhor do que nada).


Todo mundo enche a boca pra falar como mudaram e como 'evoluiram'. Mas cá pra nós, tudo papo furado. Ninguém muda. Ninguém Evolui coisa alguma. Melhoria de nada. E se aprendessem mesmo com os erros, não repetiriam tanto. Ou vai ver são lerdos de mais. E olha que eu nem preciso de super poderes pra ver isto (logo mais vocês vão ver quais são meus poderes). No final, é sempre uma casa abandonada fingindo ser um lar de órfãos. E lá dentro, na sala de jantar, eles cospem nos pratos todas as vezes que percebem o falso moralismo do qual tentam se convencer. Então poupemo-nos disso e engulemos a saliva de antemão.


Mas não to julgando. Cada um com seus demônios. Mentir sempre foi a opção mais confortável. E pagar por suas penitências talvez seja fábula ou mito para que não libertemos o que de pior guardamos. Mas o inferno pessoal de cada um diz tudo! E o sofrimento calado deve ser uma maneira de vingança divina por envergonharmos tanto a espécie.

Eu não to preocupado com companhia e amizades. Sei que beleza atrai tudo isso (e dinheiro mais ainda), e o preço pra esse playground ilimitado nem é dos maiores.
Mas desculpa aí, eu sempre atropelo as coisas. Nem me apresentei e já fui logo tagarelando. Mas que importa um nome? É tudo como um cardápio. Um álbum de figurinhas. Todos diferentes. Mas iguais. Mas já que o mundo é como uma vitrine onde ficamos pendurados que nem carne no açougue aguardando alguém escolher um pedaço nosso pra devorar, mando esse pra vocês agora: Clive B.


Voltando... Acho que o mundo tá girando rápido demais, e eu não to conseguindo acompanhar (e sério, eu to limpo hoje). Ou talvez isto seja desculpa de derrotado - deve-se tomar cuidado para não se acostumar com esse rótulo.

Mas o ser humano é bicho engraçado mesmo. Acho que se o colocassem numa roda como aquela dos râmsters, eles correriam tanto, que se acostumariam. Até dar um jeito de burlar as regras e destruir tudo. E ainda dizem que a maior dádiva é a liberdade. Isso é papo de poeta ou o quê? O que melhor pode se oferecer é a verdade! Eu sei que disse há pouco tempo que mentiras são mais confortáveis (e são!), mas é das verdades que corremos. Porque elas sempre chegam num momento inapropriado - Embora seja culpa nossa torná-la tão instigante. Mas é a hipocrisia que se veste todos os dias ao sair da cama. É com ela que casamos!


Mas to achando que algumas coisas não dá pra comprar.
Experimenta oferecer uma grana pra Deus te liberar um pouco de boa vontade!
Engraçado, de repente ser bonito e famoso não te fez tão bom, né?!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Final:

Agora mais do que nunca eu só pensava nas hipóteses. E diante da pergunta dele, exclamei (ou talvez tenha gritado, repentinamente):

-NÃO!

Essa era a minha saída pra quase tudo. Negar. Esconder. Desacreditar.
Vá em frente, frutifique todos os males que eu cuspi pelos ventos. Mostre estes tais bons motivos que eu iludo, refugo. Erga essas torres perdidas de palavras rufantes, em meio a este deserto abandonado que se tornou o meu pátio.


Eu não quero suas palavras, sua metodologia. Isso tudo me irrita, me fere, me ofende. Eu não sei lidar com tuas crenças, nem teus desapontamentos.
Sou escritor, egoísta. Valorizo apenas minhas doenças (quando nelas acredito) e repelir abraços é meu hobby favorito. Eu não consigo mais sorrir de verdade. Meus dentes cristalizaram, junto ao sermão que de fronte já se erguera perante os debates.
Meu coração é moradia obsoleta. Enfurecida.


Os pássaros voam petrificados pelos túneis do tempo, ladrilhando as janelas, as portas e o quintal todo. Eu sou o bosque, o rio que serpenteia-o, o vento que o dilacera, e todo o contorno das ideias deste lar. Lar sem casa, sem afeto, sem bem-querer. Quer dizer, meio lar.
Eu sou bom. Só não quero ser mais um... Um jogador, um furacão, um cachorro.
Eu sou mau. Mau perdedor, mau vizinho, mau receptor.
Sou doador. Doo calúnias criadas, sangue varonil.


Desenhista às avessas. Reescrevo meu mundo de ponta-cabeça, de lado a outro, e nele não acho lares, nem habitat. Almas criadoras são assim mesmo. Duelistas. Gladiadoras. Prepotentes. Como um andarilho que agrega os desalentos que vê pelas pontes, e que torna as ruas por onde passou sua propriedade. Seu abrigo. E logo o mundo todo me pertence. Mas eu não a ele.

E ainda que fosse de amor o tratado desta carta, sinto-me no direito de rompê-la, corrompê-la, rasgá-la e engoli-la. Porque tudo posso, dentro das linhas por onde desenhei o mundo.

E abrindo exceção, faço um juramento: Juro que virei e revirei as páginas. Ida e vinda, e o contrário também. Talvez seja péssimo escritor, porque no meu livro, esqueci de criar o amor. E logo, tu chegará à conclusão, sem passar por índice, introdução nem nada. Porque tu queres alforria, tens pressa. E quando parar, pairar, verás que chegastes a uma ilha. Só. Nadastes pra quê marujo? Sua condução te abandonaste.


E eu não posso oferecer coisa alguma, coisa e tal. Sem papel, sem caneta, não vivo. Não acredito. Sou um escritor mau. Ou um mau escritor. Diga-me tu.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 7:

Os dias costumavam ser maiores, até que as noites invadiram o sol, abarcando-o. E agoram eu só durmo. Ou sonho.
E nesni quando eu to acordado, a dúvida da realidade me persegue. Não deveria. Mas persegue. Ora, afinal, como diferenciar sonhos e realidades?

Eu sentia que a solidão era um mal que me possuía. Dominava. E perante ela, a paixão seria um antídoto. Mas eu parei de tomar os remédios como um doente terminal que aguarda o beijo final do anjo caído.

E as pestes que durante todo este tempo me embalaram, já desacorrentaram suas ânsias, e eu me sinto livre. Mas como um pássaro com asas peso-de-chumbo. A liberdade está limitada.

É onde o infinito se reduz e abre espaço pro inóspito. E num vácuo inabitado a roleta-russa girou, num ultimato.
Agora as cores saboreiam meus olhos, e pelo café da manhã as devolvo para a xícara. Porque este enredo esteve perto demais de lhe aceitar. Porém agora que te expulsei, posso deitar e dormir. Porque o final desta batalha já era anunciado.

Sinceridade: Eu nunca quis os teus pedaços de compaixão, nem tua vida pela metade. Eu sou um escritor ao dobro. Às vezes ao triplo. Dedico-me ao amor inventado, lúdico. Amor prescrito, reescrito. Este sim, que confio. Que me entrego. Que me delira. Anestesia. E só vivo quando escrevo. Porque todo o meu resto não viveria o suficiente para enfim, amar-te também. O meu melhor seria apenas um quadro pintado. Sem aquarela. Sem nada. Apenas um quadro. Lá. Ou aqui.

E correndo de tudo isso acho que ainda voltarei a ser criança sob o meu edredom. Mesmo que a mate um pouco mais, todos os dias. Afinal este vírus continua a dilacerar, sorver as lágrimas do tempo. Debatendo. Ironizando. Louco de amor.

Mas isso dura pouco. Tampouco que nem vi começar.
Só senti quando acabou.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 6:

Acho que só quando se experimenta a dor tu encontra a felicidade. Porque é preciso estar acordado pra ter certeza de que era um sonho. E só quando eu bebi daquela paixão é que eu senti o gosto amargo da culpa descer goela abaixo.

As verdades não são permanentes como parecem. E apesar de acostumado com as mudanças que nascem com o outono (além das mudanças físicas), perceber que mentiras são tão mutáveis quanto todo o resto me deixou frustrado. Eu queria verdades eternas, intocáveis. Antigamente caçava as fraquezas que na angústia habitavam. E logo era o dono da razão. Eles me chamavam de "quieto" mas eu era uma baderna.


Queria o controle dos jogos. Apenas apertar os botões com cautela. E eu o fazia. Muito bem. Firmemente. Até que a receita parou de funcionar. Meus fãs me abandonaram, e o palco se tornou grande demais pro meu ego. Eu era dois 'sóis' para uma só constelação, e tu jamais suportaria meu brilho e minhas manias.
Mas olha pra mim agora!
Eu podia ter sido o que de melhor tu esperava. Mas não fui.
Agora sou só um gato preto brincando de ser pantera... Na cidade grande.


E o tempo passou. E as verdades mudaram. E meus olhos emudeceram. E a tua voz calou-se no meu coração. E a chuva me atingiu, afogou, condenou. O relógio se perdeu nas mentiras. E eu colhi lições e mais enganos.

Então faça um favor pra todos nós, e recolha sua paixão enganosa. Coloque nos bolsos estes sorrisos emoldurados e estas flechas pintadas e recitadas. Porque eu não serei o luar desta canção, e tampouco nadarei neste conto.
Meus encantos pararam. Cristalizaram.
E meu mundo todo perambula pelo cemitério das minhas palavras.

Eu escreveria romances se soubesse amar.
Eu viveria meus sonhos, se parasse de dormir.
Eu renasceria na tua alma uma centena de vezes se isso bastasse.
Mas por agora, e talvez este sempre (inconstante), eu aconselho o desarme. O desfoque.


Porque agora eu só sei que o meu amor pouco duraria. E se esta fosse uma história de amor, na sexta-feira estaria. Correndo pros teus braços e neles embebendo os instantes finais do livro. Porque logo o sábado de mim te tomaria. E os romances voltariam a ser bonitos... Na minha instante.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 5:

Foi quando ela disse:
- Tu não vê que eu faço isso pro teu bem?

E eu respondi:
-Acho que é tu que não percebe que já passou da hora da atenção ser só minha. Eu não quero mais compartilhar amor, nem ódio. Quero um todo pra mim. E essa escolha tá feita.

E ela rebateu:
-Tu não era assim! Agora tá sempre brabo, indignado. Isso é orgulho! Sempre o orgulho né?!

E eu finalizei:
- Talvez tenha algo relacionado a orgulho, mas é mais uma questão de honra. Amor tem tudo a ver com egoísmo. Eu não quero partilhas. E se tudo o que eu posso esperar é esta divisão, então acho que devo ir sozinho...

E ela ainda exclamou:
- É...Acho que deve!



Se eu pudesse escolher entre a harmonia mundial e o meu bem-estar, agora, sem dúvidas, escolheria a minha vida. E digo mais, esta se tornou uma escolha fácil.

Eu já nem me importo com as intenções deste adeus. Este 'bem' não me abraçará, e eu não engolirei este ataque. Porque quando antes eu tive as mesmas oportunidades, optei por um bem altruísta. E só o que se ganha em troca não pode cobrir todas as tristezas, dores e traumas. Hoje é dia de rebater as cusparadas. Eu não sou mais fogo ou água. As feridas secaram e as malas estão prontas.


E é possível que ela se arrependa de ter aberto as asas e me deixado voar, mas eu já estarei longe, e não conseguirei voltar.
Eu pensei:
- Talvez deva me desculpar e tentar reconstruir os espelhos. Mas sempre haveria um reflexo rachado, duro demais pra suportar.

E então a ouvi sussurrar:
-Espero que um dia queira tentar entender meus motivos...

Mas como um golpe de esgrima que brotou perante seus olhos, ataquei:
- Pode ser que aconteça, mas tu jamais saberás se aconteceu. Eu me esforçarei para alcançar o mais distante dos céus, e talvez até lá tenha esquecido que um dia vivi... Isso.


E talvez os méritos venham a ser dela, mas só me resta forças pra atacar, então jamais admitirei.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 4:

Eu construo fúrias. Como rios de sangue e fogos vermelhos, as iras vão se desenhando conforme meus anseios, e logo o cartaz estampado da guerra está pronto.

Eu construo desavenças. Minhas poesias corroem as vidas como a maresia corrompe os pilares do templo. E logo a chuva banha os inocentes e afoga os culpados, até a morte.

Eu construo dilemas. Minhas canções são tingidas com meu ego blindado, e as flechas são disparadas como ultimato.

Eu sou um ditador. Num regime estadista no qual o Estado e tudo que nele há, representa meu orgulho embecado.

O perfume das rosas fere e dilacera as paixões, e logo os espinhos serão embebidos pela faringe caótica da sociedade.

As cores opacas tomaram as ruas, e logo o meu discurso ecoará pelas alamedas e vielas, até explodirem pelos continentes mundo à fora. E eu sempre serei as lâminas que partem as mentiras, e a peça extra do quebra-cabeças que está fadado ao duelo. Não me encaixarei por motivos óbvios.


Tudo o que eu faço é incendiar. Porque isto é uma guerra! E nós, que não temos guerreiros ou escudos, somos alvos fáceis. Mas tudo ficará bem. Meu corpo já está anestesiado pelas dores, e o tempo trouxe com ele as forças do passado e os arranhões me tornaram à prova de balas.


Agora os dragões ascendem no sol nascente e mergulham perante sua imensidão num sono concomitante...


"Eu estaria aonde você fosse. Ergueria os degraus para os seus passos e vestiria as hemorragias deste falso amor. Lutaria com os oceanos e nadaria pelas montanhas. Voaria nas tuas asas, até encontrarmos a nação dos orvalhos cristalizados pelo esquecimento. E com um toque, todos adormeceriam, aquecidos. E as terças-feiras seriam prateadas, e justas...
...Embora, jamais reais."

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 3:

Tudo o que eu to pedindo é que tu me faça esquecer. Me abrace forte e faça o mundo todo parar. Porque quando eu to sozinho, os murmúrios da minha mente explodem, e eu tenho vontade de expulsar os meus anjos. E por mais que isso pareça blasfêmia, é o que de mais iluminado eu estou construindo agora.


E esse vício simétrico dos finais me persegue. Pra onde quer que eu olhe, vejo meus mundos acabarem. E sei que logo não terei pra onde ir. Eu to numa casa vazia. Numa cidade onde o amor mal-assombrado me beijou. Minhas cartas acabaram, e talvez o resgate nunca chegue.


Matei personagens e sonhos, por pura diversão.
Eu não quero a tua confiança, nem tuas promessas.
Não sou o que escrevo. Nunca seria. Nem em milênios.
Eu sei o que tu queres, e eu não tenho a ofertar.
Serei sempre fraco demais, e nunca aceitarei teus presentes.
Não conseguirás me convencer que é real, sincero.
Teu carinho me parecerá pouco, e tu não queres viver do meu egoísmo.
Desculpa.

Mas eu sou um artista, não um amante.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 2:

Agora eu só preciso ser forte, porque amanhã talvez eu precise te estender a mão e te erguer, uma vez mais. E mesmo que não seja da minha responsabilidade, eu temo pensar onde teria chegado se dependesse só da minha força. Porque eu sei que o sonho tá prestes a terminar. Eu só não sei aonde estarei e nem quanto tempo restará. Por isso prefiro te entregar minhas rosas agora e guardar teu camafeu.


Por muito tempo a vida me embalou na rotina das minhas fraquezas. Me enganou enquanto me apedrejavam com luvas brancas. E eu fui nadando para o centro de toda essa mentira, até perder a força e me afogar. Mas agora eu estou costurando os botões no meu paletó, e juntando os cacos que por tanto tempo eu pisei. É hora de voar!


A criança adormecida está com os instantes contados. A ampulheta está se dissolvendo sob o sol, e o entardecer dourado voltou. Esta é a minha vez de ganhar moedas após o beijo. Alguém sairá ferido, e pressinto que não será eu.


Então ponha o seu melhor vestido e calce seus melhores sapatos. O mundo de fantasias findou. Vamos guerrilhar em grande estilo.

Agora que eu tenho todo esse resto de vida, serei o vilão que aprendi a ser. Porque garotinhos bons vão dormir.


E agora eu sei que algumas pessoas têm problemas reais e que nem tudo é um espetáculo ensaiado. A vida te prega peças, mas tu também pode surpreendê-la.


Então só posso afirmar que neste tabuleiro os jogos realmente ocorrem. E nada mais importa. Porque não há o que esconder.

Só cuidado com o que deseja.
Você pode não saber lidar quando conseguir!



Pareça um anjo.
Fale como um anjo.
Mas seja um demônio disfarçado.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Só O Que Eu Posso Oferecer É Uma Semana Sem Amor - Parte 1:

Então, quem disse que devia ser fácil?
Contente-se!

Eu sou uma criança mimada e como diria a poetisa "conheço poucas coisas e só o que tenho a meu favor é tudo o que desconheço".
Eu exijo perfeição e maturidade, mas maquio grande parte da verdade que eu sou. Um brinde à infantilidade e insegurança que ainda me acompanham!

Eu falo o desnecessário para muitos, mas pra mim não passa do essencial. Talvez nem fale tudo o que realmente penso, afinal isto só seria mais um tiro no pé. E também pouco falo sobre mim. De quem eu sou. E por mais que esta seja minha estratégia do jogo, também deve-se ao fato de que ainda não diferencio verdades e mentiras. Porque eu sou esse drink duplo mesmo! E só o que eu tenho pra oferecer são minhas palavras pra você.

Eu exijo muito, porque é o meu modo de nunca conseguir. Acho que eu não tô pronto pra conquistar mundos. Não saberia como lidar. Não tô pronto pra acordar.

Como diria meu amigo, alguns medos te acompanham pela vida toda. Já alguma vidas te abandonam pelos teus medos.


Eu sou uma criança que cresceu e trocou os brinquedos pelas pessoas (mas não que estas sejam mais interessantes). Foi uma questão de moda, e faixa etária. E agora eu queria voltar a reclamar de coisas menos banais como equações e mapas geográficos. Porque lidar com as decepções adultas é bem mais deprimente.

Eu sempre achei crianças choronas muito bobas. Beirando ao ridículo. Não vejo o mundo com toda essa compaixão. E também já penso que os meus sentimentos congelaram em algum travesseiro roxo, por aí.


Eu não suporto a falha e a sensação de fraqueza. Não sei como agir ou reagir. Ficar dependente da vontade alheia ou de suas escolhas é enlouquecedor. E fazer-me entender tem sido uma missão quase cármica.

Eu queria viver no mundo que construí. Aquele que só habito nos feriados e quando ninguém tá por perto pra me julgar. Aquela casa da árvores que foi derrubada mas que eu reergui em dimensões estratosfericamente maiores. Queria esse mundo nas segundas e quintas. E com o passar do tempo, integralmente pelas semanas. Porque eu não posso ser um príncipe ou um astro. Eu não tenho amor pra te oferecer. E você não suportaria todas as faltas.


Eu não posso voar nas tuas asas porque meu medo de altura me limita. Tampouco combateria meu enjoo em alto mar. Não faço promessas, e logo a decepção te abraçaria. Eu não sou corrigível. Sequer posso afirmar que mudaria se pudesse. Porque não o faria.

Não imagino um mundo que não seja o meu. E nele tu não acharás espaço ou moradia. Pode ser hipócrita ou simplesmente confuso, mas escrevo dramas porque acredito na alegria aconchegante que eles inspiram.

E nem vou pedir paciência ou tempo. Porque não há prazo pros meus pesadelos, nem despertar pra esta obra. Eu sou uma criança. Inocente demais pra lutar. E inocente de menos pra acreditar.

Eu só posso te convidar pra entrar e brincar um pouco. Mas não estranhe se logo eu te expulsar. Afinal, minhas palavras voam, e logo podem perder o valor, e as noites ficam pra trás.


E de repente, a criança acorda, e só o que lhe resta é o resto todo da vida.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Festa do Pijama e Cirurgia Plástica:

O ponteiro do relógio adormece. E todo um sorriso de carmim parece brotar na face subjetiva da noite, que agora já é banhada pelo beijo rubro escarlate da lua.

Sentado num banco improvisado, com vestes que entregam a inocência da juventude, e a céu aberto, como que numa celebração, conto as estrelas que caem (e junto delas pedaços da realidade).


Entre o plano e o impulso, entre a miragem e a imagem, entre o id e o ego, entre o doce e o amargo, há a sombra.

Agora com o mundo todo paralisado, anestesiado, os anjos sorrateiros das neblinas saem de suas moradias inventadas, vivendo do ócio e da sofreguidão. E eu na festa do pijama que contempla a imensidão no seu apogeu mais visceral, busco canções.

Não quero nada além do malte e da savana desta ilha. Porque aqui é onde as cores têm sabores e os amanheceres trazem gritos abafados de culpa. E eu não desejaria mundo algum ao meu redor.


Mas as pessoas são como porcelanas negras. Uma mancha que se abateu sobre o fracasso natural. E frágeis como são, devem ficar distantes. Pois sou desajeitado e de pouca malícia explícita. E apesar de combater os demônios com piedade, sou agressivo - passional. E elas (as feras aladas) implicam em retornar. Em silêncio. No silêncio. E ainda que este seja o triunfo sobre as psicopatias, eu sei como é temer a própria mente.


O ser humano é o androide vanguardista. Sem cyber peças, fios conectados ou luzes vermelhas. Ficamos só com o coração enferrujado mesmo. E sem sair desta linha de montagem, expomos e propomos um catálogo estético e moral. Um manual de instruções que ficou tão podre e amoral que não poderia ser pendurado em parte alguma, exceto na alma enfraquecida e limitada que nos rendemos.

E tudo sempre foi assim, como um menu de restaurante ou um cartaz de açougue. Onde os sentimentos e os desejos são descartáveis como as vísceras e entranhas do animal abatido. Antes ganhasse a morte, que um cadáver oco!


E só quando lá estive, sob a noite que me prestigiava e com os vagalumes, que como pequenas chamas incendiavam o ritual da noite, foi que renasci milhares de auroras numa madrugada. Donde um dia despertarei nesta caixa azul, com a certeza ainda mais reforçada de que não tenho as peças certas pra caber nesta história.

Onde agora o relógio retoma seu serviço e dá espaço à etimologia das nações: Fique bonito, ou morra tentando!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Acorrentado ao Alter Ego:

Comemoro a bênção poética. Uno-me em mãos a todos, como laços enferrujados pela maresia, e caminhamos rumo às sombras, passo a passo. Os entre-laços que aglomeram as nações rugem como feras enjauladas e estremecem com ondas propulsoras de angústias, toda a Terra. Nada a perder, amor mal assombrado.


Tremores alucinógenos que guiam inconscientemente as histórias. A fadiga dos contos sempre narrados com a voz fugitiva do destino, guia ao frenesi todas as iras e convulsões das eras.

E deitado sobre o mesmo chão e sob o mesmo sol, o garoto com olhar abatido, distante e translúcido de uma quimera de cores que é um diamante, pesca artimanhas e recursos maléficos, mal vistos. Jogando com os próprios erros. Cálculos errantes que logo se empilham para erguer uma muralha toda de falhas. E agora cabe a ele derrubá-la, ou não.


Bendito seja aquele que facilmente deita sob o abraço de Morpheu. Porque toda vez que este garotinho sorri, parte nele sucumbe, e eu já nem sei quantos passos lhe restam. Ele é fraco, dissimulado. A sedução barganha e o envolve, como se fosse uma prostituta em busca de seu Moulin Rouge. De que adianta voar se não tens asas?


Então desperto uma vez mais. Ainda de mãos dadas (e mais do que isso, atadas) com a humanidade. Como um enorme grilhão, as pessoas se unem e formam um único exílio. Juntas. Mas individualmente vivendo suas próprias culpas, pragas, mentiras e seus castigos.

O mar e a lua eclodem uma overdose de lembranças. Agora distantes, tomadas e embebidas pelos encargos hostis da madrugada.

Permitem-me, então, um último embriagado beijo. E logo o empunho, como florete que esbanja os venenos do passado.
Pode ser clichê, mas nesta hora outro flashback me atinge...
...E a única pessoa que eu realmente beijaria, há milênios adormeceu, para não mais acordar...

sábado, 18 de agosto de 2012

O Enredo Lhe Entrega a Capa:

Sempre achei que de alguma forma, todos buscam verdades. É uma tal sede insaciável de conhecimento que aglutina o ócio da razão pensada, planejada, e que se entrega ao furor descabido de um querer instintivo.

Muitas pessoas são capazes de tudo. Rendem-se aos mais pecaminosos e enganosos desejos e ânsias, a fim de pagar preços altíssimos pela sinceridade. A questão é: E o que esperar do troco? "Ora, apenas sente-se à mesa e aprecie o jantar cósmico das almas".


Todo início se deve a um pouco de honestidade (pra variar). Ao menos consigo próprio. E eu não canso desse refrão. Porque cada vez que eu o repito, sinto como se as mentiras se tornassem verdades.

Mas realidade demais dói. Tanto para leões covardes quanto para espantalhos desmiolados e androides sem coração.
Um mundo sem fantasia é apenas um poema sem rima.
E por mais que essa busca incessante pela felicidade que nos obrigamos diariamente nos condicione a ser eternos refugiados, aceitamos as novelas e os filmes como referência máxima. Porque não há nada mais verídico do que as ficções que nos propomos a aceitar.

E embora eu quisesse esquecer as tempestades que me assustaram e as palavras que como navalhas me perfuraram, a razão as arquivaria e as estamparia com um cinismo embecado.
Aaahhh emoção, por que perderas para a razão, afinal?!


E no entanto com todas as rimas soando explicitamente atitudes rancorosas e fleumáticas, sempre há espaço para um novo instrumento em meio a esta orquestra desajeitada, desafinada e destoada.

E eu pensando que já havia finalizado a história, me deparo com um novo musicista, que como um capítulo avulso, aleatório do livro, me persegue e me fita.
Até ser rasgado... Ou acolhido.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Relato de Uma Canção, Enfim:

A vida nos deu o sol.
Alguns por ele sorriem. Outros se queimam.
Ganhamos a chuva.
Alguns se irritam e adoecem. Outros com ela dançam e cantam.
E as escolhas vão fluindo, aleatoriamente. E só cabe a nós extrair o melhor.
A vida nos deu as estrelas.
Alguns por elas se apaixonam. Outros as usam como guia.
E ainda há aqueles quem as tenha como confidentes.
A vida trouxe com ela a morte.
Alguns a temem. Outros a respeitam.
E eu a encaro como renovação teatral.
Podemos lidar com o tempo.
Alguns o gastam. Outros aproveitam.
E eu só fico esperando.
A vida é uma escola interminável, cruel.
Tem seus dias brilhantes, mas em geral nos dá tardes acinzentadas e noites prolongadas.
Mas eu ganhei você, e isso é tudo que eu poderia desejar.
Alguns pedem amor. Outros, dinheiro e fama.
Eu só queria uma música e ganhei uma inspiração infinita.
Nem sempre precisamos receber exatamente o que queremos.
As maneiras pra chegar até lá são o que importam.
E por esse labirinto, por onde quer que eu vá, eu chego a ti.
A vida nos deu um nome. Alguns o estampam com orgulho.
Outros o substituem por um apelido (um codinome) para os íntimo, ou não.
E eu escrevo o meu com o teu sorriso.
A vida não nos dá o eterno.
E por isso alguns se desesperam.
Outros sonham além do possível.
E o meu 'pra sempre' só está completo perante teus olhos.
A vida nos deu a natureza, para dela extrair a sobrevivência.
Alguns a destroem, como suicídio terapêutico e mal resolvido.
Outros a defendem, como soldados em plena guerra. Sangue tinge as matas de empáfia.
E eu retiro todo o oxigênio que preciso dos teus lábios, num beijo tácito.




Se tu quer saber, essa vida é tua!
Não cabe mais nada, porque tu preenche meu todo.
Se tu quer saber, a morte é a minha piada favorita!
Porque viver ao teu lado me dá tudo que eu poderia almejar descobrir.
Se tu quer saber, eu dedico os dias à ti.
Porque minhas noites tu já inundou com a tua presença!
Se tu quer saber, o sol já se pôs e eu continuo aqui.
Meu universo nunca mais será o mesmo.
Eu tô contente que tu chegou.
Se tu quer saber, essa canção é mesmo pra você...
Voltar pra mim.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Relato de um Bom Homem:

Naquele tempo tudo era tão diferente! Os lugares tinham um gosto diferente e o desconhecido era sexualmente atraente. Acho que quando pouco se conhece, tudo soa excitante. Até minha timidez me mascarava com outro sabor. Um doce que escorria pelos meus lábios enquanto caçavam a visível inocência nos meus olhos.


E agora tudo parece eternizado num sonho. Como que irreal. Alucinógeno. Talvez eu nem tenha de fato tido aquelas brigas, roubado aqueles beijos ou desafiado os perigos. Mas tudo ficou gravado na minha história, como um pedaço arrancado do livro.

Eu até duvidava de tantas bondades. E as vendas que eram postas sobre os elogios velados me confundiam. Mas a adrenalina das descobertas - lentas, mas instigantes - era um tesouro resguardado.


Eu poderia até negar tudo que eu fui, e passar uma tinta branca no passado, dando a ideia de que tudo começou agora. Sem erros. Mas acho que seria inútil, afinal os erros e as ilusões criaram o personagem que hoje eu enceno. E cada parte dos questionamentos foram passos a serem dados. Inevitavelmente.


Eu só sinto falta daqueles amores que eu construía no silêncio. Sob pressão e fugindo dos flashes e das intempéries. Eu preferia aquele gostar inventado, que talvez nem existisse, mas que platonicamente me reinventava. Porque hoje minhas criações se limitaram. O que é, é. Simples e monocromático. Aquela aventura adolescente se extinguiu. E os amores que eu idolatrava, idealizava, não se erguem mais com a imaginação. Tudo que eu tenho a oferecer são minhas palavras pra você.


E talvez este seja um processo embutido da vida. Porque quanto mais eu acho que sei, é que eu percebo que ainda nem entrei no jogo. E como os cabelos que queremos ora longos, curtos, raspados, ondulados, lisos, tingidos, cobertos... O jogo da vida nos propõe a descoberta. E o que ganhamos em troca é a possibilidade de mudar. A metamorfose infinita das ideias. E o ontem que eu me sentia muito bem com cabelos curtos e bagunçados foi deixado pra trás. Não ignorado. Apenas eternizado. O agora me permite ousar, diferenciar. Utilizar o inimaginável. O que antes era incombinável. O que agora é descolado. Porque só o que importa é a busca pela mutação.


E no final é isso que eu almejo. Mais e mais personagens dentro da mesma história. Protagonistas suspeitos, com traços de vilania.

E ainda que o ontem fora mais afável e acolhedor, é pro amanhã que eu me visto. Como nas histórias em quadrinhos. Mas desta vez os heróis não são reconhecidos por usar capa e símbolos estampados no peito. E nem os vilões são tão ruins assim. Porque o tempo será responsável por desvencilhar a impunidade teatral da egomania.


E talvez num momento qualquer tudo volte a ser como antes, ao menos na memória. Onde os doces tem mais açúcar e os confrontos mais sangue derramado...


Exagerado. Eu sou mesmo exagerado!
Procuro um amor inventado...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Relato Auto-Biográfico de um Príncipe:

Eu dei minha vida. Entreguei a dádiva divina sem pestanejar, sem duvidar. Não tive meias palavras ou o que pensar. Fui assim, logo de cara, ofertando minha vida toda. Embora nem tão longa ou vivida, mas experimentada. E com ela foram-se meus sonhos e minhas vontades mais íntimas e questionáveis.

Sem me importar ou refletir. Sem ao menos pedir. Apenas fiz assim. Entreguei a vida, como símbolo de algo maior. Uma coisa imensurável, inenarrável. Como se fosse bobagem. Entreguei alma e coração, e todos que por eles já passaram. Porque quando doei minha vida, juntos se foram todos aqueles que nela acolhi. E até alguns que reneguei. E daí em diante, a responsabilidade foi outra.


Sou um amador clichê. Poeta falcatrua que não bebe. Só me embriago de arrependimentos. Ébrio de mentiras. Sou um poeta ao meio. Ao inverso. Sem sexo como refúgio. Apenas mais um mergulho inconsequente. Fugaz. Uma dose dupla de orgulho e uma injeção de martini e auto-estima.

E mesmo assim dei toda a vida que assisti. Que contracenei. Que em períodos evasivos foram atuados e banhados de moralismo.


Entreguei minha vida e com ela cada pedaço dessa onomatopeia em versos. Um luto áurico. Inexplicável. Insensível. De paixão mórbida e duvidosa... Só sei que nasci com algo morto em mim.

E toda essa trajetória circular e dependente de uma força centrípeta (como explica a física), nem foi tão interessante. Nem provei de tudo ou de todos. Não fiz nada memorável. Ergui críticas intelectualmente escapistas e escolhi caminhos errados. Me atei num futuro que nunca chegou e deixei o passado desfalecer. Despetalar. Mas ainda assim minha vida foi concedida. Reclusão consensual. Eis um minuto de pausa...


A chuva lá fora já castiga os sonâmbulos noites a dentro. E que noites! Vidas e mais vidas que se vivem em horas. Em minúcias. O escuro acolhe os temores - E os céus.
As luzes se intimidam. Incomodam. Prato cheio pras canções.
E como um leopardo faminto, à espreita, o mundo todo te observa. Até te engolir.

E não resta nada. Porque o castigo que eu oferto a mim soa suficiente. As fomes são saciadas e as sedes extintas.

A vida vai acabando, ao ser entregue, junto com o poema que abandonou as rimas.
E como eles, no final, o príncipe morre.

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Última Profecia do Soldado Sociopata, de Peixes:

" Peixes seu destino é finalizar a evolução, guiar a Humanidade ao Nirvana e acabar com os Mistérios "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. O que eu naturalmente faço é absorver a pior parte dela e reconstruí-la.


" Eu renego a ordem fisiológica das coisas. Discordo da vida e de suas versões. Não aceito suas teorias, suas práticas ou suas evoluções. Renego o companheirismo obrigatório e o querer disfarço de inimigo. Fogo e terra devem brigar. Ar e água nunca conversar. E por mais que queira, não usar amor como desculpa esfarrapada.

Eu sou o lado quebrado das histórias. O atalho desleal, pecaminoso. Um conto que se passou na Idade Média. Um bárbaro medieval que mergulhou no sangue negro da História e transformou-se num cardume infindável de questionamentos. Aaahhh Peixes!


Sou yin e yang em dúbio relacionamento. Não quero mais nem menos. Quero o todo, partido ao meio.

A fé se alimenta do desespero. Guerras são respostas imediatas. Não temos tempos. Nem caráter.
Meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos estão no poder.

A Igreja fora manchada por uma ideologia medíocre, e seus seguidores condenados à uma fé pútrida e dissipada.

Os Deuses estarão lá, num horizonte afastado, inalcançável, de rochas vermelhas e árvores prateadas -- disse ele. Eles serão seu guerreiro, sua espada e seu escudo. Seu missionário em campo rival.
Mas até eles abandonaram os falsos templos. Não tenho mais provas, mas sei que eles não estão lá.

Sou assexual. Atemporal. Um mensageiro sem cartas. Dane-se! Prove o sabor da despedida eterna.

Eu sou a rosa encrostada num jardim de ervas venenosas. O último dos últimos cavaleiros. Carrego a última ponta da tríade marítima. Agora os pilares estão desmoronando e as crenças apodrecendo.


Eu sinto todos se desintegrando, pouco a pouco. E cada novo segundo, o ébrio dilacerar de almas expande sua corrupção. A foice dourada do Anjo Negro está denegrindo os 11 outros fiéis templários. Mídia, status social e estética compraram a Igreja e os abandonados. O mundo todo está de cabeça pra baixo, e não roda mais.


O abraço cansado dos Deuses me persegue. Talvez um fim.
Eu sou o soldado pisciano. Carrego sobre os ombros todo o poder corrosivo dos oceanos sanguinários.
Não quero paz. Não quero dinheiro.

As nações foram erguidas sobre mentiras e trapaças, e o tempo das respostas se avizinha. A redenção virá. Os Deuses novamente dominarão (se tivermos sorte). O caos está alojado em todos os astros.


... As torres serão inundadas, e os cavalos atados.
O Fogo Consumirá os Peões e o Ar sufocará os bispos.
A Terra engolirá as mentiras, e a Rainha não escapará.
Nesta selva perdida, o Rei ascenderá.
Sozinho. '

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Desapego Libertino, de Aquário:

" Agora tu Aquário! Seu destino é transmitir a liberdade espiritual e o desapego material "


-- Como toda vida a paixão tem seus altos e baixos. E eu só quero ser livre pra procurá-la numa estrada qualquer.


"Eu encerro a tríplice aérea dos astros. Sou o último recurso eólico dos planetas conhecidos. O que restou das tempestades flamejantes, dos terremotos morais e das inundações cataclísmicas.

O servo eterno das alvoradas esquecidas. Mas eu só quero deitar sobre a grama e deixar ser levado. Não estou a procura de brigas ou amores. Quero ir até onde a brisa quiser me guiar.


Sou o escudo de Athena que a acompanha com sofreguidão de um amante amordaçado. Mas eu só quero fechar os olhos e sentir meu corpo todo falar.

Sinto a explosão dos corpos celestes que derramam sobre mim gotículas cósmicas. Tão pequenas que mal as vemos. Mas lá estão elas. Assim como eu. Apenas nadando e emergindo opticamente pelos ares. Um mergulho retrógrado à inexistência.


Eu estou sempre em atividade. Em busca da novidade. A tecnologia é minha nova melhor amiga.

De tempos em tempos o Aquário é derramado sobre a humanidade para mostrar-lhes a elevação espiritual. Não há nada que levaremos nesta viagem, e nada a se contar. As histórias já foram escritas, e eu as quero ler com os lábios, enquanto bebo o drink libertino dos céus.


Eu não quero estar em lugar algum. Aqui mesmo está bom. Roupas não podem cobrir minha alma, e jóias não me farão brilhar (como fogos de artifício). Verdade e justiça me bastam. Porque não há nada mais iluminado que um fim de tarde, sem remorsos.

Eu pratico o desapego. Não quero mais confrontos e provas reais. Fique com a razão pra você. Eu descansarei sobre a rede, embalado pela canção dos ventos.


Nossos mundos colidem. Vejo milhares de esferas violentas e fúteis, rodando. Apenas girando, enquanto todo o resto gira também. Mas eu só quero pular, até onde ninguém pulou, e mergulhar novamente pra de onde eu vim. É desse vai e vem que se faz a vida. Brigas e carícias, amores e guerras, matéria e ilusão. E só quando tudo acabar, veremos que não passou de um conto. Um fábula. E só dependeu de como escreveu.


Bem, eu não quero as melhores poesias nem os melhores perfumes. Quero os piores amantes e as piores noites. Delas que se extrai a alma, num poema. Vou ler minha história de traz pra frente, de baixo pra cima. Desafiar guerreiros e a gravidade. Me permitir chorar, gritar, sorrir, fazer caretas. Eu só quero sentir que vale a pena.


E acima de tudo eu quero me permitir amar homens e mulheres. Vestir, despir. Correr, deitar. Engatinhar, voar. Sentir frio, calor. Reclamar de ambos. Dormir e sonhar - não necessariamente nesta ordem. Quero beber, comer. Me embriagar de paixões. Me afogar em verões. Eu quero mesmo uma bagunça quente, um cachecol bordado e um par de luvar de couro.


E é claro, quero ler muitas vidas por aí, milhares de capítulos. Alguns parecidos comigo. Outros não. E me permitir parar, quando eu quiser. E o mais importante: Quero ser livre pra ler onde puder. Onde não devia. Onde já fui. Onde estou chegando. Onde ainda desconheço.

Só me aguarde... "

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Imediato Mundo em Suas Costas, de Capricórnio:

" Prepare-se Capricórnio, seu carma é mostrar à Humanidade o caminho através da paciência "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. O problema é que a maioria não consegue diferenciá-los, e quando consegue, torna-se tarde demais pra contorná-los.


" Eu percorreria todo um mundo em busca do que quero. E mais ainda pra provar que estou certo. Às vezes me sinto como as dunas ancestrais que escoram os rochedos petrificados pelo abandono lunar. Mas de certa forma proteger, guiar e aconselhar são minhas virtudes evidentes. Um instinto paterno que me sobressai. E como um tutor, sinto-me no direito de brigar, criticar e até repreender. Tudo pra mostrar o jeito certo de agir e evitar dores e desapontamentos.


Eu não sou dono da razão, nem sabe tudo. Diria até que só sei sobre o meu mundo e a respeito de quem nele habita. Talvez isso me torne dependente direto de um abraço caloroso e curativo que só minha mãe sabe dar. Mas eu não dou o braço a torcer! E diria até que sair da zona de conforto é um desafio mortal. Mas como um guerreiro fiel que sou, necessito da estabilidade de solo firme, familiar, para desenvolver minhas habilidades vorazes.


Como o Capricórnio, símbolo do meu ego e marca dos meus complexos, eu sou a mutação do tempo em torno de sua maturidade. A criatura híbrida que viaja entre os saaras e as cascatas, mas que retorna ao lar com lições aprendidas e ensinadas.

Sinto uma forte necessidade de acolher todos os problemas ao meu redor para solucioná-los. Pra já!


Sou um trabalhador eficiente, dinâmico. Um tijolo por dia para merecer um palácio. Minha impaciência é meu ponto de contradição. E minhas críticas perspicazes podem me tornar aparentemente rigoroso e grosseiro (não que eu não seja).


Eu não admito traições, tampouco imaturidade - apesar do meu orgulho me ofertar quase que uma birra infantil. Minhas relações quase sempre são baseadas no histórico psicológico que eu assumo como meta (mas um companheiro cairia bem).

Não tolero desânimo nem agressividade. Eu tenho minhas temperanças, porém não lido bem com hostilidade e preguiça. Sou o último elemento terreno, e como os demais, transpareço facilmente a imagem de frio e distante. Há quem diga que sou ''anti-sentimentos'', e que estou isolado num beco sem saída, onde as paredes se ergueram sobre às sombras.


Talvez se eu fosse mais natural, menos programado e pragmático eu me divertisse mais. Chegaria a um ponto onde não enxergaria o horizonte. E continuaria.
E quem sabe o total temor de se expor diminuísse.
Eu sei que pareço forte e inatingível, mas nada me assombra mais do que a decepção. A falha. O erro.
E é por isso que refugo as minhas relações e as baseio em egoísmo agudo e cruel. Eu lamento!


Mas eu que surgi das regiões aquáticas mais gélidas do plano físico, e que dominei os campos, terrenos e arenas de guerra com meu inconfundível pulso visionário de moral e caráter, tenho medo do que não controlo.
Medo do desconhecido. E apesar disso soar terrivelmente piegas, tenho mais medo ainda de descobrir que posso amar e mortalizar minha alma. Humanizá-la e enchê-la de nhenhenhéns bobos.

... Há algo sobre este lugar. Algo sobre o teu batom no meu rosto.
Algo sobre você e eu. "

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Aventura em Busca da Vida, de Sagitário:

" Sagitário sua meta é interligar o terreno com o divino, e uni-los "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. Mas a gente só descobre o nível que está experimentando.


" Olá papai, olá mamãe, eu sou sua bomba de cereja!
Olá mundo, eu sou seu garoto selvagem!


Eu fujo dos clichês, mas a maioria das comédias românticas me emocionam... Até o momento que eu enjoo. Já imaginou toda aquela alegria ESTAGNADA? Não há amor sem dor, lembram? Mesmo que seja de mentirinha, afinal os beijos não beijados e os desabafos não ditos são sempre os mais memoráveis.

Eu sou como a última chama viva da independência. O penhor do raio solar desferido por Apolo. Eu sou o astro principal do show, o Gran Numero e Gran Finale, e os planetas giram, tontos, ao meu redor, tentando me acompanhar.


Minhas fotos prediletas são as verdadeiras. Espontâneas. Porque não há nada mais falso do que um retrato posado. É como curar-se de uma queimadura com ferro quente. Numa foto inesperada tudo se revela. Com a selvageria de uma catedral britânica, e com a suavidade de uma orquestra (sem seu maestro). Apenas um flah, e enxerga-se além das mentiras.


Eu não sou bom em guardar segredos. Mas não me culpe, afinal se é secreto tu não deve me contar. E se contou, tu que é o fofoqueiro!

É que tem um turbilhão voraz dentro de mim. Como um predador galáctico que explora os mundos inconscientemente, com uma fome insaciável de descobertas. Não dá pra fazer da vida uma prisão! Porque é do palco das novas ruas, marquises e pontes que nascem as estrelas.


Eu tenho uma faca no brilho dos olhos, eu vou fazer você ficar louco, muito louco, muito louco... Dentro de mim.

Meus romances são passageiros, como todo aprendizado que buscamos. Mas faço deles sonhos blindados de emoções reais. E nos meus sonhos, os peixes têm asas avermelhadas e as nuvens são sempre roxas. Até diria que lá longe tem uma garoto sonhando. Sonhando com o paraíso. E ainda digo que temo acordá-lo...


Então me diga alguma coisa!Algo que não devesse me dizer. Algo que me pare. Porque eu sou um rolo-compressor buscando novos dias, novos filmes, novos sabores, novas cores, novas máquinas, velhas escapadas, novos dissabores, novos sonhos, velhos peixes.

Eu sou um andarilho que não pára. Um xamã fugaz, fervente. Um almanaque politicamente incorreto de mapas rebuscados, que nem sempre chega a um tesouro.

Mas eu tenho medo. Medo de andar, e nunca me achar. E mesmo sabendo que só se perde quem sai do lugar, eu ainda t5enho medo. Medo de andar, andar e andar, sem nunca saber onde quero chegar. Mas com toda teimosia que incendeia meu coração, nunca parar. E andar. Só andar. Simples e pacificamente andar. Até não saber de onde vim.


Então, por favor, me diga algo dispensável! Algo fútil, vulgar. Diga o impensável. Fale o que não poderia falar. E depois cale. Só cale... E me pare... "

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Sensual e Letal Suspiro, de Escorpião:

" Que fique claro que tu Escorpião, terás como missão, controlar seu ímpeto e valorizar o primeiro sentimento "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos, e não há tempo a se perder. Se der errado, ao menos usufrua dos corpos. Afinal sexo e paixão são amigos íntimos.


" Um arrepio me desperta durante a noite. Os ventos gélidos arrastados do cemitério assoviam nas folhas secas das árvores. E sentado, encolhido entre os lençóis da cama, um flashback tem início. Como recordações de tantas vidas a finco, mente e corpo se desprendem. Os monstros do armário parecem mais vivos, e mesmo que eu não acredite em bruxas, sei que elas existem. Todos os medos e desentendimentos infantis me resgatam num segundo. Acho que eu nunca deixarei de ser criança. Mas desta vez meus brinquedos serão outros...


Eu sou como as correntezas oceânicas que perfuram os riachos em busca de uma força jamais vista. O êxtase complementar de uma refeição canibalista. O suor que desliza pelas curvas do teu corpo transmite toda uma leva de fluídos aromáticos que me guiam ao frenesi.

Eu sou uma queda-livre alucinógena em busca do fim dos tempos. Meu corpo é uma explosão de raios gama que se canalizam, como um míssil feromônico que dilacera as tentações pecaminosas.


Eu sou a submersão dos anseios. Sem pensar, sem questionar. Eu me submeto à prova de choque, à prova de balas. E de repente, tudo vale a pena. Tudo faz sentido.

Como o veneno do escorpião que é destilado gota após gota, até extrair toda sua virilidade. Ninfomania.

Nossos corpos se entendem, como uma simbiose parasita que extrai os últimos suspiros vivos da carne.

Eu sou roleta-russa subversiva. Não há escapatórias, nem argumentos. Todo o turbilhão assustador dos anos enterrados no mais profundo abismo marítimo ressurge com uma vingança categórica. Mas os gatilhos foram disparados e as balas esgotadas. Exceto uma. O último gole de redenção.


Minhas fraquezas são afagadas com um caliente e duradouro pesar de despedida. O beijo tácito da morte que me espreita. Espia. Posso até sentir todos os martírios silenciosos de torturas veladas em inocentes. As masmorras vulcanizam as almas exorbitantes e desafiadoras. E cá estou! O Escorpião que resiste às tempestades desertificadoras e que abate a presa com um único letal (porém excitante) movimento.


Um cordeiro que aprendeu a ser lebre. E ainda que quisesse voltar no tempo (e pudesse), a pele fofa já foi consumida. Enterrada.

E dizem por aí que sou manipulador e vingativo! Como se fosse fácil julgar um livro sem lê-lo!
Mas a covardia me desmotiva.
Porque quando tu estiveres na roda, não desejarás ser o último a empunhar a arma...

... Ele foi buscar lã, mas saiu tosquiado...


...BANG! "

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Diplomacia Equivocada, de Libra:

" Tu Libra tens como objetivo domar os dois lados da Balança "

-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. Só o que eu faço é inspirar-me de sensatez e buscar sua justiça.


" Dê asas ao seu desejo de amar. Criar. Inovar os labirintos dispersos da vida com aconchegos e sussurros ao pé do ouvido. Eu sou especialista na arte da compreensão, e desenho sobre os verões carinhos roubados dos romances franceses, e a paciência inglesa que desempenho com vigor.

Meus olhos, feito turmalina rosa, são canhões de plasma carregados de contos e encantos, e pela suavidade felina que neles carrego, livro-me de primaveras floridas com facilidade e caço barões enraizados de mistérios. Afinal, tratando-se de sensatez, eu sou como a brisa abafada do Gasômetro num fim de tarde, e firme como os tufões que balançam as folhagens do Parque Farroupilha.


Dou asas ao arroubo consciente de amar. Mas jamais esqueço que a justiça não é cega como aparenta. Por vezes tem olhos covardes de discriminação e bolsos cheios de subornos tempestuosos. É quando mais me dói carregar o símbolo finito da justiça: Em épocas de hipocrisia escancarada e corrupção descabida.

Eu sou um romântico falido. Paguei meus amantes com conversas intermináveis e afagos dourados. Sinto borboletas no estômago cada vez que a paixão me venda com sua embriagada máscara negra.


Sou discípulo de Éros, e acredito veementemente que amor nasça, sobretudo de um elo verdadeiro. Minha maior paixão nasceu de uma forte amizade. Meu círculo obscuro que carrego como cicatriz atemporal.

Me arrependo de deixar tal sentimento crescer. Tenho medo de estragar tudo. Amor e lealdade. Perder as duas pessoas que enfim vejo numa só. Então congelo! Não sei pra onde andar.


Mas pouco me arrependo, devo contar. Amor e sintonia enfim me encontram. A balança pende para os dois lados. Igualmente.
Então se há justiça nesta farta era, por favor atinja-me com seu peso decisivo...


...Porque eu sou um sortudo apaixonado pelo(a) meu(minha) melhor amigo(a). "

sábado, 2 de junho de 2012

A Meticulosidade Neurótica, de Virgem:

" Você tem como destino encontrar-se dentro de todas as coisas "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. Só que eu prefiro esperar ela se transformar em amor...


" Eu tenho medos, e mais do que isso, minhas angústias me corroem, noite após noite. Eu sou uma máquina desenfreada de críticas e questionamentos. E me atrevo a dizer que cada novo dia é outra oportunidade de reviver as tensões do passado.

Eu não tenho superstições, e meu lado emocional é facilmente enganado e engavetado pela minha supremacia racional. Tudo segue uma lógica inventada e um padrão muito analiticamente organizado. Não é que eu não goste das pessoas. Isso só não é o suficiente.


O jogo de aparências me confunde, e esse grande espaço cósmico de arquivos divididos por datas, tamanhos, cores e cheiros que é meu cérebro, me condenou à uma perpétua auto-análise diária (noturna pra ser mais exato). E sinceramente, eu não desejo isso a ninguém.

Eu sou virginiano e isso deve dizer o bastante. Mas como as coisas nunca são suficientemente explicadas pra mim, eu sou do tipo que esgota as energias em busca de cada vírgula, parêntese, aspas e parágrafos. Cada parte é necessária pra compor a história, por mais que seja ironicamente criada da minha imaginação.


Meu maior algoz nasceu junto de mim, como as trevas que nascem em contrapartida à luz. Eu não vejo soluções, apenas problemas - desfalques na hierarquia teatral que é a vida.

Eu gosto de poucas coisas e duvido de muitas. É que pra mim não trata-se apenas de gostar. Como busco a perfeição em tudo, só quando algo se aproxima das minhas expectativas é que ele consegue hipnotizar minha atenção.


Eu abracei a solidão e ela derramou sobre mim um pouco de sua bênção poética. Eu não quero alguém que me ame (pois isso nunca é o bastante). Eu só quero a verdade. Amar não passa de uma arma derradeira que usamos pra atropelar quaisquer fraquezas que se ergam perante nossas vontades. E só quando os corpos se entenderem - porque as almas não conseguem - O amor soará próxima da realidade.


Em meio a todo esse caos purpurinado de corpos sarados e conteúdo ameaçado de extinção, eu impregno minha fé com a vontade de ser um dia descoberto pela vida -- ou quem sabe pela morte.

Eu não faço promessas, e assim como a figura que dá vida a quem eu sou, a Virgem alada que leva consigo a ideia de que é preciso plantar pra colher, minha esperança é movida pela probabilidade.


Meus sonhos são secretos, bem como quase tudo que cerca quem eu sou. E ainda que eu quisesse desmitificar meu ego, há muito tempo paredes intransponíveis foram erguidas aos arredores da minha alma.

E minha defesa tornou-se a culpa sádica que eu hei de carregar como castigo cármico... Até o fim. "

terça-feira, 29 de maio de 2012

A Vaidade Prepotente, de Leão

" Agora é sua vez Leão! Seu carma é controlar e dispor de sua vitalidade "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. Só o que eu faço é provar para o mundo que seu apogeu só será alcançado através de mim.


"Desde os primórdios do tempo, as civilizações são guiadas por crenças religiosas e ceitas que cultuam os astros e os deuses. E mesmo com esta fé que os encoraja, os povos desde seus entusiamos ateus até os mais devotos solícitos, sempre se cercaram de muitas perguntas que penderam à expansão. Como o fogo que consome tudo freneticamente, as nações querem mais e mais. Conhecimento desenfreado. E para isso, um símbolo de sua fiel semelhança sempre foi preciso para guiá-los. Um representante que diga, mas sobretudo faça, o que eles não têm coragem e capacidade, ou simplesmente habilidade de organizar pra conquistar.


Um guia. Eis-me. Um líder nato. Eu sou o raio mais esperançoso das descobertas, e não há pergunta que tenha sido soterrada pelos tempos que não tenha passado por mim. Como o astro rei que ilumina e incendeia as inspirações artísticas, eu domino o centro do universo. Eu sou fogo ardente no seu maior ápice idílico. Combustão espontânea e supervivente das batalhas.


Eu sou o leão imperial que desfila com sua juba majestosa. Não há planos impossíveis, nem contratempos que me abalem. Eu sou incendiário e potencialmente a pessoa certa a se falar.

Alguns me julgam autoritário, ou até mesmo presunçoso. Admito que alguns não passam de invejosos travestidos de fiéis seguidores. Mas minha humildade me permite entendê-los. Eu também não compreendo os porquês de uma pessoa como eu irradiar tanta autoridade e razão, naturalmente. Mas como os campos que são abençoados pela chuva durante a seca, eu inundo os palacetes com meu sorriso onipotente e meu carisma imensurável.


Um leão não vai a uma simples caça. Ele conquista por seu próprio mérito todo um harém de olhares admirados e corações acelerados. E ainda que meus cabelos volumosos e meu olhar castanho-ouro abarque toda uma multidão de fanatismo, é com meus braços valentes que agarro todos os mistérios do mundo e trago para mim a incumbência de comandar as feras mundo à fora.


E como o fim de tarde que desejamos sempre avistar, mesmo em dias turbulentos e cromados de tons cinzas, eu sou a eterna lealdade resguardada no mais pontual aroma flamejante da alvorada.

Eu queria um mundo só pra mim, para nele colorir diariamente com prata e bronze as histórias templárias de mil eras que cabem na gaveta do quarto, afim de talvez soprar novas vidas alaranjadas em barro seco.


... Pois o ouro que ao homem fora prometido, descansa em paz na flâmula selvagem que é a alma do Leão. "

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A Persistente Dependência, de Câncer

" Tua missão Câncer é controlar seu apego emocional "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. Mas por maior e mais poderosa que seja essa paixão, toda aprovação do lar e do cotidiano familiar devem aceitá-la.


" Sejamos sinceros, a gente sempre acredita que conquistará o mundo e que nossos sonhos serão construídos como um muro, né?! O lado bom de crescer é entender que as coisas têm seus preços e que nem tudo pode ser feito. O lado ruim é achar que faremos tudo de novo, sozinhos, e com um espírito forte e encorajado de malícia que nos domina.

Aaahh a juventude! É tão bom achar que se pode tudo e nem ligar pra ninguém... Aonde eu me encaixo? Bem, eu não sou do tipo inconsequente e visionário. Talvez seja até um careta! Mas pra mim a base essencial da vida é o conforto familiar.


Não dá pra achar que está tudo bem quando não se está. Ontem mesmo liguei pra B. e ela me avisou que sairia com o J. E nem me avisou! Mas tudo bem, espero que tenham se divertido. Mas da próxima vez nem convido ela pro cinema também. Tá legal, talvez eu seja um pouco birrento, mas não dá pra aceitar todo mundo se achando auto-suficiente. A pirâmide é feita de 4 triângulos e um quadrado. Tu acha que alguém fez tudo isso sozinho?


Eu nunca fui aquela criança que queria ser adulta logo. Eu aproveitei cada dia. Mesmo quando alguém me insultava ou quando eu tinha que dividir a atenção da minha mãe com meus irmãos. Vá lá, não sou tão possessivo. Mas às vezes fica um vazio aqui dentro. Tá todo mundo tão ocupado estudando, trabalhando, correndo... Será que tem um espaço pra mim?


Eu gostava mesmo era do sabor de fim de tarde com a galera. Todos recorriam a mim. Sempre fui o mais sensato da turma. Os desabafos foram tantos... Mas nem adianta esperar. Eu não conto não! É segredo ué.

Eu queria tudo de volta. Quando os dias eram doces e ensolarados, e as prosas por vezes amargas, mas sempre valiosas.


Sonhos e amores não podem ficar presos. Nada disso tá dentro da gente como dizem. Isso nos mataria muito rápido, afinal explodimos com facilidade. Sorrimos, choramos, gritamos, calamos. E é pelo rosto que espelhamos nosso próprio reflexo emotivo. Até aqueles que disfarçam bem. Através da pupila, retina e todo esse blábláblá encontra-se uma chama viva - dos dias que jamais serão apagados. E tudo começou lá atrás, com a família. Seja ela qual for.


Eu acho mesmo que fiquei preso no passado. Lá num horizonte desconhecido onde as angústias e alegrias se misturaram, como os rios que nos cobrem de oceanos místicos e profundezas abissais. E mesmo nestes derradeiros encontros marítimos, o sabor agora agridoce, nunca me deixa esquecer que, o canceriano que sou, nasce, vive e sonha, sobretudo com um ninho quente e aconchegante, onde o lar seja seu refúgio, e pôr-do-sol.


Será que eu to sozinho aqui?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Autonomia Inconstante, de Gêmeos:

" Gêmeos, seu objetivo é controlar sua inconstância de personalidade "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. O problema é que eu nunca sei quando estou no alto ou no baixo, e nem quanto tempo isso durará.


" Não há limites entre o céu e a terra. Não há apenas uma numerosidade no arco-íris. Há toda uma mágica que abre os sonhos cadeados no fundo da alma. E certamente não há uma definição correta para o amor. Afinal 'tudo' e 'nada' confrontam seus interesses há muito tempo. E só o que eu faço é torcer que um dia isso acabe.

Sabe, eu vejo tanta gente reclamando de suas vidas... Suas ideologias parecem manchadas e acinzentadas. E não é que não haja remédio - Porque há! - Acho que todo mundo tá zonzo demais pra notar que o mundo é um playground ilimitado. O único problema é quando a brincadeira se torna séria demais, até pra mim. É aí que eu tenho mais vontade de mergulhar na fantasia que eu rabisco na televisão. Vida de cartoon quem sabe. Mas admito que sentiria falta dos olhares desconfiados e das mágoas. Afinal eu não to tentando fugir das responsabilidades. Eu só quero extrair a melhor parte do dia, antes que ele acabe. Porque ele sempre acaba muito rápido, e eu fico com a sensação de não tê-lo cumprimentado. Então lá vai: Bom dia, Dia!

Hoje eu até acordei com vontade de dormir o dia todo. Mas dá uma peninha ver o sol nos contemplando e ficar aqui...

Eu queria passear no parque e colher ar puro do vale. Resgatar a infância adormecida. Mas eu sei que as ruas são perigosas e hostis, e tenho medo de mergulhar no vale e não mais voltar. Por outro lado, eu queria festejar. Um brinde ao céu e às estrelas! Mas quem nunca se sentiu sozinho olhando toda essa imensidão?



Eu não sou bipolar como dizem por aí. Seria hipócrita dizer que uma pessoa é feita de dois pólos. Mas se eu fosse, coloriria um de vermelho e o outro de azul. O lado direito seria o vermelho. Não, não! Seria o azul. Se bem que talvez eu enjoasse dessas cores, hummmm. Todo caso acho que é melhor que seja verde e roxo. O verde sempre me lembrou uma sensação de calmaria. E o roxo recorda a torta de amoras que a minha vó fazia. Aliás, que fome hein!


Falando nisso, alguém já teve vontade de mudar tudo, se pudesse? Recomeçar do zero? Eu sempre quero refazer as coisas. Tô querendo redecorar o quarto. As paredes roxas por algum motivo me dão fome.

Quando eu era mais novo, logo que começava a chuva, eu ia até a janela e tentava enxergar onde ela começava. Mas não conseguia. Então questionava por que não é possível enxergar o vento. E é simples: Porque dentre os elementos da natureza, ele é mais improvável e autônomo.

E assim como o vento que desperta as forças mais vitais do planeta, eu aprendi a voar. Basta fechar os olhos e me concentrar que logo eu vejo o parque esverdeado da infância, a torta de amoras da minha vó e meu corpo repleto de cores pulsantes ( E eu nem preciso mais escolhê-las ). E agora aquela sensação de que o tédio me mataria e que os medos me assombrariam logo se desfaz. Flutua.



E ainda que magia não passe de ilusão, eu sei que ela existe... Porque não há nada melhor do que acreditar nela.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A Ambição Inconsistente, de Touro

" Tu Touro, terás como missão domar sua espiritualidade "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. Mas eu sei que ninguém vive do insubstantivo, então prefiro erguer as paredes pra depois convidá-lo a entrar.



" Todos os mistérios soterrados pelo tempo e pelas canções estão eternamente enraizados sob a terra. A terra acolhedora, misteriosa. Uma constante inigualável que carrega consigo os segredos das civilizações desacreditadas pelas secas, e inundadas de místicos arroubos tectônicos.

E como a terra em busca de segurança e estabilidade, faço-me concreto, convicto, invicto, contacto. A maior força da natureza que suporta em todo seu globo as andanças das gerações consumidas pelo ódio e pelas vaidades.

Eu sou o portifólio perfeito de toda criação. Ponto de partida das trajetórias austrais dos arranha-céus.

Como o chão que necessitamos sob os pés, minha conduta adere os continentes em torno do mesmo sofrimento ponteagudo - A estabilidade.


Como o solo que ora te atinge violentamente com seus terremotos varonis e suas erosões apocalípticas, meu espírito abundante de heroísmo e sofreguidão culpa-me pela persistência descomunal e eterno amparo. Sutil como a areia que consome as civilizações egípcias, mas ambicioso como as rochas que impiedosamente se sobrepõem às suas vontades.

Eu sei que amar fere e solidão castiga, mas um reinado não faz-se de sonhos. Guerras são necessárias tanto pra conquistar os campos mundo à fora, quanto pra erguer seu próprio lar de sensatez.

Meu charme não está nos cabelos que distoam os oásis do saara, ou nas mãos que carregam os tijolos pela vereda. Beleza é fundamental, e assim como um porto-seguro sobre incomenda, deve ser moldada com perspicácia, paciência e exatidão. Afinal ser escravizado pelas aparências é o pior castigo que pode-se aguentar.


Toda alma taurina renasce instintivamente para construir sua própria fortaleza. Essa que deve resistir ao purgatório cósmico das desventuras e impíedades mundanas.

Admito que muito já fui iludido, mas como um Touro que reúne sua mais vital força afim de enfrentar o obstáculo com devaneios psicodélicos, todavia centrados, sei que os olhos da esfinge não me fitarão mais com seu cinismo embecado e sua adaga de sopetão. Farei da tourada, um jogo.

Se queres fazer parte desta história, aguarde-me. Lapidaremos nosso próprio conto e, como a maresia que enferruja o passado, desentortaremos a vida. Como raio de luz que reanima os campos. O pátio exorbitante de carícias e ganâncias taurinas.


A força não está com aqueles que esnobam os fracos ou com sua prepotência divina.
Afinal, forte é o guerreiro que consegue erguer seu palácio e não morrer no seu próprio abandono. "

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O Impulso... Ao Precipício, de Áries:

" Então deixo dito que tu Áries, terás como missão mostrar o caminho da evolução. "


-- Como toda vida, a paixão tem seus altos e baixos. O que eu faço é não pensar se vai valer a pena. Eu apenas me apaixono, e isso diz tudo.



Como o fogo que serpenteia o horizonte em busca de aventuras infames. Como a flama incendiária de gloriosas vitórias e duvidosas derrotas que queimam no alto da colina. Como os vagalumes flamejantes que dançam ao redor da fogueira num culto à coragem e ao ímpeto guerrilheiro. Este sou eu. Sem medo do desconhecido. Inovador que desbrava as selvas do século 21.

Meu espírito é viajante, honrador, todavia impiedoso e usurpador. É das desventuras que se provém o fel excitante da nova batalha. Cada conquista trata-se do alimento ao ego. E cada coração devorado, me traz a plenitude dos campos Elísios.

Não posso prometer a estabilidade da infinitude jovem em teus braços, mas garanto que os momentos abarcados pela labareda de fulguras que é meu coração, te acorrentarão ferozmente na minha jaula. Eis a casa nova dos sonhos. Mas não se engane! Eu estou sempre de mudança.
Afinal, eu sou uma explosão enérgica e incontida de fluídos canibalistas.
Ele diz "vá". Eu não vou.


O sucesso é pura consequência da minha voracidade, e quando eu quero algo, não trata-se apenas de querer. Torna-se uma necessidade! Porque eu preciso provar pro mundo e pra mim mesmo que a caça só existe quando um bom caçador está um passo à sua frente.
Ela diz "vá". Eu não vou.


Não é egoísmo ou deveras ciumeira e coisa boba. Mas se tu queres comer, abata a presa antes que ela te roube a honestidade. Não compartilhe-a. Compartilhe-se.
Minha fome estratosférica de jogos reiniciados e de coreografias decoradas e redecoradas é maior do que eu. Maior do que tu!
E certamente não há paredes que me detenham, afinal o muro só é alto demais quando tu não estás realmente disposto a pegar o que tem do outro lado.


Ele diz "vá".
Eu já fui. "

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Crônicas do Estado Cinza:

Sentado sob a sombra de uma imensa cerejeira, buscava dentro de mim, e em todas as coisas, um real sentido à vida -- Dentro em nós as coisas se escondem. Apesar do incrédulo sentimento de fraqueza, achei que fosse possível justificar meu comportamento, como que dividindo-me em dúzia de pólos, através da criação de uma história. E foi então que as vidas nasceram. Num conto equivocado e caótico, mas que fez-se ardiloso e ardente, como chamas dançantes sobre o vento, que perfuram o horizonte.

Ninguém é constante e inoxidável. O tempo traz consigo a mutação necessária e o aprendizado. A sabedoria que mutila os jovens e a arrogância que desestimula os velhos. O tempo é o pêndulo necessário que criei. Balança de lá pra cá e de cá pra lá, sem nunca encontrar seu ponto de partida ou de chegada.

E as aulas que tentamos evitar, mas que nos arrastam como vagalumes incandescentes e desonestos, um dia serão recordadas como que se fossem longínquas e tênues. Mas a linha que enlaça o cosmos é feita de ilusões rasteiras. E nunca estaremos longe o bastante pra esquecer, nem perto demais a ponto de ignorarmos.


E no final só o que importará é a soma de todas as pessoas que aprendemos a ser com o tempo. Sem medida certa. Sem hora marcada. O momento chega. Sutil como o bater de asas de centenas de borboletas que carregam em suas luzes o mistério ancestral da teoria do caos.

E eis que naquela tarde, sob àquela cerejeira, vi-me em confusa sub-análise titânica (com o perdão dos Deuses, é claro). E disseram então que o mundo gira. Foi então que uma a uma arranquei da alma, partículas pequenas, mas vibrantes, de tudo que sempre fui e ainda hei de ser. Afinal, que pode o homem fazer além de girar, e amar?


Tais 12 novos pedaços poderiam trazer consequências mártires e arrependimentos mil. E tão logo notei que as cicatrizes não seriam curadas pelo algoz do tempo, e uma hemorragia transcendental que fez-se nostálgica... Todavia fulminante. O reinício deveria ultrapassar as 12 novas esferas, e se assim fosse contemplado com a vitória, todos os segredos da vida e da morte seriam revelados.


Como uma viagem que tem por ponto de partida a própria existência, o ciclo deve começar. Eis a mais selvagem e fugaz anatomia do medo. A reinvenção das eras. Carregarei comigo apenas um caderno em branco, afim de esculpi-lo com as histórias que adiante serão narradas. Os versos se farão vivos como pena de fogo, através das andanças e desilusões vivas da carne.


Certo ou errado podem transbordar do meu peito, e os olhos que foram reimplantados pela loja de corpos que é o destino, fitarão as galáxias numa explosão estelar de um mundo varrido em subterfúgios. Passo a passo, o guerreiro mais leal do tempo, untado de sua foice celestial decepará as asas negras da verdade. Uma a uma.


E que assim seja feita a vossa vontade!



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