sábado, 28 de janeiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- O Sono Eterno do Amor:

A morte iminente é uma grande preocupação. Algo tão incompreensível e misterioso, no mínimo tira a órbita de qualquer celeste figura.


A morte é o que de comum temos com o resto da humanidade. E num dia escravizado pelo abraço sinuante da grande galeria que é o pôr-do-sol, assistiremos o encontro inevitável do fim e início, tão próximos e tão distantes. Tão próximos que alinham-se no limite cósmico da renovação, à beira da eternidade. E tão distantes que desembaraçam a história, e pontuam em suas extremidades como bússolas equivocadas pela infinita mentira.


Eu castigo a carne. Dilacero e apreendo o pesar humano. Até mesmo o menosprezo. Essa sombra instigante e insípida de pecado. O resultado da desordem. O paraíso poderia ser refeito, emoldado. Mas para isso, a carne haveria de se extinguir. Assim, purificaria as terras com seu abandono, e santificaria as chamas com sua vulgar presença. Livrai-os de todo esse mal, agora e sempre!!


Eu castigo meu corpo. Culpo os batimentos cínicos de sangue que percorrem este labirinto hostil e mal acabado. Acorrento os braços pra que não mais toquem por tocar, e rasgo o peito, como flecha lançada, para retirar o ardor cardíaco da vida.


Aaahh por muito tempo lutei por esta tal vida... Por prazeres temporários e tempestuosos que pude almejar. Deitado sob os espinhos, vi o sol tornar-se lua e a lua tornar-se sol. Eis a magia atemporal dos astros. Mas qualquer aliança forjada pela lei dos homens tende a ser destruída. Não há nada que os pare. Não há nada que os convença. Dinheiro e sexo compram paz e justiça. E a vida não trata-se de beleza, fama ou poder. É apenas uma escola incerta pra morte. E não há nada de ruim nisso! Afinal tudo o tempo todo trata-se de se preparar para o desapego. Para o abandono material e físico. E por isso sou assim, livre e cruel. Não há nada que eu queira levar. Não há nada que me prenda, sobretudo a crucifixos e terços. Não mais evoluído que ninguém. Tampouco menos ruim. Mas eu castigo a carne, e além disso a culpo... Mas não guardarei rancor. A carne é vulnerável e limitada, mas eu enxergo além. E apesar de sempre ressoar com tristeza e pesar, a morte um dia será a saída ideal. O 'Gran Finale' elaborado minuciosamente.

Sem dúvidas, será lindo!



Então ele disse: "Tu ages como se estivesse brincando de ser Deus. Enquanto jogas esses dados, diga-me, como podemos saber que, mesmo com toda aquela neve que cai lá fora, ainda existe um mundo sob ela?"


E eu o respondi: "Eu não posso afirmar nada. E muito menos prometer. Mas eu diria que, enquanto estamos aqui, e tudo lá fora morre e vive freneticamente, o mundo gostaria de ter certeza que nós estamos aqui também."

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança -- O Mal do Século: Os Assassinos de Egos

Toda recuperação é um aprendizado. E a dor faz parte dela. Não é por acaso. Por mais improvável e multicolor que uma ferida possa desmitificar a nossa força, aprender a superar será a maior e única lição de ser aceita. E ainda que nosso ego entre em confronto direto (e proporcional) com todas as vaidades, ainda assim a dor estará lá, pra lembrar que há algo a ser recordado, e um dia curado.


Não há dor alguma que possa ser descrita num poema. Talvez até seja citada, vez que outra, mas é sempre a sombra de uma paixão traidora ou de um desamor mundano. Não há definição correta, ou próxima da realidade, pra toda aquela dor. Tanto sofrimento encolhido e diariamente esmagado por um cínico orgulho de ferro. E não há espaço pra dor e mal de amor na mesma frase, porque por mais terrível e assombroso, que possa ser um grito agonizante, a dor te consome no silêncio da alma. E pra amar, a alma faz-se de puritana e desconfiada. Deixem-os enfim descansar na paz eterna. No eterno ardor do gemido acalorado da primavera... Na paz da dor perpétua.


Toda lei de amar torna-se vulnerável após embebida a primeira gota de melancolia. Ninguém mais enxerga os assassinos de falsos egos que nos rondam. Mas eu continuo a ver os corpos se empilhando. Um a um, a mídia estética e todo o barato purpurinado por traz da venda de caráter, é absorvido pela vitalidade sanguínea de cordas musicais. E depois que extraem o último suspiro de rock n' roll, te jogam num cemitério de boas intenções.


Eu já tentei alertá-los sobre esse jogo. Mas acho que todos estão dispostos a esvaziar seus cofres de sanidade por uma fama instantânea. Algo que futilmente os tire de suas vidinhas sonolentas. Ligam-se os holofotes, apaga-se a moral. Ou o moral. Entenda como for.



"Corra na balança até alcançar Saturno; Sue até esquecer da última vez que ingeriu algo comestível; Beba até a dor confundir-se com o tédio... E sorria pra câmera. Nunca pare de sorrir! Alguém tem que acreditar no seu sorriso. Alguém tem que sentir alguma coisa, enfim. Não se preocupe com os antigos amigos. Eles não eram bons pra você. Eram uma má influência. Não te acharam incrível quando você fumou toda aquela banalidade, ou quando injetou mentira, em vez de morfina, em si mesmo. Eles também serão apedrejados. Nada mais do que você foi, ou gostaria de ser importa. Contente-se por não ser gordo ou uma lésbica."



Quando se corre de quem você é, fica fácil assumir a dor como par perfeito. E o conformismo e satisfação que ela parece te proporcionar te preencherão por muito tempo. Muito mesmo. Você se achará um máximo! Mas logo a dor retornará, e você vai se perguntar "Mas por quê? Por que comigo?" ... E a resposta sempre vem acompanhada da própria pergunta: Porque até a dor um dia findará, e se extinguirá.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Pegando Coelho por Lebre:

Se eu lembrasse que o mundo é um lugar tão pequeno quanto o gosto que eu tenho por cores neutras, eu pararia de me surpreender quando tudo parece se transmutar num digno dramalhão mexicano.



Tempos atrás, conheci um garoto que certamente tem uma personalidade oposta a minha. É impulsivo, inconsequente, teimoso e cheio de intensidade. Vocês já devem imaginar no que deu né? Obviamente muitas brigas (muitas mesmo), que se intercalaram em momentos acolhedores. Senti um carinho grandioso por ele, e um repentino espírito cuidadoso. Eu sempre me sinto responsável pelas pessoas. Gosto de cuidar delas (alguém tem que fazer isso né?!), apesar de não merecerem.


Não sei se o fato de ser mais novo influencia, mas ele ainda é muito imaturo. Às vezes eu achava que surgia uma tímida maturidade nele, porém era profundamente rasa. Eu não entendi direito o que ele quer. Claro que nem ele sabe ainda, todavia me apeguei a ele. Então nos cruzamos algumas vezes na pista de dança, e trocamos ''uma ideia''.


Por um tempo, ele disse gostar de mim. E eu admito que pensei em retribuir. Porém logo percebi que ele é um garoto carente de conquistas e que na verdade só tava a fim de curtir a adolescência (fato comum). Acho que na verdade eu estive prestes a ser só mais um na vida dele. Eu poderia ter exigido mais, contudo ele não tava pronto pra assumir um papel mais complexo. Poderia também exigir menos de mim, entretanto eu já to num lance diferente, noutro patamar.


Logicamente temos amigos em comum. Até já troquei ''uma ideia'' com uma amiga dele, e outras histórias que não vem ao caso agora. Tudo poderia continuar muito bem, cada um no seu mundo, e vez que outra unindo-os. Seria o bastante. Mas eu sei que ele tava querendo provar algo. E eu o ensinava truques e artimanhas pra lidar com as pessoas. No entanto, ele se achava sabichão. A verdade é que ele ainda é ingênuo, vê o mundo ora cor-de-rosa, ora desesperador. Mas esse guri tem futuro! Um dia encontrará a razão... Ou a emoção certa o achará.


Por meses o coloquei sobre meus cuidados. A prisão não é tão diferente desse mundo. Se você não for forte o bastante, é melhor se aliar com as pessoas certas. Eu tenho sorte por ser um bom mentiroso, com uma lábia fantástica e uma credibilidade quase inabalável.


Eu queria ser o ponto fixo dele. O abraço reconfortante de quando ele caísse. E eu fui. Destruí a possibilidade de criar um romance. Achei melhor consolidar nosso lado fraterno. Que assim seja! Esquecemos as amarguras passadas de vis discussões sangrentas e tornamo-nos apenas escudeiros. Mas esse tal destino é uma droga, não é?!


Acho que tudo teria ficado bem, se não fosse aquela quarta-feira. Numa conversa de praxe, ele envia a foto de um suposto 'ficante'. Dá pra adivinhar quem era? Siiiiiiiiiiiiiiiim, o Y1. Sério galera, não to inventando isso pra trazê-lo de volta a história. Mas o L1 junto com o Y1? Travei na hora. Não soube o que lhe dizer. E até hoje to devendo esse argumento a ele. Mas aquilo de fato me ofendeu. Eu sei que não deveria, e claro que o Y1 já foi enterrado na história, mas isso me pareceu perseguição.


É isso que chamam de coincidência? Foi mal, não acredito nessas coisas. Eu sei que deveria ser mais compreensível, mas isso me soou perversamente irônico. Hoje eu teria uma atitude diferente, talvez mais correta, mas sabem o que pensei na época? "Foda-se a diplomacia. Que FDP!". Me senti quase caindo na mesma armadilha do tempo. Mas dessa vez meu espírito feroz e vingativo agiu de antemão. Minha primeira atitude foi covarde e cruel: Tirei qualquer proteção e vínculo que poderia ter com o L1. Foi como largar um coelho fofo na jaula de felinos famintos. E eu só fiquei de longe, assistindo o banquete dos bichanos.


Eu não tava pronto pra encarar tudo de novo. E o L1 não tava pronto pra esse ataque tão inesperado. Claro que eu poderia simplesmente ter superado. Mas eu não o fiz. E quer saber? Me diverti muito com cada gota de sangue que o L1 jorrava por cada golpe que sofria. A verdade é uma brecha violenta entre a mentira e o esquecimento.


Se Madalena foi apedrejada como uma vagabunda qualquer, eu acho que um coelho que quer ser lebre merece um rugido á altura.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Eternos como Diamantes:

Pessoas que realmente são felizes, não alarmam sobre isso por aí. Quem sai nomeando cada pedaço de um relacionamento só pode ser do tipo desesperadamente inseguro.

Eu não sei quanto á vocês, mas eu quero viver pra sempre. Outro dia me perguntaram o que eu achava da morte. Ora sei lá, não morri ainda! Pelo contrário, cada momento de dor e fraqueza me mantém ainda mais vivo. Então é bom se prepararem, porque eu viver pra sempre.

Eu nunca me preocupei com o que eu deixaria de recordação quando eu morresse. Claro que sou muito novo pra pensar nisso, mas quem me garante que eu não vou morrer daqui há 10 minutos? E como eu prefiro prevenir, vou logo dizendo que eu fui muito feliz, apesar de tudo. Eu experimentei um aglomerado de sensações que eu nem imaginava existir, e todos os erros óbvios me ensinaram novos caminhos pra chegar ao acerto.

Eu sempre tive uma obsessão por perfeição. E consertar as coisas, além de ser um prazer, me lembra do quão privilegiado sou pela minha aptidão em análise.

Durante muito tempo eu vivi na expectativa de provar ao mundo que eu era normal. Até que num dia saquei a real importância que a vida nos ensina, com os tombos e decepções que ela traz. Agora eu sei que preciso ser perfeito. Não preciso ser o mais gato, nem o mais inteligente. Não preciso fingir outros gostos pra andar com os populares ou ser descolado.

A vida é uma roleta-russa, mas a maioria das escolhas são nossas. Você não precisa entrar nesse jogo. Claro que é mais fácil culpar o mundo e gritar com todos. Mas um dia a gente aprende a lidar com o fracasso com naturalidade.

As pessoas sempre me viram como um garoto contido e certinho. Mas falando sério, eu nunca quis passar essa impressão. Eu só quero ser o MAIS gato e o MAIS descolado. quero ser GENIAL. Não quero ser só mais um. Sei que pode parecer arrogância. Mas acho que não há nada de errado em querer ser o melhor possível.

Só de pensar que um dia não terei mais esse refúgio fico desolado. Eu não sei se tô aproveitando as oportunidade como deveria, e nem se fui justo com as pessoas que gostaram de mim. Eu sempre exigi muito de todo mundo. E mais ainda de mim mesmo. Acho que no fundo só quero ser surpreendido por algo que me faça correr sobre aquele vidro sem pensar na dor. Quero um motivo pra não tachar mais a humanidade como um bando de desalmados.

Sabe, acho que às vezes que perdi o controle e falei e agi como um idiota serviram pra me mostrar um outro lado das coisas. Eu sei que pareço um hipócrita quando digo que sou contra ilegalidades e o uso de escapismo em álcool e aliados. Afinal, não posso negar que estes são prazeres imensuráveis.

Quer saber? A vida não depende de quem somos. Amanhã eu não serei o mesmo, bem como ontem fui outra pessoa. O que importa no final é o resultado de todas as pessoas que aprendemos a ser durante a vida.

Nada nem ninguém é tão limitado quanto dizem. Nada é tão preto no branco assim. Existem muitas verdades e possibilidades a serem exploradas. Eu não to aqui pra julgar ninguém, mas acho que todos deveriam experimentar outros caminhos. Quem sabe você até encontre o seu.

Diamantezinhos, eu nunca tive sorte como amante (ou tive sorte pra caramba, depende o ponto de vista).

Eu sou um poeta, então posso desenhar com as palavras. Pintar versos dramáticos sobre o ar, e transformá-los em canção de ninar. Meu real objetivo é causar quaisquer sensações imagináveis. Só quero que você se permita sentir e interpretar minhas palavras como quiser (e puder).

Sinta raiva, medo, compaixão, afeto... E até por que não, amor. Acho que minha verdade pode ser apaixonante.

Tem muita gente que me acha insensível, e eu não os culpo. Mas aprendi que o melhor pra mim seria agir com tamanha frieza imperial. Mas cada um se defende como pode né?!


...Não há decepção maior que a vida. Sei que a morte trata-se de um reinício. Um eterno ciclo de renovação e nova oportunidade. Mas admito que será uma pena acabar com tudo isso um dia. Por mim, ficaria aqui incomodando vocês com minhas histórias inconsequentes e amarguradas (porém verídicas) pra sempre.

Como um apaixonado pela psicologia, posso dizer que não há verdade maior do que o 'fenômeno de transferência'. Mas como adolescente questionador, sarcástico, crítico e charmoso, afirmo que não há nada mais eterno do que os diamantes.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Um (a) Novo (a) Paz:

"E cada vez que uma nova história surge, dentre todo este vazio, é como se a antiga se apagasse. Eu sempre fui assim. Me adapto de acordo com seus erros... E um dia os consertarei."


É guerra! Enquanto me reerguia e unia todos os cacos que ficara meus sentimentos, decidi emoldar todas as estruturas e insensatamente alternar o curso da minha nova história. Alguns achariam besteira e simplesmente se entregariam. Mas eu não. Agora lutarei por tudo aquilo que a tempestade arrasou, junto com a minha esperança. Mergulhei num louco amor obsessivo, do qual ainda que eu falasse a língua dos anjos, não conseguiria explicar a vocês. E também, eu não sei direito aonde vou chegar com tudo isso, logo, vamos deixar rolar...


Então eles me olharam, como que questionando aquela faca que pingava uma coloração vermelha e espessa que eu empunhara ligeiramente. Eu disse "Abra meu corpo e faça uma cirurgia nele. Retire até a última camada de sobriedade impregnada, porque agora lutarei até o fim."


Dito e feito. Eu tento lembrar dos acontecimentos com maior exatidão, mas embora tenha recusado anestesia, minhas ideias se confundem com refrões de músicas.


Acho que eu tentei ignorar os ruídos lá fora, e o temporal que veio e foi num piscar de olhos. É difícil sair da sua zona de conforto e caminhar sobre o vidro. Mas agora sentindo cada caco laminando meus pés e a dor que arde em meu peito, a saída após o túnel é minha única força.


Lutarei com cada pedaço do meu corpo e cada partícula negativa da minha memória, que por anos pôs minha positividade em subterfúgio. E por cada vez que sucumbi perante a insegurança e extrema racionalidade.


...Então desatei aqueles nós que enferrujavam meus antebraços e bradei, como num uivo, pela alcateia toda: "Por muito tempo eu estive aqui. Eu até teria me jogado daquele trem por você. Fingiria que não me importo quando você bagunça tudo e desorganiza minha vida. Mas acho que esse foi o único motivo que me atraiu até aqui: todas essas imperfeições. Porque algo em mim tende a querer consertar cada estupidez que você faz, e a trocar lágrimas por sorrisos. Mas agora não! Agora é guerra!"


E como que me reerguendo e pingando suor em troca de ingratidão, vi inimigos tornarem-se amigos, e amigos jogando as armas ao chão. Não culparei suas fraquezas agora, mas aquilo foi como uma adaga cega cravada no meu estômago.


Deixarei de lado momentaneamente todo o glamour e tesão pela boemia hiper-romântica de corações palpitantes quando eu chego naquela pista de dança. Agora o momento é sério (tô tentando poxa). O garoto dourado aqui destilou as primeiras gotas do seu veneno. Já podemos até ver alguns resultados: Uma porção de estrelinhas em troca de um boa-noite-cinderela.


Descobrir do que sou capaz será como testar novas posições do kama sutra: uma confusão que pode ser interessante.


O I. me disse "Cuidado pra não absorver todo esse poder e transformá-lo em mágoa. Afinal, sabemos que ela sempre destrói qualquer império..." Mas não esquenta com isso. Rancor não faz parte do menu do dia. Que tal fritas e uma porção de sarcasmo?


Sabe aquele sorriso... Aquele capaz de findar qualquer guerra? Aquele sorriso será meu!



Diamantezinhos, agora vamos pro tudo ou nada. Vamos à batalha!!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Confissões de uma Pista de Dança -- Orientação Sexual? Nós Achamos o Amor:

Eu vou te fazer acreditar que eu tenho a chave e a solução pra todo esse vício em decepção. Vocês podem dizer o que quiser sobre má influência e atitudes desvairadas, mas no meu mundo orientação sexual não te rotula como certo/errado, bom/mau. Pelo contrário, até facilita muita coisa. É como um passaporte de diamante. Porque não importa se você é hétero, gay, bissexual ou tem uma vida transgênera. Pra gente, isso é só um termômetro de quanto você está disposto a se divertir.

Admito que já andei nos lugares errados e ingeri luzes e brilhos que fizeram uma lavagem psicodélica no meu estômago, mas nada disso tem a ver com sexo. Quer dizer, até tem, mas vocês entenderam né?!

Sabe, isso nunca fez diferença pra mim. Quando criança, eu pensei que ninguém sentiria atração por mim, fosse homem ou mulher. Mas como diria o J. "Pra quem se diz tão humilde, desejar logo os dois de uma vez me parece muita gula".

Nesse mundo eu aprendi a conviver com muitas pessoas. Garotos e garotas que vivem por aí de cabeça baixa, tendo que se esconder quando saem na rua, com medo que alguém zombe deles (ou faça ainda pior). Convivi com pessoas que tem que fingir serem outras para receber aceitação (e um lar). Pessoas que buscaram no álcool e na alegria ilícita, suas identidades. Aprendi a conviver com gente ignorada e ridicularizada, como se fossem criaturas grotescas e vazias. E ainda mais do que isso, encontrei a felicidade.

Esse mundo é um carrossel muito louco. Você tem que aprender a ceder. Nem sempre te olham como você gostaria. Se estiver com a blusa errada então... No dia seguinte estampará o blog da festa. Mas ainda assim vale a pena rir de todo esse perigo, pra no final abraçar alguém que entenda sua aflição...

Não sei quanto à vocês Diamantezinhos, mas eu não aceito qualquer coisa. Meu mundo pode ser uma embriaguês confusa e cheio de auto flagelos, mas aqui ninguém tem o direito de agredir o outro por sua natureza sexual, espiritual ou cármica.

Você já se colocou no lugar de algum de nós alguma vez? Já tentou se imaginar preso ao corpo errado? O que faria se gostasse de alguém que o mundo todo grita loucamente que você não pode gostar? E o que você faria se todos te abandonassem devido á sua condição natural, julgando isso um desvio de conduta ou caráter, ou ainda como um "safado sem-vergonha", e te definindo então simplesmente um pervertido?

Meu mundo é sim cheio de futilidades. Nele eu já usei métodos escapistas totalmente desaconselháveis, e até mesmo já perguntei (e ainda questiono) "Mas afinal quem sou eu?", mas ao menos não usamos de argumentos hipócritas ligados às religiões e Deus pra figurar um padrão agressivo de discriminação.

Definitivamente sou a favor da liberdade total de escolhar e pensamentos, mas não admito quem usa desses argumentos pra condenar a ética e pré-julgar o caráter de quaisquer indivíduo. Mostrem-me um deles e eu os ensinarei o que é ser um "safado sem-vergonha".

Ironias à parte, eu até que me saí bem. E deixo dito: Podemos sim nos orgulharmos de ser quem somos (ou estamos descobrindo ser). Não temos que esconder e temer o que há dentro da nossa alma. Não há nada de errado em buscar a sua felicidade.

Eu tenho um ego enorme, é verdade. Alguns já provaram, mas seja quem for, durante uma festa, enquanto os flashes nos dominam e a música infecta nossa carne, a única raça que eu vejo é a humana (complicada demais), e o único sexo que me importa realmente está além da compreensão.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança -- Em Busca da Vida Fácil... A Vida Certa:

Sabe, eu nunca vi um relacionamento que desse certo. Além de todos os lados negativos e as críticas que eu sempre faço de tudo, nunca vi uma relação que realmente servisse de exemplo. Acho que esse é mais um aspecto que me marcou.

Meus pais nunca tiveram uma relação muito boa. Acho inclusive que foi um erro terem ficado juntos. E também nem sei por que continuam insistindo até hoje -- Eles dizem: "Quando eu o (a) conheci, ele (ela) era diferente. Era romântico (a). Parece outra pessoa". Ora, isso eu sempre soube. No final, todos se mostram iguais. Falando sério, acho que eles nem sabem o que é amar. Enfim, então cresci nesse ambiente hostil. Não, eu não to me fazendo de vítima, tampouco usando isso pra justificar os porquês de eu ser assim. Mas talvez isso tenha me ajudado a me empurrar pra este mundo de falsa satisfação.

Eu não sei como eles suportam isso até hoje. Eu não sou mais criança. Deveriam no mínimo se separar! Bem, é o que eu faria. Se não há cumplicidade e afeto digno, não vejo o porquê de continuar.


Eu sempre fui um espectador da minha própria vida. Não consigo guiá-la como eu queria, e raras vezes pude controlá-la. Sempre acabo com a sensação de que fui derrotado. É muito difícil pra mim compartilhar meus sentimentos com as pessoas. É como se eu estivesse me desarmando, e eu não gosto de me sentir indefeso. Não suporto a decepção.

Foi assim que eu caí de paraquedas nisso tudo. Meio sem querer fui nadando nesse imenso oceano, até não conseguir dar braçada alguma. Achei que já tivesse me afogado e findado esse tempo, mas parece que sempre há uma maré ainda pior que a última.

Desde o dia em que me tranquei no quarto e a escuridão engoliu os meus olhos, senti-me abarcado. Eles não me entenderiam se eu tentasse explicar. Eles nunca entenderam. Mas tudo que eu queria mesmo eram aquelas lâminas que serpentearam meu medo, como num rio de sangue. E após correr até que o cansaço me abatesse, me vi sob o conforto único das estrelas.

Cansado de presenciar o infinito vazio, desejei com todas as forças uma solução incondicional. Algo que me arrebatasse... Ou alguém.

Sei que parece uma enorme besteira...
Mas Diamantezinhos, cuidado com o que desejam!



"Vida fácil, é só o que eles querem.
Eu vi jovens morrendo em busca da vida fácil.
Eu não quero correr riscos, só quero o que me prometeram.
Só quero uma vida mais fácil."

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança -- Um Dia com a Verdade Infernal:

O caminho para o inferno está cheio de boas intenções, já diria a inigualável Mad. Aproveitando essa deixa, tenho que admitir algo que vocês certamente já notaram: De todas as drogas, a que eu mais gosto é a música! Não há como negar, ela, juntamente com os tropeços de tanta gente por aí, é uma inspiração muito forte. E eu ouço muita coisa mesmo. Desde a melhor banda de indiepop alternativo The Ting Tings, até clássicos como os Stones e os garotos de Liverpool. Mas enfim, isto não tem nada a ver com os fatos de hoje.

Então vamos a eles. Por muito tempo, eu fugi da possibilidade de emendar um relacionamento sério. Acho que depois de certas decepções resolvi deletar essa possibilidade. Eu sempre almejo a perfeição, custe o que custar. E não é diferente no lado pessoal.

Bem, eu fui uma criança prematura. Mas apesar de nascer antes do tempo, tinha peso e tamanho suficientemente normais. Porém, durante a infância, tive uma série de doenças (inclusive uma rara, considerando o fato de ser criança). Também passei por duas cirurgias distintas e fiquei por dias no hospital. Várias vezes internado. Devido todo aquele medicamente (e certa pré-disposição), engordei muito.

Foi então que muitos problemas nasceram (maioria psicológicos). Sei que não há nada de errado em ser gordo (na teoria), mas é mais fácil falar do que viver. Agora adolescente, muita coisa já mudou, e ainda bem, emagreci bastante. Mas aquela sensação não mudou. Apesar de muitos dizerem o contrário, sei que ainda sou aquele garoto da infância.

Na maioria das vezes que olho no espelho, não estou como gostaria. Segundo a psicologia, isso é uma espécie de distúrbio. É como se eu visse uma imagem distorcida, sei lá. A real é que só quem foi (ou é) gordo sabe como é conviver com isso. Saber que muita gente te esnoba por causa disso, chega a ser cruel. Eu já fiz algumas besteiras pra mudar isso. Não recomendo, mas talvez tenha ajudado a melhorar de alguma forma. Passei dias sem comer e outras coisas que vocês já devem ter ouvido falar (ou podem imaginar).

Demorou muito pra que eu me tomasse as rédeas da situação. E ainda hoje tenho dias perturbadores. Porém agora, com a vaidade mais estabelecida e uma personalidade quase que 100% autossuficiente, a opinião dos outros praticamente não me fere.

Eu acho que tenho tendência a achar imperfeições e sofrer com elas, até que sejam corrigidas.

Mas no final das contas, mesmo que eu vomite até às tripas ou mutile cada pedaço do meu corpo até onde a coragem permitir, eu ainda assim serei aquele garoto no hospital, esperando os anos passarem, sabendo que terei os olhares discriminatórios de todos ao meu redor, em eterno julgamento.

E não há o que fazer Diamantezinhos!

Eu só quero que me deixem traçar meu próprio caminho pro inferno, seja ele agonizante ou fatal.




"Só quem experimenta do amor terá a chave certa pra esse labirinto, seja ela qual for."

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Confissões de Uma Pista de Dança -- Brindando um Novo Devorador:

Ano novo Diamantezinhos! A oportunidade ideal de fazer dezenas de promessas hipócritas que não cumpriremos. Passada todas aquelas superstições de Reveillón, tá na hora de cair na real, né?!

Tá bem, prometo que não pegarei pesado hoje (só hoje hein!). Eu tenho um lado em mim que tá tri sereno.

Sabe, minha família nunca teve tradição em grandes ceias natalinas e/ou união no Reveillón. Eu sempre achei isso triste. Talvez esse fato tenha contribuído pra enraizar uma certa frieza em mim.

Fim de ano me deixa melancólico e confuso. Parece que não fiz nada certo o ano todo! Ainda por cima, minha mãe escondeu as agulhas.

Mas este ano será diferente. Com o Y enterrado num passado terno, está na hora de flechar e devorar um novo coração.

Começarei o ano desenterrando um doce poema que escrevi há um tempo, quando poesias ainda me hipnotizavam e me faziam crer num mundo mais real. Espero que gostem (Mas não se acostumem!)



...Então eu disse: "Você sabe que eu vou arrasar o seu coração né?!"




"Beije-me no silêncio do escuro.
Beije-me com a dor da paixão.
Beije-me com o ardor de um ferido coração.
Beije-me agora para que o nunca torne-se sempre.
Beije-me agora com sabor de despedida inocente.
Beije-me com a força de uma tempestade.
Beije-me com falsa diretriz, em rota de insanidade.
Beije-me à beira da glória, em trovejante traição.
Beije-me com sabor de açucena, no colo da rouquidão.
Beije-me com todas suas meias mentiras e torne-me verdade.
Beije-me com desgosto, e alimente-se de luxúria e vaidade.
Beije-me como se só isso importasse.
Beije-me para esquecer os sofrimentos que te feriram.
Feche os olhos, e beije-me.
Beije-me como se fosse mergulhar na imensidão marítima de todo esse caos.
Beije-me debaixo da sacada, como amantes proibidos pela história.
Beije-me na ponte, rumo ao conto de fadas perfeito.
Beije-me com seus olhos fitos de mil cores.
Beije-me com a vingança ardendo num vulcão de rubros lábios.
Beije-me em deveras perda de razão ou memória.
Beije-me neste outono... tal primaveril.
Beije-me no calar da noite.
Beije-me num sussurro finito que vem se arrastando do cemitério.
Beije-me como se valesse a pena todos os riscos e aflitos.
Beije-me com sua ânsia de amar, para despertar-me do medo.
Beije-me então no silêncio escuro e eterno da tua alma.