quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Acorrentado ao Alter Ego:

Comemoro a bênção poética. Uno-me em mãos a todos, como laços enferrujados pela maresia, e caminhamos rumo às sombras, passo a passo. Os entre-laços que aglomeram as nações rugem como feras enjauladas e estremecem com ondas propulsoras de angústias, toda a Terra. Nada a perder, amor mal assombrado.


Tremores alucinógenos que guiam inconscientemente as histórias. A fadiga dos contos sempre narrados com a voz fugitiva do destino, guia ao frenesi todas as iras e convulsões das eras.

E deitado sobre o mesmo chão e sob o mesmo sol, o garoto com olhar abatido, distante e translúcido de uma quimera de cores que é um diamante, pesca artimanhas e recursos maléficos, mal vistos. Jogando com os próprios erros. Cálculos errantes que logo se empilham para erguer uma muralha toda de falhas. E agora cabe a ele derrubá-la, ou não.


Bendito seja aquele que facilmente deita sob o abraço de Morpheu. Porque toda vez que este garotinho sorri, parte nele sucumbe, e eu já nem sei quantos passos lhe restam. Ele é fraco, dissimulado. A sedução barganha e o envolve, como se fosse uma prostituta em busca de seu Moulin Rouge. De que adianta voar se não tens asas?


Então desperto uma vez mais. Ainda de mãos dadas (e mais do que isso, atadas) com a humanidade. Como um enorme grilhão, as pessoas se unem e formam um único exílio. Juntas. Mas individualmente vivendo suas próprias culpas, pragas, mentiras e seus castigos.

O mar e a lua eclodem uma overdose de lembranças. Agora distantes, tomadas e embebidas pelos encargos hostis da madrugada.

Permitem-me, então, um último embriagado beijo. E logo o empunho, como florete que esbanja os venenos do passado.
Pode ser clichê, mas nesta hora outro flashback me atinge...
...E a única pessoa que eu realmente beijaria, há milênios adormeceu, para não mais acordar...

sábado, 18 de agosto de 2012

O Enredo Lhe Entrega a Capa:

Sempre achei que de alguma forma, todos buscam verdades. É uma tal sede insaciável de conhecimento que aglutina o ócio da razão pensada, planejada, e que se entrega ao furor descabido de um querer instintivo.

Muitas pessoas são capazes de tudo. Rendem-se aos mais pecaminosos e enganosos desejos e ânsias, a fim de pagar preços altíssimos pela sinceridade. A questão é: E o que esperar do troco? "Ora, apenas sente-se à mesa e aprecie o jantar cósmico das almas".


Todo início se deve a um pouco de honestidade (pra variar). Ao menos consigo próprio. E eu não canso desse refrão. Porque cada vez que eu o repito, sinto como se as mentiras se tornassem verdades.

Mas realidade demais dói. Tanto para leões covardes quanto para espantalhos desmiolados e androides sem coração.
Um mundo sem fantasia é apenas um poema sem rima.
E por mais que essa busca incessante pela felicidade que nos obrigamos diariamente nos condicione a ser eternos refugiados, aceitamos as novelas e os filmes como referência máxima. Porque não há nada mais verídico do que as ficções que nos propomos a aceitar.

E embora eu quisesse esquecer as tempestades que me assustaram e as palavras que como navalhas me perfuraram, a razão as arquivaria e as estamparia com um cinismo embecado.
Aaahhh emoção, por que perderas para a razão, afinal?!


E no entanto com todas as rimas soando explicitamente atitudes rancorosas e fleumáticas, sempre há espaço para um novo instrumento em meio a esta orquestra desajeitada, desafinada e destoada.

E eu pensando que já havia finalizado a história, me deparo com um novo musicista, que como um capítulo avulso, aleatório do livro, me persegue e me fita.
Até ser rasgado... Ou acolhido.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Relato de Uma Canção, Enfim:

A vida nos deu o sol.
Alguns por ele sorriem. Outros se queimam.
Ganhamos a chuva.
Alguns se irritam e adoecem. Outros com ela dançam e cantam.
E as escolhas vão fluindo, aleatoriamente. E só cabe a nós extrair o melhor.
A vida nos deu as estrelas.
Alguns por elas se apaixonam. Outros as usam como guia.
E ainda há aqueles quem as tenha como confidentes.
A vida trouxe com ela a morte.
Alguns a temem. Outros a respeitam.
E eu a encaro como renovação teatral.
Podemos lidar com o tempo.
Alguns o gastam. Outros aproveitam.
E eu só fico esperando.
A vida é uma escola interminável, cruel.
Tem seus dias brilhantes, mas em geral nos dá tardes acinzentadas e noites prolongadas.
Mas eu ganhei você, e isso é tudo que eu poderia desejar.
Alguns pedem amor. Outros, dinheiro e fama.
Eu só queria uma música e ganhei uma inspiração infinita.
Nem sempre precisamos receber exatamente o que queremos.
As maneiras pra chegar até lá são o que importam.
E por esse labirinto, por onde quer que eu vá, eu chego a ti.
A vida nos deu um nome. Alguns o estampam com orgulho.
Outros o substituem por um apelido (um codinome) para os íntimo, ou não.
E eu escrevo o meu com o teu sorriso.
A vida não nos dá o eterno.
E por isso alguns se desesperam.
Outros sonham além do possível.
E o meu 'pra sempre' só está completo perante teus olhos.
A vida nos deu a natureza, para dela extrair a sobrevivência.
Alguns a destroem, como suicídio terapêutico e mal resolvido.
Outros a defendem, como soldados em plena guerra. Sangue tinge as matas de empáfia.
E eu retiro todo o oxigênio que preciso dos teus lábios, num beijo tácito.




Se tu quer saber, essa vida é tua!
Não cabe mais nada, porque tu preenche meu todo.
Se tu quer saber, a morte é a minha piada favorita!
Porque viver ao teu lado me dá tudo que eu poderia almejar descobrir.
Se tu quer saber, eu dedico os dias à ti.
Porque minhas noites tu já inundou com a tua presença!
Se tu quer saber, o sol já se pôs e eu continuo aqui.
Meu universo nunca mais será o mesmo.
Eu tô contente que tu chegou.
Se tu quer saber, essa canção é mesmo pra você...
Voltar pra mim.