quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Eu sou... Clive B. Capítulo Vigésimo Primeiro - Faz Meu Mapa Astral Que Eu Te Compro Uma Bailarina:

Eu vivo em 5 minutos. Sem muito o que dizer, só desenho o epitáfio erguido. Meu horizonte é noturno, eu vejo as bailarinas mergulharem do céu com o voo das corujas. As folhas enrijecem a lápide do outono. Minha vida é diário bumerangue. Trechos vazados de mil canções enfim, sem Cd, sem discoteca. Meus álbuns morrem nas prateleiras de bibliotecas quaisquer.


Por 5 minutos... Eu amo o barulho da construção, os arranha-céus que perfuram o miocárdio e as lagartixas que surfam na cozinha. Minhas paixões são rotacionais, reacionárias. Incêndio planejado, sussurro de deboche.

Pouco menos de 3 minutos e meio. Tu não gastas isso para ler, mas sim para viver. Não me elogie. A sua leitura é a minha vida. Tu me escreve enquanto eu te desenho. Eu te rasgo para poder te colar, e dessa vez nem os 2 minutos finais te farão me amar novamente, mas ainda assim eu chego mais perto, com meu sorriso comprado no boteco da esquina e te sirvo uma tequila.


Tu faz dos meus lábios o limão e o sal. Sou barman da tua beira de estrada. Cigano da tua astrologia fajuta. Por 1 minuto e meio eu te juro planetas desconhecidos, te convido pra festas de Baco e ainda alugo um flete pro nosso casamento. Cerimônia feita. O cuspe dele parecia sangue - tu sussurra. Apontando pro cerimonialista - Uma víbora de meia-idade que tosse os estragos de sábado passado.


Um brinde! 30 segundos finais. Eu arranco tua moeda, atiro contra a parede. Desafio mental lançado. Nossas mãos entrelaçam-se, como ritualistas que acreditamos ser e pagamos com nossas vidas pela vida toda que eu te planejei. Tu é viajante, boa companhia, mergulha na minha overdose e lambe meus restos.


Tu chega perto, morde meu estômago e as luzes da bailarina (aquela, voadora, linda, borboletal (cof cof) ), focam em mim. As hélices param de girar, o poeta adormece, cansado. E tu aí dançando no tempo e me reinventando com os olhos, nesse silêncio, nessa amargura, nessa ironia, nesse desinteresse.
Tu arranca meu relógio.


Beija-o.

Fim de jogo.


Por enquanto!